A inclusão de Mértola na Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial é «um marco para o futuro, uma data histórica», disse ao Sul Informação o vice presidente da Câmara Municipal desta localidade do Baixo Alentejo.
«Esta inclusão de Mértola na Lista Indicativa significa a valorização e o reconhecimento do trabalho que vem sendo feito em Mértola desde os anos 70 e 80 do século passado, nas áreas da arqueologia, da museologia, do património», acrescentou João Serrão Martins, que é também o responsável pelo pelouro da Cultura.
A Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial foi ontem divulgada pela Comissão Nacional da UNESCO. Mértola surge nessa lista, a par de mais 21 bens nacionais, onde se contam a Baixa Pombalina de Lisboa, os Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela, ou as Levadas da Madeira, entre outros.
A Comissão Nacional da UNESCO, entidade responsável pelo acompanhamento em Portugal da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, coloca assim Mértola no mapa mundial dos bens com condições para aceder à classificação de património mundial da humanidade.
«Estamos no bom caminho e este é apenas um importante primeiro passo de um processo que poderá, daqui a alguns anos, levar à classificação de Mértola como Património Mundial», disse ainda Serrão Martins.
Mas o vice presidente da Câmara mertolense salientou que, além de «validar o trabalho já feito, a inclusão valida ainda a estratégia e as ideias para o futuro». O que as entidades envolvidas nesta candidatura pretendem é, por exemplo, «dar continuidade ao trabalho já feito, com aprofundamento a nível de qualidade do produto, de mais envolvimento da população e de todas as entidades locais».
Fruto do trabalho de décadas, promovido pelo Campo Arqueológico e pelo Museu Muncipal de Mértola, no concelho há atualmente 14 núcleos museológicos, que contam outros tantos episódios da rica história desta localidade situada à beira do Guadiana e que já foi um dos mais importantes portos do Sul peninsular. «Nesta fase, queremos aprofundar o trabalho e a estratégia que propusemos à Comissão Nacional da UNESCO e que esteve na base da nossa inclusão nessa Lista Indicativa».
João Serrão Martins não sabe quando será Mértola proposta efetivamente para Património Mundial. «A lista tem, neste momento, 22 bens indicados, pelo que o processo poderá ser ainda longo». «Nós gostaríamos que fosse o mais cedo possível, mas até lá ainda há muito trabalho para fazer, com responsabilidade e visão de futuro».
Para isso, tanto a Comissão Executiva, que integra uma equipa de técnicos da autarquia nas diversas áreas – património, museus, turismo, ambiente -, bem como representantes do Campo Arqueológico de Mértola e do Parque Natural do Vale do Guadiana, como a Comissão Científica, que inclui nomes como Cláudio Torres, José Mattoso, Borges Coelho ou Fernando Varanda, continuam a trabalhar «afincadamente».
«Estamos a fazer um trabalho o mais forte e consistente possível, já dando forma à estrutura que queremos para trabalhar estas questões no futuro», concluiu o vice presidente da Câmara de Mértola, nas suas declarações ao Sul Informação.
A Comissão Nacional da UNESCO anunciou ter ficado concluído esta segunda-feira o processo de atualização da Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial, a qual inclui 22 bens e é um “pré-requisito indispensável” para candidatura de bens a Património Mundial.
O processo, conduzido pela Comissão Nacional da UNESCO, tinha começado em finais de 2013 para atualização da anterior lista que datava de 2004 e decorreu da recomendação da UNESCO de que as listas indicativas dos Estados parte na Convenção do Património Mundial sejam atualizadas a cada 10 anos.