A Igreja Paroquial de Santiago Maior (Matriz de Estômbar), o único Monumento Nacional do concelho de Lagoa, vai criar um núcleo museológico para abrir à visita do público.
Para isso está a ser feito um trabalho de «inventariação, catalogação e manutenção do núcleo museológico», tarefa que é apoiada em 10 mil euros pela Câmara Municipal de Lagoa.
Este apoio é dado ao abrigo de um protocolo de concessão financeira e cooperação com a Fábrica da Igreja Paroquial de Estômbar, assinado esta semana entre as duas entidades.
Segundo a autarquia, esta Igreja possui, «além da beleza da animação e da arquitetura do seu interior, um acervo hagiográfico importante e outras peças que se revestem de todo o interesse». É uma riqueza que «carece de uma atenção museológica que permita a sua abertura e exposição ao público».
A Igreja Paroquial de Santiago Maior (vulgarmente conhecida por Igreja Matriz de Estômbar) foi construída na primeira metade do século XVI, sobre as ruínas da ermida de Sant’Ana.
De remota fundação, a Igreja Matriz de Estômbar foi remodelada no reinado de D. Manuel I. No entanto, o século XVIII havia de a reformar quase totalmente, conservando este templo ainda alguns sinais de épocas anteriores.
Situada no Largo da Igreja desta povoação algarvia, a Matriz de S. Tiago de Estômbar ergue-se no topo de um morro, ao qual se acede por escadório de vários patamares.
Antecedida por um adro, a imponente frontaria revela a reforma da segunda metade do século XVIII. Na fachada rasga-se um belo portal quinhentista da época manuelina, em arco de volta perfeita, enquadrado por estrutura de pedra idêntica (grés escuro local); as suas colunas apresentam decoração naturalista e curiosos e invulgares motivos antropomórficos – músicos com os seus instrumentos e figuras femininas, talhados com alguma rudeza, mas imbuídos de uma rica sensibilidade popular.
A estrutura do portal é encimada por movimentadas aletas, sobre as quais se rasga uma janela retangular, ladeada por motivos barrocos curvilíneos. A porta é flanqueada por duas janelas retangulares gradeadas.
A empena desenha linhas ondeadas, encimada por frontão curvo, pináculos e cruz latina, no tímpano do qual se inscreve um medalhão barroco ornamentado.
A fachada é flanqueada por duas torres sineiras quadrangulares, marcadas por cunhais salientes e divididas em dois pisos.
O superior é rasgado por ventanas, que apresentam cobertura curva marcada por várias urnas sobre pedestais.
O interior é formado por três naves, repartidas em quatro tramos por arcos de volta perfeita, forrados por painéis de azulejos setecentistas. As paredes laterais das naves apresentam idêntico revestimento cerâmico.
Sobre o arco triunfal e circundando um óculo, expõe-se um painel cerâmico alusivo à Ascenção. A capela-mor é totalmente forrada com azulejos setecentistas (1719), figurando episódios hagiográficos e graciosos anjos brincando. O retábulo-mor é uma composição do barroco tardio, decorado com três faustosos medalhões e ostentando num dístico a data de 1760.
É um imóvel classificado como Monumento Nacional desde 25 de junho de 1984 e integra o Inventário do Património Arquitetónico do Concelho e da União das Freguesias de Estômbar e Parchal.
«A Igreja, que fica alcandorada no cimo de uma elevação, pode ser avistada desde longe e, erguendo-se centralmente no largo que a rodeia e a que empresta a toponímia, assume uma inserção urbanística nuclear dentro da vila que se desenvolve à sua volta e pelas encostas abaixo», salienta a Câmara de Lagoa.