O músico José Carlos Araújo vai dar um concerto de cravo, denominado “Musicalischer Parnassus”, na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, na Raposeira (Vila do Bispo), na próxima sexta-feira, 11 de Agosto, às 17h00.
Este concerto insere-se na quarta edição do ciclo de música antiga “Sons Antigos a Sul”, projeto anual da Academia de Música de Lagos para promoção e divulgação da Música Antiga no Algarve. “Ode a Maria” é o tema para 2017 e contará com vários ensembles de craveira nacional e internacional.
Apontado como um dos mais importantes intérpretes portugueses da atualidade, José Carlos Araújo tem desenvolvido o seu trabalho sobretudo em torno da música para tecla de autores ibéricos do período barroco e, muito particularmente, da obra de Carlos Seixas.
No concerto na Ermida de Guadalupe, serão apresentadas obras de Couperin, Duphil, Fischer, Rameau, Froberger e Forqueray.
A iniciativa conta com o apoio da “Quinta do Barranco Longo” e integra o DiVaM, o programa de dinamização e valorização dos monumentos, promovido anualmente pela Direção Regional de Cultura do Algarve.
PROGRAMA
Musicalischer Parnassus (Parnaso Musical) é o título da última colectânea de obras para tecla de Johann Caspar Ferdinand Fischer, publicada em Augsburg em 1738.
O compositor, uma das figuras tutelares da música de tecla no mundo germânico da primeira metade de Setecentos — admirado, por exemplo, pelo jovem Bach —, tinha então 82 anos e decidia dedicar uma suite deste livro a cada uma das nove Musas, filhas de Zeus (Clio, Calíope, Melpómene, Tália, Érato, Euterpe, Terpsícore, Polímnia e Urânia).
Este programa parte da obra de Fischer para explorar algumas das suas influências mais diretas, bem como para revisitar a música dos seus contemporâneos franceses: da música poética de François Couperin, Le Grand, à gravidade exuberante das transcrições para cravo das Pièces de Viole de Antoine Forqueray publicadas pelo filho, Jean-Baptiste-Antoine, e ao apogeu da tradição francesa de música para cravo representada pelas obras de Rameau.
FRANÇOIS COUPERIN (1668-1733)
Premier Prélude (L’Art de Toucher le Clavecin, 1716)
La Ténébreuse. Allemande (Livre I, 3ème Ordre)
La Favorite. Chaconne
Troisième Prélude
La Chazé (Livre II, 7eme Ordre)
Les Silvains. Rondeau (Livre I, 1er Ordre)
Huitième Prélude
La Superbe ou la Forqueray (Livre III, 17e ordre)
JOHANN JAKOB FROBERGER (1616-1667)
Tombeau fait à Paris sur la mort de Monsieur Blancrocher, FbWV 632
JOHANN CASPAR FERDINAND FISCHER (1656-1646)
Chaconne (Musicalischer Parnassus, ca. 1700)
ANTOINE FORQUERAY (1671-1745)
La Sylva (Pieces de Viole mises en Pieces de Clavecin, 1747)
La Buisson. Chaconne
JACQUES DUPHLY (1715-1789)
La Forqueray (Troisième livre de Pièces de Clavecin, 1756)
JEAN-PHILIPPE RAMEAU (1683-1764)
L’Indifférente (Nouvelles suites de pièces de clavecin, 1727)
Menuet
L’Entretien des Muses (Pièces de Clavessin, 1724)
Les Sauvages. Rondeau (1727)
Nota biográfica:
Apontado como «um dos mais importantes intérpretes portugueses da atualidade» (Jornal de Letras), José Carlos Araújo tem desenvolvido o seu trabalho sobretudo em torno da música para tecla de autores ibéricos do período barroco e, muito particularmente, da obra de Carlos Seixas.
Em Lisboa, estudou instrumentos históricos de tecla e interpretação de música antiga.
Desde muito cedo influenciado pelas perspetivas interpretativas reveladas por Cremilde Rosado Fernandes e José Luis González Uriol, a oportunidade de trabalhar, mais tarde, com ambos estes mestres viria a informar de forma muito acentuada a sua conceção e abordagem aos repertórios para instrumentos de tecla do Sul da Europa.
A parte mais importante da atividade artística de José Carlos Araújo consiste em recitais a solo, quer em órgãos históricos, quer em cravo, clavicórdio e pianoforte, dedicando-se frequentemente a repertórios raramente explorados dos séculos XVII e XVIII.
Consagrou ainda ciclos completos à música para cravo de J. S. Bach (Variações Goldberg, 2007 / Toccatas, 2010 / Partitas, 2013) e à integral de Seixas, assim como recitais em instrumentos históricos particularmente significativos, alguns dos quais veio a gravar também em CD.
Colaborou com o Teatro da Cornucópia para a produção de A Tempestade de Shakespeare assinada por Luís Miguel Cintra e Cristina Reis, em 2009.
Apresentou-se com numerosos solistas vocais e instrumentais, orquestras e agrupamentos modernos, como Alma Mater, o Coro Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Orquestra Metropolitana de Lisboa, sendo, todavia, com a orquestra barroca Divino Sospiro que tem vindo a trabalhar mais intensamente.
Com este agrupamento, sob a direção de Massimo Mazzeo, gravou as Siete Palabras de Cristo en la Cruz de García Fajer e o Stabat Mater de José Joaquim dos Santos para a editora Glossa.
José Carlos Araújo dedicou-se ainda ocasionalmente à música para órgão e cravo de autores do séc. XX, em particular Luiz de Freitas Branco, Armando José Fernandes e Clotilde Rosa, que tocou com o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa e o Ensemble MPMP. Gravou para a RTP e para a RDP – Antena 2.
Em 2004, foram-lhe atribuídos o Primeiro Prémio e o Prémio do Público no concurso Carlos Seixas, pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Inaugurou o selo discográfico Melographia Portugueza (MPMP) em 2012, com os primeiros CDs da primeira gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas.
Deste projecto estão já disponíveis 7 CDs, gravados em instrumentos históricos, alguns dos quais em estreia discográfica.
Licenciou-se pela Faculdade de Letras de Lisboa, onde estudou Filologia Clássica. É atualmente investigador do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, onde tem vindo a trabalhar na primeira tradução em português das Epistulae de Plínio e, em parceria, dos Facta et Dicta Memorabilia de Valério Máximo.
Publicou estudos sobre Filologia Clássica e apresentou comunicações a congressos de Estudos Clássicos e Comparatistas. Colabora regularmente em Euphrosyne – Revista de Filologia Clássica.