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Há Manuel de Sousa Coutinho, Madalena e o Romeiro, mas também frases de Natália Correia, Eduardo Lourenço ou José Gil. É, por isso, um Frei Luís de Sousa contemporâneo aquele que a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve levará ao palco do Teatro Lethes, em Faro, a partir desta quinta-feira, 29 de Novembro, numa peça que também critica a falta de apoio à cultura. 

Enquanto o espetáculo não estreia, o núcleo de atores (Glória Fernandes, Luís Vicente, Bruno Martins, Sara Mendes Vicente, Paulo Moreira e Miguel Martins Pessoa) está numa azáfama de ensaios no Lethes.

O Sul Informação acompanhou um deles, para poder perceber do que falará este Frei Luís de Sousa. 

A ação decorre durante um ensaio de uma companhia de teatro de fracos recursos económicos, que tenta levar à cena precisamente a peça «Frei Luís de Sousa».

Só que, durante os ensaios, o intérprete da personagem Manuel de Sousa Coutinho, sem querer, deita fogo ao cenário.

Dentro do caos que se gera, e perante a fuga de alguns atores e do coro, o encenador congemina uma solução para prosseguir com o seu projeto.

Como explicou Luís Vicente, diretor da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, «a partir daí, constrói-se uma outra realidade, de reflexão da nossa contemporaneidade, feita a par da narrativa do Frei Luís de Sousa».

Nesta peça, o diretor da ACTA é Vasco Teles, precisamente o encenador da companhia que, apesar dos contratempos, não desiste de levar por diante o desejo de exibir a peça escrita por Almeida Garrett no século XIX.

E esta é uma metáfora usada como «crítica política» perante realidades vividas pela própria ACTA: a falta de apoio financeiro às artes, os critérios utilizados para a atribuição de apoios e tantas outras vicissitudes que afetam o trabalho das companhias artísticas, mas não as fazem desistir.

Para o diretor da ACTA, fazer esta peça era «uma ideia já antiga». «Agora, surgiu a oportunidade de lhe dar um registo de contemporaneidade, colando-lhe alguns dos problemas dos nossos dias, como as questões da nacionalidade».

«Pensámos, eu e o Alexandre Honrado, que a melhor forma de o fazer seria a partir da catástrofe que é inerente à peça do Garrett», explicou Luís Vicente.

Em paralelo, houve a preocupação «de selecionar os aspetos que, no Frei Luís de Sousa, mais são abordados quando a obra é lecionada na escola». «Esta não é uma peça só para nosso regozijo artístico e estético: também atendemos a essa realidade das escolas», explicou Luís Vicente ao Sul Informação. 

É, assim, um Frei Luís de Sousa invulgar aquele que estará em cena no Teatro Lethes, revisitando, com um olhar contemporâneo, a emblemática peça de Almeida Garrett.

Prova disso é o facto de a trama terminar ao som da música “Queixa das almas jovens censuradas”, onde José Mário Branco canta um poema de Natália Correia.

“Frei Luís de Sousa” vai estar em exibição até 26 de Janeiro. Às quintas e sextas-feiras, os espetáculos são às 15h00, ao passo que, aos sábados, são às 21h30. Por fim, aos domingos, «Frei Luís de Sousa» sobe ao palco às 16h00.

Os bilhetes custam 10 euros, valor que baixa para 7,5 para menores de 30 anos e maiores de 65. Se quiser, pode comprar ingressos aqui. 

 

Fotos: Pablo Sabater | Sul Informação

 

 

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