A investigação sobre o Metoposaurus algarvensis, uma nova espécie de anfíbio carnívoro pré-histórico descoberta em Loulé, vai passar a contar com o apoio da Câmara Municipal louletana.
Para isso, foi hoje, dia 5 de Janeiro, assinado um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Loulé, a Fundação António Aleixo e a Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciência e Tecnologia, que tem como objetivo colaborar no âmbito do estudo da Paleontologia e da Geologia e na defesa do Património paleontológico e geológico do concelho, e participar, como parceiros, em projetos de investigação científica, bem como na exploração e divulgação dos seus resultados.
Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, salientou que este protocolo “insere-se numa visão estratégica de longo prazo que temos para o Município, apostando no Património como um dos eixos de desenvolvimento sustentado”.
Trata-se de “um trabalho que se quer continuado e consistente, selando assim, aqui, um compromisso para o futuro, contribuindo para a continuação da investigação, através do apoio às escavações, assim como a bolsas de mestrado e de doutoramento”, acrescentou o autarca.
A 24 de março de 2015, foi dada a conhecer ao mundo uma nova espécie de anfíbio pré-histórico, parecido com uma salamandra gigante, encontrada em Loulé. Ossos desta nova espécie, denominada Metoposaurus algarvensis, que habitou a Terra no início da Era dos dinossauros, há mais de 200 milhões de anos, foram encontrados por investigadores em rochas de um antigo lago na Penina, no interior do concelho de Loulé.
Octávio Mateus, paleontólogo que participou na descoberta e estudo da nova espécie, afirma que “esta descoberta é um exemplo de um achado de uma época da qual conhecemos muito pouco em Portugal, o Triásico, há cerca de 200 milhões de anos, altura em que viveram alguns dos primeiros dinossauros”.
Além deste paleontólogo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o estudo inclui ainda investigadores das Universidades de Edimburgo e de Birmingham e do Museu de História Natural de Paris.
As criaturas assemelhavam-se a salamandras gigantes, com dois metros de comprimento no estado adulto, tendo vivido em lagos e rios durante o Período Triásico, de forma semelhante aos crocodilos de hoje, dizem os investigadores. Os metoposaurus faziam parte do grupo ancestral do qual os anfíbios modernos – tais como sapos e salamandras – evoluíram, diz a equipa.
Apenas uma fração do local no concelho de Loulé – cerca de quatro metros quadrados – foi escavado até agora, e a equipa irá prosseguir o trabalho para descobrir novos fósseis. No local, poderá haver ossos de centenas de anfíbios que morreram quando um antigo lago secou.
A maioria deste tipo de grandes anfíbios foi exterminada durante uma extinção em massa que ocorreu há 201 milhões anos, muito antes da morte dos dinossauros. Isto marcou o fim do Período Triásico, quando o supercontinente Pangeia, que incluiu todos os continentes do mundo, se começou a dividir.
O estudo, publicado no Journal of Vertebrate Paleontology, foi financiado pela National Science Foundation, Fundação Alemã de Investigação, Jurassic Foundation, CNRS, Columbia University Climate Center e Chevron Student Initiative Fund. Apoio adicional foi fornecido pela Câmara Municipal de Loulé, Câmara Municipal de Silves e Junta de Freguesia de Salir, no Algarve.