«Folha de Domingo», único jornal centenário do Algarve, é uma das 31 publicações com pelo menos um século, publicadas em todo o país, que serão homenageadas, pelo Presidente da República, em cerimónia a efetuar no próximo dia 25 de Abril.
A iniciativa de reconhecimento da Imprensa centenária portuguesa como Património Cultural Imaterial partiu da Associação Portuguesa de Imprensa (API), a instituição representativa da Imprensa de Portugal, e de imediato mereceu a adesão e apoio do Presidente da República.
Assim, no dia em que se comemoram os 43 anos de Democracia, o Presidente da República receberá, no Palácio de Belém, os representantes da API e das 31 publicações periódicas centenárias, para lhes manifestar o reconhecimento por tão longa atividade.
«A data para esse reconhecimento foi escolhida pelo seu simbolismo, uma vez que a Revolução dos Cravos, em 1974, permitiu devolver aos portugueses os direitos, garantias e liberdades fundamentais, entre elas a liberdade de Imprensa», salienta a API.
«Atendendo ao seu papel de contra-poder, a Imprensa livre sempre foi combatida pelos regimes totalitários, seja qual for a respetiva matriz ideológica e a localização geográfica», acrescenta a associação.
Daí que «conseguir manter a publicação durante mais de cem anos, vencendo as diversas crises, testemunhando guerras e catástrofes, enfrentando ditaduras e repressões de vária ordem, é uma exemplar demonstração de persistência, de coragem e de crença nos valores da liberdade de informação e na importância da Imprensa».
Uma importância, aliás, que é mesmo reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), cuja Assembleia Geral instituiu, em 1993, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a celebrar a 3 de Maio de cada ano.
Também a API entende que «a liberdade de Imprensa, através da independência e do pluralismo dos media, é fator essencial da Democracia, pelo que considera de toda a justiça este reconhecimento aos 31 jornais que se publicam em Portugal, ininterruptamente, há pelo menos um século».
O início da publicação destes jornais centenários portugueses vai desde 1835 (o Açoriano Oriental, de Ponta Delgada, já a caminho dos dois séculos) até 1917 (O Despertar, de Coimbra).
O jornal «Folha do Domingo», como recorda esta publicação na sua edição online, nasceu a 19 de julho de 1914, sob o impulso do então cónego Marcelino Maria Franco (que mais tarde viria a ser bispo do Algarve) com o apoio do bispo do Algarve da altura, D. António Barbosa Leão. Trata-se do órgão de comunicação da Diocese do Algarve.
Relação das publicações periódicas portuguesas centenárias que atualmente se editam, por ordem cronológica, com o local e o ano do início da publicação:
– Açoriano Oriental (Ponta Delgada, 1835)
– A Aurora do Lima (Viana do Castelo, 1855)
– Diário de Notícias (Lisboa, 1864)
– Diário dos Açores (Ponta Delgada, 1870)
– Mensageiro do Coração de Jesus (Braga, 1874)
– Diário de Notícias da Madeira (Funchal, 1876)
– Soberania do Povo (Águeda, 1878)
– O Penafidelense (Penafiel, 1879)
– A Voz do Operário (Lisboa, 1879)
– Jornal de Santo Thyrso (Santo Tirso, 1882)
– O Jornal e Estarreja (Estarreja, 1883)
– Jornal de Abrantes (Abrantes, 1884)
– O Comércio de Guimarães (Guimarães, 1884)
– Maria da Fonte (Póvoa de Lanhoso, 1886)
– Jornal de Notícias (Porto, 1888)
– Correio do Ribatejo (Santarém, 1891)
– Correio da Feira (Vila da Feira, 1897)
– A Comarca de Arganil (Arganil, 1901)
– O Concelho de Estarreja (Estarreja, 1901)
– Boletim Salesiano (Lisboa, 1902)
– A Guarda (Guarda, 1904)
– Folha de Tondela (Tondela, 1906)
– Cardeal Saraiva (Ponte de Lima, 1910)
– Notícias da Covilhã (Covilhã, 1913)
– A Ordem (Porto, 1913)
– Notícias de Gouveia (Gouveia, 1914)
– Folha de Domingo (Faro, 1914)
– João Semana (Ovar, 1914)
– A Crença (Vila Franca do Campo – Açores, 1915)
– O Amigo do Povo (Coimbra, 1916)
– O Despertar (Coimbra, 1917)