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Feira Medieval de Silves - MMazurek (49)Ibn Qasi, figura central da história de Silves, é a personagem em destaque na 13ª Feira Medieval da cidade, que começa na próxima sexta-feira, 12 de Agosto, e se prolonga até dia 21. Em cada dia, dos dez do certame, será recriado um evento da vida do «mestre errante que o destino venceu».

Nascido em Silves, Ibn Qasi terá vários dos momentos marcantes da sua vida a ser agora recriados na Feira Medieval, com destaque para o seu nascimento, a difusão do muridismo, doutrina islâmica que criou, passando pela ascensão a senhor de Silves e pelo seu assassinato, em 1151.

Para tal, «elementos como a dança, a música e a poesia são fundamentais neste cenário, mostrando a vitalidade e a diversidade das artes no quotidiano árabe medieval», adianta a Câmara de Silves. 

Em entrevista à RUA FM, Pedro Garcia, responsável pela área da animação da autarquia, explicou o porquê desta escolha: «apesar de o tema não ter muito a ver com o ambiente festivo da Feira Medieval decidimos escolhê-lo porque o Ibn Qasi é uma personagem incontornável da história de Silves».

Num ambiente de festa, o facto de o tema da Feira Medieval ser mais ligado à meditação e à religião não é um contrassenso, para Pedro Garcia. «Vai haver um contraste interessante», garantiu.

 

Programação:

1º Dia | 12 de Agosto – Ibn Qasi: nascimento, tragédia… E uma nova espiritualidade

2º Dia | 13 de Agosto – Ibn Qasi e a pregação do muridismo: nasce o Mestre

3º Dia | 14 de Agosto – Ibn Qasi, o Mahdi…

4º Dia | 15 de Agosto – Ibn Qasi: determinação e insurreição

5º Dia | 16 de Agosto – Ibn Qasi: ascensão e queda

6º Dia | 17 de Agosto – Ibn Qasi: conquista e poder

7º Dia | 18 de Agosto – Ibn Qasi: triunfo e glória plena

8º Dia | 19 de Agosto – Ibn Qasi: alianças e desalianças

9º Dia | 20 de Agosto – Ibn Qasi: finalmente senhor de Silves

10º Dia | 21 de Agosto – Ibn Qasi: definitivamente o encontro com Alá

 

Quem foi Ibn Qasi?

Ibn QasiNatural de Silves, Abu-l-Qasim Ahmad ibn al-Husayn ibn Qasi era provavelmente um muladi, ou descendente de cristãos convertidos, de origem romana, dado que se pensa que o seu nome de família viria do romano Cassius.

Funcionário da alfândega de Silves opta por uma vida de meditação e recolhimento, entregando metade dos os seus bens aos pobres e refugiando-se numa Zauia ou Azóia onde inicia um caminho na busca de Deus, fundando uma confraria designada por Movimento Muridíno.

Essa Zauia daria origem ao famoso Ribat da Arrifana, em Aljezur, que constrói com a restante metade dos seus bens, e que se torna sede da sua Cavalaria Espiritual, e incluía uma mesquita, celas para os seus discípulos e cavalariças.

Os Muridínos tornam-se na força dominante da região, e acabam por conquistar o governo da taifa de Silves, de todo o Algarve e baixo Alentejo, por volta do ano 1144, combatendo para isso a família dos Banu Al-Mallah e os Almorávidas.

Ibn Qasi estabelece uma aliança com D. Afonso Henriques, que este simbolicamente sela oferecendo-lhe um cavalo, um escudo e uma lança, e que será a primeira estabelecida na Península entre muçulmanos e cristãos.

Esta aliança constitui a prova de que Muçulmanos e Cristãos gnósticos se encontram irmanados pelos mesmos ideais de tolerância e fraternidade e em clara oposição aos radicais de uma e outra religião.

Apesar de ter tido algum apoio dos Almóadas na sua guerra contra os Almorávidas, o poder de Ibn Qasi constitui um entrave à unificação política do Gharb Al-Andalus por esta facção Berbere e um desafio ao Islamismo ortodoxo e fanático profetizado por Ibn Tumart e Abdel-Mumen.

Ibn Qasi foi assassinado à traição em 1151 pelos Almóadas.

O movimento Muridine ainda manteve uma praça durante alguns anos, Tavira, governada por Ali Ibn Al-Wahibi, atacada pelos Almóadas dia e noite a partir de Cacela, a qual só foi conquistada quando o próprio Abdel Mumen comanda em 1167 uma força vinda de Marrocos.

(Fonte: Frederico Mendes Paula, no blogue Aventar)

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