Uma verdadeira «explosão de atividades» vai atrair este fim de semana visitantes a sete monumentos do Algarve. Haverá gastronomia, música, artes visuais, visitas guiadas, cinema e até uma viagem no tempo.
O pretexto deste fim de semana intenso de cultura na Fortaleza de Sagres, na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Raposeira, Vila do Bispo), nas Ruínas Romanas de Milreu (Estoi, Faro), na Igreja de Misericórdia de Aljezur, nos Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão) e nos castelos de Loulé e de Paderne (Albufeira) é o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se assinala a 18 de Abril em todo o país e além fronteiras.
No caso do Algarve, as atividades integram-se ainda no programa de Divulgação e Valorização dos Monumentos do Algarve (DiVaM), organizado pela Direção Regional de Cultura e que envolve 21 associações culturais de toda a região. Pode mesmo dizer-se que este fim de semana marca o arranque em força do DiVaM.
Para falar de tudo isso, o programa «Impressões», dinamizado em conjunto pela Rádio Universitária do Algarve (RUA FM) e pelo Sul Informação, teve esta semana como convidada Alexandra Rodrigues Gonçalves, diretora regional de Cultura.
«Este será o fim de semana, por excelência, do património. Porquê? Porque há uma concentração de atividades nestes dias, nos mesmos horários, em vários monumentos e com grande diversidade de propostas, desde a gastronomia às visitas guiadas, à música, atividades para crianças, guitarra portuguesa, artes visuais», explicou Alexandra Gonçalves.
Será, como disse, uma «explosão de atividades que procuram trazer o maior número possível de pessoas da comunidade, mas também visitantes, a estes lugares de memória do Algarve».
O DiVaM, que começou em Março e se prolonga até Dezembro, promovendo 58 eventos, destina-se a «valorizar crescentemente aquele património que está à nossa volta. Sem o conhecer, sem se explorar e sem partilhar, não se consegue valorizar o património. Por isso, o programa procura reforçar o conhecimento sobre a nossa cultura e o nosso património, para depois podermos partilhar com um número crescente de pessoas esta paixão que os monumentos, o património e as artes nos trazem», acrescentou a diretora regional de Cultura.
Num fim de semana em que a dificuldade será escolher entre tantas e tão diversificadas propostas, Alexandra Gonçalves sublinha que o objetivo é «abranger o maior número possível de pessoas e criar um efeito de animação permanente dos monumentos do Algarve ao longo destes dias».
Mas o objetivo não é ficar por aqui, até porque há atividades programadas ao longo de todo o ano, nem sequer é fazer eventos só a pensar nos turistas. «Tem que haver outras maneiras de levar as pessoas, mesmo as que vivem no Algarve o ano todo, as comunidades locais, a revisitar os monumentos ou a olhar de outra maneira aquele lugar, porque o monumento tem muitas histórias para contar além da data em que foi construído e o estilo arquitetónico», salienta.
Sendo este o segundo ano em que a Direção Regional de Cultura convida algarvios e visitantes a recostar-se neste DiVaM, foram feitos alguns ajustamentos, como a criação de ciclos temáticos «que, por um lado, tenham a ver com as diversas áreas artísticas, por outro com a segmentação de públicos». «Consoante os interesses dos públicos alvo, assim se procurou enquadrar as diversas atividades e eventos», de modo a «comunicar melhor o que está a acontecer e facilitar a opção das pessoas em relação àquilo a que vão assistir», revelou Alexandra Gonçalves.
Alexandra Gonçalves: «Tem que haver outras maneiras de levar as pessoas, mesmo as que vivem no Algarve o ano todo, as comunidades locais, a revisitar os monumentos ou a olhar de outra maneira aquele lugar, porque o monumento tem muitas histórias para contar além da data em que foi construído e o estilo arquitetónico»
Fazendo um balanço em relação ao ano passado, a diretora regional constata que «nem todas as atividades tiveram a mesma recetividade», mas esclarece que «algumas delas não são para abandonar pelo facto de terem tido menos presenças do que outras». É que, explica, a razão do seu menor sucesso poderia ser apenas porque «não estavam adequadas aos locais». «Nada é eterno e podemos sempre introduzir melhorias nestas visões daquilo que deve acontecer nos monumentos do Algarve».
Se o objetivo é criar maior envolvimento da comunidade com o monumento, uma das formas de o conseguir é «fazendo parcerias com Casas do Povo, escolas, municípios, procurando mais aproximação à comunidade envolvente, atraindo-a».
«Há eventos que à partida têm muita atratividade. Por exemplo, quando falamos em música erudita, o público estrangeiro, residente ou turista, está presente. Mas temos mais dificuldade em trazer os públicos da comunidade local», admite aquela responsável.
«Criar públicos é dificílimo, leva anos a fazer-se, mas é possível através destas atividades», confia Alexandra Gonçalves. Além disso, sublinha, os monumentos «devem ser lugares de fascinação». Pode e deve haver uma dimensão de educação, de aprendizagem, «mas tem que ser agradável, para reter na memória aquilo que se visitou, para que não seja uma chatice para a criança ir àquele espaço».
«É importante que as escolas levem os alunos a visitar os monumentos, mas é também importante que os pais possam fazer parte de outro projeto de educação patrimonial, que é a visita em família. Porque é que as crianças hão-de ir visitar o monumento com a escola e não com a família? Porque é que a família não vê nestes espaços locais de lazer?».
Um monumento que as famílias já adotaram como seu local de visita e lazer é Alcalar. E tudo por culpa dos Dias da Pré-História, uma recriação histórica muito voltada para as crianças e as famílias, mas atrativa para gente de todas as idades, e que este domingo, dia 19, estará de volta.
Alexandra Gonçalves: «Porque é que as crianças hão-de ir visitar o monumento com a escola e não com a família? Porque é que a família não vê nestes espaços locais de lazer?»
Alexandra Gonçalves sublinha que há uma «parceria já com alguns anos com a Câmara e o Museu de Portimão», para promover, entre outras coisas, os Dias da Pré-História em Alcalar, «que são um sucesso para as famílias e levam milhares e milhares de visitantes todos os anos ao monumento».
Mas a maior fatia dos eventos deste fim de semana especial terá lugar na Fortaleza de Sagres, que apresenta quatro propostas diferentes. Porquê esta concentração? «Porque é o ex-libris do património da região, porque temos de concentrar as atenções naquele monumento que queremos que seja Marca Património Europeu e também porque tem as condições para desenvolver alguma versatilidade do conjunto de ações que estamos a propor. Temos também uma equipa técnica em permanência na Fortaleza, o que facilita o apoio da Direção Regional aos eventos», explicou aquela responsável.
Mas as sugestões da diretora regional vão também para as visitas ao Castelo de Paderne, orientadas pelos técnicos do Museu de Albufeira ou da própria Direção Regional, para as visitas de porta aberta no castelo de Loulé, para a música na Misericórdia de Aljezur e para a «novidade» deste ano, o Banquete Musical em Milreu, «em que se combina o património oral com música e com uma exposição».
«São atividades que entre si têm muita diversidade, o que facilitará a escolha das pessoas», concluiu Alexandra Gonçalves.
A entrevista pode voltar a ser ouvida na íntegra no sábado na RUA FM em 102.7 ou clicando aqui.
PROGRAMA:
Fortaleza de Sagres – monumento nacional candidato à Marca “Património Europeu”:
>> “Auditório de Porta Aberta – uma viagem ao cinema de Sagres” (cinema) | de 18 a 22 de Abril Apresentação de filmes dos anos 60: “Henrique, o Navegador” e “Portugal comemora a morte do Infante D. Henrique”.
>> “Palato – Cozinhando na paisagem (performance) | 18 de abril | 16h00
Ação performativa sobre sítios históricos, num formato talk show no qual se cozinha ao vivo, com a participação do arqueólogo Rui Parreira e João Centeno – Rizoma Lab
A sessão será antecedida por uma visita orientada ao monumento, com início as 15h00.
Pelo Rizoma Lab
>> Concerto pelo Duo Lundú | 19 de abril | 17h00
Joana Godinho e José Farinha – canto e guitarra
Este recital viaja pelo universo da música de salão do séc. XIX, com alguns dos compositores mais emblemáticos do repertório para canto e guitarra e dando a conhecer parte do espólio da música erudita portuguesa da época
Pela Academia de Música de Lagos
>> Os Mistérios do Dr. Gaspar (teatro) | 20 de abril | 10h30
Dr. Gaspar, um mestre das ervas aromáticas, comestíveis e medicinais
Num puro gesto de abnegação e amor ao próximo Dr. Gaspar transporta na sua carroça as mezinhas, os bálsamos e os elixires das plantas medicinais e ervas aromáticas extraídas das mais profundas matas e num ato de pura magia, demonstrará o poder curativo e misterioso que a natureza encerra.
Pelo Ao Luar Teatro
Ermida de Nossa Sra de Guadalupe (Raposeira, Vila do Bispo):
>> “2 ou 3 x 7 – Artes Visuais” – Abertura do ciclo de exposições | 18 de abril | 16 h
Abertura do ciclo de exposições com trabalhos de Mariana Madeira
Pela Tertúlia Associação Sócio-cultural de Aljezur
>> “Revoluções musicais no Mediterrâneo” (concerto) | 18 de abril | 16h30
Várias expressões culturais do Mediterrâneo com Gonçalo Pescada (acordeão)
A musette francesa, os ritmos italianos da tarantela, as tradições dos Balcãs e o flamenco espanhol, entre outros, estarão bem representados pelas possibilidades técnicas do Acordeão. E claro, sem esquecer a música portuguesa de Abril!
Pela Associação Cultural Música XXI
Ruínas Romanas de Milreu (Estoi, Faro):
>>Provérbios de aperitivo e Banquete Musical | 18 de abril | 15h30
Banquete Musical é um evento verbal, musical e gastronómico, onde os patrimónios dialogam. A música servirá como aperitivo ou digestivo para a crítica social. Os provérbios vêm condimentar a acção, contribuindo para o diálogo intergeracional e para a preservação da tradição oral nas suas raízes mediterrânicas. Animação musical dos Al-Fanfare e Albano Neto com ritmos dos Balcãs, entre outros e muita alegria e improviso à mistura.
Pela Associação Internacional de Paremiologia e Associação Cultural Música XXI
Grutas Históricas de Moncarapacho | 19 de abril | 9h30
>> Caminhada pelo Cerro da Cabeça, seguindo os trilhos pedestres por entre as matas e os monumentais afloramentos calcários, até aos locais onde se encontram as grutas do Abismo e Ladroeiras, onde poderão os mais temerários fazer pequenas incursões devidamente acompanhados.
O passeio será valorizado com comentários sobre os vários aspetos de interesse das grutas e das paisagens cársicas.
Pela Associação de Estudos Subterrâneos e Defesa do Ambiente e pelo Centro de Estudos Subterrâneos de Lagos – Inscrições: ftata@cultalg.pt
Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão):
>> Visitas comentadas «Alcalar há 4000 anos» | 18 de abril | 14h00 às 16h30
Pelo Museu Municipal de Portimão e Câmara Municipal de Lagos
>> «Um dia na Pré-História» (recriação histórica) | 19 de abril | 10h00 às 16h30
Pelo Museu Municipal de Portimão e Associação dos Amigos do Museu de Portimão
>> «Desmontando a soenga» (ateliê com Sara Navarro) | 21 de abril | 10h00
Pelo Museu Municipal de Portimão e Associação dos Amigos do Museu de Portimão
Igreja da Misericórdia em Aljezur:
>> Concerto «Música de Origem Mediterrânica» | 18 de abril | 16h00
Guitarra clássica com Josué Nunes – concerto comentado
Pela Academia de Música de Tavira
Castelo de Loulé:
>> Visita ao Castelo com entrada livre | 18 de abril | das 9h30 às 18h00
Pela Divisão de Cultura da CM Loulé
>> Visitas orientadas ao Castelo | 18 a 22 de abril | das 10h00 às 17h00
Pelo Museu Municipal de Albufeira e Junta de Freguesia de Paderne