O Cineteatro Louletano encheu para ver a escritora Lídia Jorge receber, ontem, a Medalha de Honra do Município de Loulé. Ao Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, presente na cerimónia, coube a tarefa de entregar a distinção à natural de Boliqueime, de quem disse ser admirador. “Tenho dificuldade em exprimir a alegria que sinto”, confessou a escritora.
Palmas e muitos sorrisos. Foi este o ambiente dominante da cerimónia de entrega da Medalha de Honra do Município a Lídia Jorge. Além da escritora e de Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Câmara de Loulé Vítor Aleixo completou o trio que ocupou o palco do Cineteatro. “Esta distinção é um pequeno tributo pelo muito que tem feito por nós”, disse Vítor Aleixo. E, emocionado, complementou: “Lídia Jorge representa a expressão e o sentimento de uma comunidade”.
Depois de já ter sido galardoada com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata, em 1993, a escritora, natural de Boliqueime, foi agora distinguida com o louvor mais alto do Município. “Esta é uma distinção muito especial para mim. Nunca minimizei – nem escondi – que sou natural do Algarve, filha de camponeses do Sul. Sempre me mantive fiel a esta terra”, confessou Lídia Jorge.
Sempre com o olhar focado em Marcelo Rebelo de Sousa, a escritora falou, como não podia deixar de ser, de literatura. “Há uma relação direta entre o grau de leitura e o nível de participação dos cidadãos. Em Portugal, em termos de iliteracia, vivemos, ainda, em patamares muito recuados”, avisou. E o Presidente da República acenou-lhe com a cabeça.
Marcelo sentiu que não podia faltar. “Há momentos na vida em que temos a intuição de que temos de fazer algo”. A presença na cerimónia de entrega da distinção a Lídia Jorge foi um deles. Marcelo disse-o. Para o Presidente da República, ficou destinada a última intervenção. Com o à-vontade que lhe é conhecido, disse sentir-se sensibilizado com a humildade com que Lídia Jorge partilhou o seu galardão com o marido, Carlos Albino.
Devido às muitas palmas, Marcelo teve de fazer uma pausa no discurso. Mas não deixou de sorrir. Mal pôde, concluiu: “Só os grandes do mundo conseguem – e são – humildes”.