Júlio Martins Negrão, um autodidata de espírito inquieto, fervoroso defensor republicano e enamorado pela história de São Brás de Alportel e das suas gentes, cedeu o seu espólio à Câmara Municipal de São Brás de Alportel, numa cerimónia que teve lugar na sexta-feira, integrando as comemorações do Centenário do Concelho.
Júlio Martins Negrão, nascido em 1930 e natural de São Brás de Alportel, desde cedo escutou os relatos vivos e emocionados dos são-brasenses que viveram os primeiros anos de existência do Concelho.
«Invadido desde sempre por uma sede insaciável por conhecimento, por saber mais e mais sobre a história dos sítios, sobre os hábitos e costumes das gentes e em especial pela terra do seu coração, São Brás de Alportel, Júlio Negrão folheia com enorme carinho os seus bens mais preciosos, os livros, os jornais, as revistas, que coleciona desde tenra idade», salienta a autarquia, em nota de imprensa.
Trata-se de «uma riqueza cultural inestimável, constituída por registos escritos e relatos orais de memórias de outros tempos, que vem agora partilhar com a comunidade são-brasense, mediante a cedência do seu espólio ao município».
A cerimónia da cedência do espólio contou com a presença de Júlio Negrão, de Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal, da vice-presidente Marlene Guerreiro, do presidente da Junta de Freguesia, David Gonçalves, bem como muitos são-brasenses que se juntaram a esta sessão.
Coube a Luís Guerreiro, destacado estudioso da história e cultura regionais, a apresentação do doador do espólio que testemunhou a entrega de uma vida aos ideais republicanos e a dedicação ao concelho de São Brás de Alportel.
O autarca Vítor Guerreiro encerrou a sessão enaltecendo o gesto de Júlio Negrão: “é esta atitude altruísta, esta vontade de preservar e valorizar o passado, esta capacidade de amar a sua terra de forma desinteressada, que caracteriza Júlio Negrão. Este importante legado, que tem sido ao longo dos anos alvo de consulta por inúmeros investigadores, será acarinhado e protegido da melhor maneira possível, levando para o futuro informações fidedignas sobre as raízes e identidade culturais são-brasenses”.