O filme «A Porta 21», produzido em Olhão e dirigido pelo realizador algarvio João Marco, foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema do Porto, conhecido como Fantasporto, em competição nacional.
Este filme foi produzido pela Fury n’Dust numa co-produção com o te-Atrito, entre Fevereiro de 2012 e Agosto de 2014, ou seja, como salientou o realizador João Marco em declarações ao Sul Informação, demorou «dois anos e meio» a ser produzido.
Para já, a longa-metragem «está inscrita em perto de 40 festivais, aos quais iremos adicionar outros ao longo das semanas. O Fantasporto foi o primeiro a enviar uma resposta positiva».
João Marco: este filme «sublinha um acreditar no Cinema Português Independente»
O projeto «A Porta 21» é a segunda longa metragem do estúdio Fury n’Dust, depois de «Além de Ti», este também produzido em Faro, inserido no circuito de festivais, salas, cineclubes, distribuído pela Costa do Castelo Filmes.
Segundo João Marco, este seu segundo filme «sublinha um acreditar no Cinema Português Independente».
E independência é mesmo a principal característica desta produção: «o projeto foi produzido com dinheiros próprios. O assunto foi abordado no seio da produção e acordado que seria esse o nosso caminho. Considerámos ser de maior importância fazer um filme, ao invés de permitir que o projeto ficasse em listas para financiamentos, cujas letras se confundem, onde o sentido se perde nas eternidades que hão-de vir. Acelerámos o processo», acrescenta o realizador e também produtor.
«Durante a pré-produção, surgiram as pessoas certas para cada área de trabalho: não há coincidências. Mesmo depois, já durante as filmagens, tudo aconteceu assim. Talvez tivéssemos tido a sorte de procurar nos locais certos e de, quase naturalmente, criar parcerias e estratégias de produção com patrocínios sérios e interessados no Cinema Português», sublinha.
«A Porta 21 foi rodada com financiamentos privados, em exclusivo. Existem, claro, os apoios estratégicos das Câmaras Municipais de Olhão, Faro e Loulé. E os patrocínios, sem quais tudo seria menos simples. A Guava, marca nacional de mérito universal, que nos cedeu os sapatos para o filme. A EstúdioPT, empresa de material fotográfico, áudio e vídeo, que nos patrocinou com equipamento essencial. A Mix Art Multimédia, estúdio de gravação sediado em Tavira, cujo trabalho foi fundamental para elevar a qualidade final deste nosso filme. A sociedade do Músicos de Faro, que nos cedeu o espaço para filmagens, bem como abraçou o projeto desde o seu início. A KC Cabeleireiros, a Cristina, que nos penteou a longa metragem. Os Artistas, que nos emprestaram as salas para várias cenas. A CPE, a empresa do parque de estacionamento subterrâneo da Pontinha, que nos facilitou um dos andares para uma das primeiras cenas do filme. O Teatro Municipal das Figuras, que nos abriu todo o teatro, onde filmámos durante uns dias partes importantes do projeto», explica João Marco, nas suas declarações ao nosso jornal.
João Marco: «Durante a pré-produção, surgiram as pessoas certas para cada área de trabalho: não há coincidências»
«Na verdade, muito antes de ligar a câmara, já havia o necessário: o mar, o navio, um mapa (em forma de argumento) e a tripulação. Lançámo-nos às águas, durante mais de dois anos».
E foi assim que surgiu «A Porta 21», que é apresentado pelos seus produtores – João Marco e Tânia Silva – como «um filme neo noir, psicologicamente negro, filmado a preto e branco».
«Não obstante apresentar-se como tal – “Uma mulher sem passado, um homem sem futuro e um final em downbeat” –, tentei, ao longo da escrita do argumento, criar outros níveis de leitura particularmente interessantes para quem vê, além do olhar. Foram introduzidos pontos de vista oníricos, profundamente surrealistas, cuja estrutura se eleva através de considerações filosóficas sobre a vida e sobre o homem», conta João Marco.
João Marco: «A Porta 21 procura novos caminhos para o Cinema Português»
Filmado em cerca de 40 dias, ao longo de oito meses, «A Porta 21» é uma longa metragem que «procura novos caminhos para o Cinema Português» e quer «contribuir para a pluralidade estética da nossa cultura», salienta ainda.
Para já, ainda não há datas para a exibição do filme, além da estreia em Portugal, no Fantasporto, festival que decorre de 27 de Fevereiro a 7 de Março, no Rivoli Teatro Municipal, no Porto.