A Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, perto da Raposeira (Vila do Bispo), vai ser o cenário da última ação performativa «Cozinhando na Paisagem» deste ano, marcada para manhã, domingo, 18 de Outubro, às 16h00. As marcas dos Descobrimentos e das ligações ao Norte de África são a inspiração para esta iniciativa, cujo menu é «inspirado nas entrelinhas da História e da Arqueologia».
Além do cozinheiro e artista Jorge Rocha, que concebeu o projeto e é o mestre de cerimónias, desta vez há dois convidados: Manuel Castelo Ramos, professor de história e ex-diretor do Museu da Cortiça de Silves, e o arqueólogo Rui Parreira. A entrada é livre.
Como sempre tem acontecido neste ciclo, a iniciativa começa meia hora mais cedo, às 15h30, com uma visita orientada por Manuel Castelo Ramos à Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe.
Se o mau tempo não permitir fazer a performance na rua, usando como cenário a ermida gótica, construída provavelmente pelos Templários no século XIII, onde o Infante D. Henrique terá rezado, a performance terá lugar dentro do edifício histórico, explicou Jorge Rocha ao Sul Informação.
O ciclo «Cozinhando na Paisagem integra-se no projeto PALATO e é uma ação performativa sobre sítios históricos e arqueológicos, um espetáculo gastronómico que decorre nos locais com uma paisagem em pano de fundo, abordando temáticas que colocam a Gastronomia de cada época em cruzamento com os hábitos alimentares da sociedade contemporânea.
Em cada sítio histórico, é montada uma infraestrutura improvisada, que inclui sempre uma mesa para os cozinhados, onde o artista, em conjunto com os investigadores de cada monumento, desenvolve uma ação performativa num formato talk show, cozinhando ao vivo e transmitindo em direto na Internet, assumindo os públicos físicos e virtuais como participantes no processo de criação artística.
O menu, é «inspirado nas entrelinhas da História e da Arqueologia» e por isso considera «as características únicas de cada local» e valoriza «os fatores paisagísticos, patrimoniais e sociais».
Vai ser este domingo, 18 de Outubro, que se vai montar, pela última vez este ano, a infraestrutura improvisada onde o artista Jorge Rocha e os investigadores participantes Manuel Castelo Ramos e Rui Parreira, vão cozinhar ao vivo.
Esta performance encerrará um ciclo de oito ações performativas do «Cozinhando na Paisagem» realizadas no Algarve e Alentejo durante 2015 em sítios históricos, respeitando a génese deste projeto que une a História, o Património e a Gastronomia.
Os locais onde se realizaram estas performances foram, este ano, os seguintes: Fortaleza de Sagres, Castelo de Tavira, Abrigo Paleolítico de Vale de Boi (Vila do Bispo), Castelo de Salir (Loulé), Monte Molião (Lagos), Mosteiro de Santa Maria de Flor de Rosa (Crato), Mercados de Olhão e finalmente na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Vila do Bispo).
Esta ação, organizada pelo Rizoma Lab, está integrada no DiVaM, programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos, desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Algarve, que tem como principal objetivo continuar a implementar uma dinâmica cultural nos monumentos afetos àquela entidade e aproximar as comunidades ao seu património.
Todas as sessões são transmitidas em direto em www.palato.org/transmissao, resultando num conjunto de paisagens virtuais armazenadas no Canal PALATO do site www.palato.org, sendo estas o foco da investigação artística em curso.
Quem são os convidados:
Manuel Francisco Castelo Ramos é natural de Portimão (1958) e residente em Silves. Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa (1982) e mestrado em História de Arte pela Universidade Nova, com dissertação final sobre a arte manuelina no Algarve.
É desde 1982 professor de História do Ensino Básico e coordenador do departamento de Ciências Sociais e Humanas do Agrupamento de Escolas de Silves.
Desde há muitos anos ligado à defesa do património cultural, designadamente o arqueológico e arquitetónico, integrou a Associação de Defesa do Património Histórico-Cultural de Silves e foi sócio-fundador do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves.
Nesta área da história e património, tem realizado diversas palestras e escrito variados artigos.
Em 1998 integrou como coordenador local o projeto de musealização da Fábrica do Inglês (Silves), sendo diretor do Museu da Cortiça até ao momento do seu infeliz encerramento.
Rui Parreira nasceu em Lisboa (1954) reside em Lagos desde 1997. Tem um Mestrado em Arqueologia (Universidade do Porto), Pós-graduação em Museologia (Centro de Estudos Museológicos, Lisboa), Licenciatura em História (Universidade de Lisboa).
É funcionário público desde 1976, tendo desempenhado, entre outras, as funções de conservador do Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa), arqueólogo do Serviço Regional de Arqueologia do Sul (Évora), diretor da Fortaleza de Sagres, e, atualmente, técnico superior da Direção Regional de Cultura do Algarve (Faro), onde desempenha as funções de Diretor de Serviços dos Bens Culturais.
É investigador associado à Uniarq/Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (grupo de trabalho sobre as Antigas Sociedades Camponesas).