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Os dois únicos grupos de amigos de Museus que existem no Algarve encontraram-se ontem, pela primeira vez. O Grupo dos Amigos do Museu de Portimão visitou São Brás de Alportel a convite dos Amigos do Museu do Trajo e foi uma jornada de muitas emoções.

A manhã foi dedicada ao património industrial corticeiro algarvio, numa visita orientada pelo Grupo de Amigos do Museu de São Brás, a uma fábrica de cortiça para um contacto mais próximo com a 1ª fase da transformação desta matéria prima.

Depois do almoço – na Adega Nunes – seguiu-se um passeio cultural pela vila, guiado por Emanuel Sancho, diretor do Museu do Trajo. O percurso pelas ruas e pela história de São Brás terminou no próprio Museu, onde o grupo de meia centena de pessoas ouviu a história do edifício, com cerca de um século, e depois visitou a exposição «As Engrenagens do Tempo».

Esta mostra, integrada ainda nos 100 anos do concelho de São Brás de Alportel, fala de um período de três décadas, desde o início da século XX até 1930. Foi a época do apogeu económico e político de São Brás, mas também da I Grande Guerra, aliás recordada numa extensa e imersiva parte da exposição.

Emanuel Sancho lembrou que o Museu do Trajo é propriedade da Misericórdia de São Brás, que garante os recursos mínimos para a existência do espaço (nomeadamente pagando a três funcionários, o diretor, a rececionista e o encarregado da manutenção). Mas grande parte do dinamismo da pequena, mas aguerrida estrutura museológica deve-se ao apoio e ao trabalho dos voluntários do Grupo de Amigos do Museus de São Brás.

Depois da visita, seguiu-se assim “Uma Conversa com Amigos”. Entre chá e biscoitos, foi uma oportunidade para estreitar as relações entre os elementos do Grupo de Amigos do Museus de São Brás e de Portimão. Mas também para ouvir a música que o jovem acordeonista português Daniel e o flautista inglês Paul tinham para oferecer aos convidados, num exemplo vivo do que este museu e o seu grupo de amigos são.

 

Como salientou Vânia Mendonça, do grupo dos Amigos do Museu do Trajo de São Brás, este grupo é «um espaço aberto às comunidades, às ideias, ao que as pessoas gostavam de ver no museu que é seu».

«11 por cento da população do concelho de São Brás são estrangeiros, que encontram no Museu o seu ponto de encontro e um sítio para se integrarem». O grupo tem 1000 sócios (nem todos com as quotas em dia…), de 20 nacionalidades (incluindo a portuguesa, claro), residentes em São Brás e nos concelhos dos arredores.

Cliff Newton, presidente do Grupo dos Amigos do Museu de São Brás, disse, por seu lado, que, «enquanto estrangeiros residentes, é muito bom podermos colaborar com uma estrutura portuguesa» e até «devolver algo à comunidade onde escolhemos viver sempre ou em part time».

O Museu de São Brás acolhe e promove atividades tão variadas como concertos regulares, exposições, ensaios do grupo coral (multinacional) ou de teatro (com peças em várias línguas), ou ainda de grupos musicais, ateliês, aulas de ioga e tai-chi, grupo de bordados, uma biblioteca com livros doados, em quatro línguas.

Daniel Cartucho, presidente do Grupo dos Amigos do Museu de Portimão, manifestou a sua admiração pelo trabalho dos colegas de São Brás e fez votos para que, em breve, não só a visita seja retribuída, como possa haver mais colaboração entre ambos os grupos.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues e José Gameiro

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