O FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, o maior evento de “world music” e outras músicas realizado em Portugal, regressa a Sines entre 19 e 28 de julho. O alinhamento de concertos é um dos mais fortes da história do evento, juntando consagrados como Hugh Masekela, Mari Boine, Béla Fleck, Oumou Sangaré, Tony Allen e Marc Ribot, a novas estrelas como Fatoumata Diawara, Bombino e Gurrumul.
Num festival que se assume desde a sua primeira edição, em 1999, como um serviço público cultural, a programação mantém como princípio orientador proporcionar aos espetadores portugueses e estrangeiros que o visitam uma imagem a cores do mundo musical, em que não há géneros nem geografias dominadores e em que os diálogos entre culturas são, cada vez mais, a forma de expressão que melhor define a contemporaneidade.
Serão 36 concertos com músicos dos cinco continentes e uma infinidade de estilos musicais repartidos por dois períodos principais: 19 a 21 de julho (primeiro fim de semana), com espetáculos no palco histórico do Castelo, e 25 a 28 de julho (segundo fim de semana), com espetáculos no Castelo e no palco do Pontal, montado junto à Praia Vasco da Gama. As iniciativas paralelas decorrem, em contínuo, entre 19 e 28 de julho, e no dia 24 de julho realiza-se um concerto especial no Centro de Artes de Sines.
Três mudanças em relação a 2011:
• Mais música no primeiro fim de semana
As noites de 19, 20 e 21 de julho, primeiro fim de semana do festival, serão este ano mais intensas, com quatro concertos, em vez de apenas três. O último concerto de cada dia, já em “after-hours”, será orientado para a dança.
• Nova localização do palco da Av. Vasco da Gama
O palco 100% gratuito junto à Praia Vasco da Gama terá este ano uma localização diferente, encostado ao rochedo conhecido em Sines como “Pontal”. A mudança deve-se às obras do Programa de Regeneração Urbana, em curso na Av. Vasco da Gama até junho do próximo ano. Estas obras na frente marítima de Sines estão a transformar a Av. Vasco da Gama num grande passeio público marítimo, vocacionado para os peões e para as atividades de cultura e lazer, beneficiando também o FMM Sines a partir de 2013.
• Um dia de música totalmente gratuito
Quarta-feira, 25 de julho, noite inaugural do segundo fim de semana, terá um formato especial, com dois concertos (um no Castelo e outro junto à praia), ambos de entrada livre.
O que tem Sines para oferecer em 2012:
• De Béla Fleck a Hugh Masekela, de Oumou Sangaré a Mari Boine, concertos com génios da música popular mundial
O programa do FMM Sines 2012 oferece ao público a oportunidade de ver alguns dos músicos mais importantes da música popular mundial, consagrados pelo público e pela crítica e com um contributo que deixa marca na história dos universos em que cada um se move.
Logo no dia de abertura, quinta-feira, 19 de julho, o Castelo é palco para o concerto com a banda do músico americano Otis Taylor, criador do “trance-blues”, blues com digressões psicadélicas, e um dos maiores inovadores do género na atualidade.
No sábado, 21 de julho, Sines recebe o encontro entre a maliana Oumou Sangaré e o americanoBéla Fleck. Oumou é uma das maiores cantoras africanas de todos os tempos e Béla Fleck, vencedor de 14 Grammys e o artista nomeado para mais categorias diferentes na história destes prémios, é um forte candidato ao título de maior banjoísta de sempre.
Logo após o concerto de Oumou Sangaré e Béla Fleck, o nova-iorquino Marc Ribot, um dos maiores guitarristas da atualidade, apresenta-se com o seu projeto mais emblemático, Los Cubanos Postizos, baseado em repertório latino-americano.
Dia 27 de julho, sexta-feira, Sines recebe a norueguesa Mari Boine, voz do povo Sami do norte da Escandinávia e uma das cantautoras mais importantes da folk europeia das últimas três décadas.
Sábado, 28 de julho, dois gigantes de África passam pelo Castelo de Sines: o trompetista e cantor sul-africano Hugh Masekela, expoente do jazz e uma das figuras morais da cultura e da sociedade do seu país, e o baterista nigerianoTony Allen, braço direito de Fela Kuti na revolução Afrobeat, que traz a Sines o seu novo projeto, “Black Series”, com a parceria do americano Amp Fiddler, teclista e cantor dos Parliament-Funkadelic.
• De Bombino a Fatoumata Diawara, de Gurrumul a Dhafer Youssef, concertos com as novas estrelas da música sem fronteiras
Mais ou menos jovens, há artistas que estão a viver um momento de plena afirmação da sua carreira e de conquista de novos públicos. Sines volta a ser um dos melhores palcos para recebê-los e apresentá-los em concertos que são, em vários casos, estreias absolutas em Portugal.
No dia inaugural, quinta-feira, 19 de julho, Sines acolhe a revelação Bombino, guitarrista e vocalista nascido no Níger, que representa a nova geração da música de tradição tuaregue, na linha de outros grandes grupos do deserto do Sahara, como Tinariwen e Tartit, que o festival recebeu em anos anteriores.
Também no dia 19, o grupo Narasirato, das Ilhas Salomão, mostra a música tradicional do Pacífico na sua estirpe mais festiva e comunicativa, capaz de envolver todos os tipos de público, como se provou com as suas presenças em grandes festivais de rock europeus como Roskilde e Glastonbury.
No dia 20 de julho, sexta-feira, o grupo instrumental finlandês Frigg traz violinos e muito mais com a sua música no estilo Nordgrass, um cruzamento entre folk nórdica, bluegrass e elementos de música celta.
Para quinta-feira, 26 de julho, já no segundo fim de semana, está reservada uma noite de estado de graça no Castelo, com a audácia dos líderes do movimento “tango de rutura”, os argentinos Astillero, a sensibilidade do músico aborígene australiano Geoffrey Gurrumul Yunupingu, “a voz mais importante da Austrália” para a revista Rolling Stone, e o charme da maliana Fatoumata Diawara, a jovem artista africana que todos querem ver, vencedora da categoria Revelação dos últimos prémios de “world music” da revista britânica Songlines.
Ainda a 26 de julho, mas já no palco do Pontal, os bósnios Dubioza Kolektiv mostram com os seus ritmos balcânicos com influências do hip hop e da música da Jamaica porque são uma das bandas mais populares da Europa de Leste.
Para o dia seguinte, sexta-feira, 27 de julho, está marcado para o Castelo um concerto a não perder com o quarteto do alaudista e cantor tunisino Dhafer Youssef, cuja estética é uma síntese entre a música árabe e o jazz europeu.
No sábado, 28 de julho, a loucura saudável do canadiano Socalled, um músico situado entre os universos da tradição judaica e do hip hop, faz-se ouvir num concerto no palco do Pontal.
O concerto final no Castelo, nesse mesmo dia, estará a cargo de Jupiter. Com uma carreira já longa, Jupiter só agora começa a ter o reconhecimento que merece fora do seu país, e promete, com a sua orquestra Okwess International, um concerto de trance congolesa no seu melhor.
• Europeus com africanos, árabes com americanos, humanos com máquinas
Se o movimento de globalização pode significar uniformização e perda de diversidade cultural, também pode facilitar diálogos criativos que não aconteceriam sem a facilidade de comunicação que temos nos nossos dias. O FMM Sines 2012 é especialmente rico nestes encontros entre tradições e realidades estéticas aparentemente distantes.
No dia 20 de julho, sexta-feira, Sines recebe o ensemble Al-Madar, um projeto da New York Arabic Orchestra composto pelo multi-instrumentista libanês Bassam Saba e quatro músicos americanos. A fusão entre as músicas árabes e a envolvente rítmica de Nova Iorque (funk, soul, rock, afro-latinidade) é a proposta.
Também no dia 20 de julho, veremos como resulta o projeto conjunto entre o tunisino Lotfi Bouchnak, um dos maiores cantores do mundo árabe, e a banda franco-italiana L’Enfance Rouge, grupo de referência do art rock europeu.
Na mesma noite, o Castelo vai dançar ao som deClorofila + Los Mezcaleros de La Sierra (Nortec Collective), cuja música representa a cultura da cidade de Tijuana, na fronteira entre o México e os EUA, juntando eletrónica e tradições do norte mexicano.
No sábado, 21 de julho, a grande música da Etiópia é celebrada através do encontro entre a orquestra suíça Imperial Tiger Orchestra e a cantora Hamelmal Abate, uma das divas daquele país africano.
Na mesma noite, naquele que será o concerto de encerramento do primeiro fim de semana do festival, o público do Castelo vai dançar ao som de Shangaan Electro, uma transformação eletrónica e supersónica da dança tradicional “shangaan” da província sul-africana do Limpopo.
No segundo fim de semana, o dia com mais cruzamentos é sexta-feira, 27 de julho, com três encontros euro-africanos a não perder: Kouyaté-Neerman, projeto nas fronteiras entre o jazz, o rock alternativo e a música tradicional, com a participação do griot maliano Lansiné Kouyaté e do músico francês David Neerman; Zita Swoon Group, banda belga liderada pelo músico Stef Kamil Carlens que se estreia em Sines com um disco concebido no Burkina Faso com os griots mandingas Awa Démé e Mamadou Diabaté Kibié; e JuJu, um dos projetos de cruzamento de culturas mais premiados da música mundial, com o britânico Justin Adams, guitarrista de Robert Plant, e o griot gambiano Juldeh Camara.
• De Dead Combo a Lirinha, música portuguesa e em português de braços abertos para o mundo
A programação do festival inclui no seu alinhamento uma dezena de concertos com música portuguesa e dos países com ligações históricas e culturais a Portugal.
Amélia Muge, uma das mais importantes cantautoras portuguesas, abre o FMM Sines 2012, na quinta-feira, dia 19 de julho, no Castelo, com o seu projeto “Periplus”, realizado em parceria com o músico grego Michales Loukovikas. No mesmo dia, sobe ao palco uma das figuras mais importantes da marrabenta moçambicana, o cantor Wazimbo.
Na sexta-feira, 20 de julho, também no Castelo, dois dos músicos mais talentosos da pop rock portuguesa, a cantora Ana Deus e o guitarrista Alexandre Soares, apresentam o seu novo projeto, Osso Vaidoso.
Sábado, 21 de julho, é o dia de um dos acontecimentos do festival: a estreia ao vivo da dupla portuguesa Dead Combo com um dos músicos que mais influenciou a sua estética musical, o guitarrista americano Marc Ribot, presente em Sines para um outro concerto, com o seu projeto Cubanos Postizos.
Já no segundo fim de semana, quinta-feira, dia 26 de julho, o dia de música no Castelo é aberto por Couple Coffee, projeto da cantora Luanda Cozetti e do baixista Norton Daiello, músicos brasileiros radicados em Portugal. Minutos depois, no palco do Pontal, atuam Uxu Kalhus, um dos grupos portugueses de músicas e danças de raiz tradicional mais poderosos ao vivo.
O septeto Diabo a Sete, uma das bandas mais importantes da folk portuguesa atual, está no Castelo no dia seguinte, sexta-feira, 27 de julho.
A Orquestra Todos, projeto com músicos imigrantes de várias origens que mostra a multiculturalidade de Lisboa, pode ser vista no sábado, 28 de julho, no Castelo.
O brasileiro Lirinha, uma das figuras da “MPB indie”, depois da sua presença em Sines em 2006 com o Cordel do Fogo Encantado, regressa com o seu projeto a solo para o concerto de encerramento do festival, no dia 28, no palco do Pontal.
• Uma noite extra, totalmente de entrada livre, com música de Itália e Cabo Verde
A programação do FMM Sines 2012 terá uma noite de música de formato especial, quarta-feira, 25 de julho, com um espetáculo de longa duração no Castelo, e um concerto no palco junto à praia, que inaugura este recinto do festival nesta edição. Ambos os espetáculos são de entrada livre.
O espetáculo no Castelo, a partir das 22h00, será realizado pelo Ensemble Notte della Taranta, que trará a Sines a essência de um dos mais importantes festivais de música popular realizados em Itália, no caso na região da Apúlia (Puglia), berço da “pizzica”, música de transe utilizada pelos camponeses para cura da picadela da tarântula (taranta). Trata-se de um espetáculo com o apoio da Fondazione La Notte della Taranta.
O concerto junto à praia, a partir das 00h30, estará a cargo de Bilan, um dos mais interessantes músicos cabo-verdianos da nova geração.
Menção ainda para outro concerto de entrada livre, no dia anterior, 24 de julho, no auditório do Centro de Artes de Sines, com a dupla americana de voz e viola Jessika Kenney & Eyvind Kang.
Iniciativas paralelas:
Em 2012, o FMM Sines volta a apresentar um programa de iniciativas paralelas, com artes, letras, ateliês, debates e sessões de DJs que enriquecem a componente de concertos do festival.
Entre 13 de julho e 29 de setembro, no Centro de Artes de Sines e Centro Cultural Emmerico Nunes, realiza-se a exposição “Shoreline – Artes Plásticas na Coleção do Ar.Co”, com obras da coleção de uma das mais importantes escolas de arte portuguesas. A exposição é inaugurada dia 13, às 18h00, e pode ser visitada todos os dias, entre as 14h00 e as 20h00. A entrada é livre. Trata-se de uma parceria entre o Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, a Câmara Municipal de Sines e o Centro Cultural Emmerico Nunes.
A Capela da Misericórdia recebe, entre 19 e 28 de julho, uma Feira do Livro e do Disco, em parceria com a livraria a das artes e a loja VGM. A feira está aberta entre as 17h00 e as 2h00 nos períodos 19-21 e 25-28 de julho e entre as 18h00 e as 00h00 nos dias 22, 23 e 24 de julho.
No âmbito da iniciativa Contos de Tantos Mundos, a narração oral estará em destaque no Centro de Artes de Sines com sessões de contos por Clara Haddad (dia 19, às 17h00), Contabandistas (dias 20 e 26, às 17h15), Thomas Bakk (dia 22, às 18h00), Paula Cusati e Fernando Malão (dia 23, às 18h00), Carlos Marques (dia 25, às 17h00) e Cristina Taquelim (dia 28, às 17h00). Todas as sessões são de entrada livre.
Ainda na programação centrada na palavra, no dia 27 de julho, às 17h00, também no Centro de Artes de Sines, realiza-se um encontro com os escritores João Tordo e David Machado, dois dos autores mais representativos das novas letras portuguesas. É uma parceria com a livraria a das artes.
Já um clássico da programação de iniciativas paralelas do festival, os ateliês para criançasdos 6 aos 12 anos regressam em 2012, com artistas do festival e não só: Narasirato (dia 19), L’Enfance Rouge & Lotfi Bouchnak (dia 20), Oumou Sangaré (dia 21), Histórias Magnéticas – Sérgio Pelágio e Isabel Gaivão (dia 23), Bilan (dia 25), Lirinha (dia 26), Kouyaté-Neerman (dia 27) e Jupiter (dia 28). Os ateliês realizam-se às 11h00, com exceção das Histórias Magnéticas, às 15h00. A participação é gratuita, mas requer marcação no balcão do Centro de Artes (tel. 269 860 080).
Para os bebés está programada a iniciativa Lullababies: Laboratório de Canções de Embalar, com Sandra Passarello, nos dias 19, 20 e 21 de julho, às 10h00, na blackbox do Centro de Artes de Sines. Os destinatários são pais e bebés, educadores de infância e professores, que se devem inscrever, gratuitamente, no balcão do Centro de Artes de Sines (tel. 269 860 080).
O ciclo de cinema documental tem este ano programados os seguintes filmes: “Agadez, the Music and the Rebellion”, de Ron Wyman (dia 20), “Os Filhos de Benkos”, de Lucas Silva (dia 21), “Banaras: Music of the Ganges”, de Yves Billon (dia 26), “The Creators”, de Laura Gamse (dia 27) e “Nôs Terra”, de Toni Polo, Nuno Pedro e Ana Tica (dia 28). As sessões, de entrada livre, têm início às 15h30, no auditório do Centro de Artes de Sines. O ciclo tem o apoio Groovalizacion e Zaradoc Films.
No dia 21 de julho, às 17h00, no Centro de Artes de Sines, partindo dos casos recentes do Sudão do Sul e dos tuaregues de Azawad, Rui Tavares (eurodeputado) e Pedro Matos (Nações Unidas) conversam sobre o tema “A criação de novos países e a ideia de identidade nacional”. A entrada é livre.
Nos dias 24 e 25 de julho, em duas sessões com início às 17h30, realiza-se o ateliê “I Hate World Music!”, uma organização da Câmara Municipal de Sines e da Unipop. Este ateliê, que parte de um texto de David Byrne com o mesmo título, vai debater as práticas de classificação de género na música e os seus efeitos sobre a própria prática musical. Para a mesa-redonda de dia 24 estão confirmadas as presenças de Manuel Deniz Silva (musicólogo), JP Simões (músico), Raquel Bulha (jornalista e apresentadora do programa «Planeta 3», da Antena 3), Afonso Cortez (investigador e editor da coletânea Portuguese Nuggets) e Marta Lança (projeto Buala).
A programação de DJs, no palco do Pontal, entre 26 e 28 de julho, às 4h00, conta com dois regressos e uma estreia. A estreia acontece logo no dia 26, com EKA [unity] presents SOUNDS LIKE CURRY, um “live act” onde as sonoridades da Índia Clássica se juntam à música de dança eletrónica. No dia 27, a dupla de DJs Irmãos Makossa traz os melhores ritmos africanos a Sines. No dia 28 (ou mais exatamente na madrugada, até ao nascer do sol, de dia 29), é ao Bailarico Sofisticado, como em edições anteriores, que cabe soltar a música do baile final do FMM Sines 2012.