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margarida tengarrinha_1Margarida Tengarrinha é a vencedora da primeira edição do Prémio Regional «Maria Veleda», anunciou a Direção Regional de Cultura do Algarve, que promove o galardão.

O júri analisou, na passada sexta-feira, dia 10 de Outubro, as 11 candidaturas recebidas para o Prémio Regional «Maria Veleda» 2014, tendo, por unanimidade, deliberado atribui-lo a Maria Margarida Carmo Tengarrinha Campos Costa, mais conhecida como Margarida Tengarrinha, por «considerar que sua atividade cívica no desenvolvimento social do Algarve, o seu percurso cultural ligado às artes visuais, à investigação e à história da região, assim como toda a sua participação na formação democrática de Portugal ao longo de toda a sua vida, a tornam protagonista de uma intervenção particularmente relevante na cultura do Algarve, cumprindo-se assim o objetivo deste prémio».

Margarida Tengarrinha, em declarações ao Sul Informação, disse-se «espantada» com a atribuição do prémio, já que, «pela minha ligação ao Partido Comunista, pensei que o júri não me escolhesse». Aliás, a galardoada fez questão de elogiar a «isenção do júri».

Apesar de «espantada» por ter sido a escolhida, a escritora, pintora, investigadora e membro da DORAL do PCP disse já saber que tinha sido nomeada, «porque me tinham ligado a pedir elementos biográficos».

«Mas nunca mais pensei nisso e não achava que pudesse ganhar», garantiu. De qualquer modo, Margarida Tengarrinha disse-se «satisfeita», sobretudo porque a figura que inspira o prémio, Maria Veleda, «é uma das mulheres algarvias e portuguesas que mais admiro».

«Das republicanas da 1ª República, a Maria Veleda é, de longe, a mulher que mais admiro, por ser uma mulher que tinha consciência política profunda, em relação ao que devia ser a República – e que não foi… -, mas também por ser uma mulher que atuou, junto dos órfãos, organizando o auxílio às mães solteiras. Era uma republicana extraordinária, foi uma das primeiras revolucionárias portuguesas conscientes, ao ponto de ter atuado», considerou, nas suas declarações ao Sul Informação.

Reunião do júri
Reunião do júri

Ou seja, pelo seu passado de resistente anti-fascista, que trocou a vida confortável de filha de uma família burguesa de Portimão pela perigosa vida na clandestinidade, lutando contra a Ditadura, bem antes do 25 de Abril de 1974, Margarida Tengarrinha revê-se um pouco na figura que inspira o prémio.

Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve e, nessa qualidade, membro do júri, disse ao nosso jornal que a escolha de Margarida Tengarrinha foi «uma excelente decisão».

«Foi por unanimidade e é uma pessoa a quem o Algarve já devia ter demonstrado o seu reconhecimento. A sua intervenção cívica foi muito abrangente, tendo tido um papel relevante na defesa da região, das suas tradições, do seu património, da sua arte. Os seus 80 anos de vida têm sido de uma enorme riqueza em muitos domínios da sociedade e considero-a mesmo uma personalidade nacional. Como mulher, foi também muito audaz, pois assumiu funções políticas numa altura em que não era comum, tendo sido uma voz ativa também na igualdade de género e de oportunidades», acrescentou.

Por isso, concluiu Alexandra Gonçalves, esta escolha «insere-se totalmente no espírito do Prémio e dá-lhe a credibilidade para a sua continuação».

O Prémio Regional «Maria Veleda» foi instituído pela Direção Regional de Cultura do Algarve para destacar e reconhecer a atividade cultural de personalidades algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na Região e, também dar um contributo à medida «Mulheres Criadoras de Cultura», preconizada no V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e não Discriminação, a decorrer no período 2014-2017.

margarida tengarrinha_2O Júri, com um mandato de dois anos, é constituído por Alexandra Rodrigues Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve, que presidiu à reunião, Ana Paula Amendoeira, diretora regional de Cultura do Alentejo, António Branco, reitor da Universidade do Algarve, Idálio Revez, jornalista, José Carlos Barros, arquiteto paisagista e poeta, Lídia Jorge, escritora, Mirian Nogueira Tavares, diretora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UAlg, Natividade Monteiro, investigadora, e Paulo Cunha, professor de música.

Na reunião decisória, o Júri esteve reunido com sete dos seus nove membros, tendo António Branco e Mirian Tavares produzido, cada um deles, um parecer geral sobre as candidaturas, com a indicação expressa do sentido de apuramento da personalidade a destacar, os quais foram lidos pela Presidente do Júri.

A Direção Regional de Cultura do Algarve felicita, também, os restantes candidatos pelos projetos e ações que cada um tem concretizado e que em muito têm contribuído para o desenvolvimento cultural do Algarve.

A entrega do galardão, que este ano de 2014 tem uma dotação de 5.000 euros e uma medalha comemorativa, da empresa de cortiça Pelcor que assim se associa ao Prémio Regional «Maria Veleda», está prevista para o próximo mês de novembro, em espaço e data a anunciar brevemente.

 

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