«Cenas Maradas», o primeiro livro de Fátima Peres, vai ser lançado no sábado, 18 de Outubro, às 16h00, no auditório da Caixa de Crédito Agrícola, em Monchique, a dois passos do seu local habitual de trabalho, a Rádio Fóia.
Lançado pela editora algarvia Arandis, este livro de estreia é apresentado como não sendo «prosa, nem poesia», antes como «um meio caminho entre dois estilos». É sobretudo «uma obra escrita com o coração e que marca a estreia da “menina da rádio” no mundo das letras».
«Fui escrevendo, tudo para mim é motivo para escrever», disse Fátima Peres ao Sul Informação.
«Às tantas, tinha já seis mil e tal cenas maradas escritas. Mas não vou publicar tudo, algumas eram coisas demasiado pessoais», acrescentou.
Ainda assim, garantiu, «tudo aquilo que lá está eu passei!».
Numa espécie de «diário da alma», a autora partilha as pequenas vitórias e batalhas do dia a dia. Palavras que falam de amor e de sonhos, de tragédias e perdas, de amigos que chegam e que partem.
Num livro muito intimista, Fátima Peres consegue fazer das suas memórias e vivências uma ponte para o leitor. Cada pequena cena marada, ainda que por vezes dolorosa, carrega sempre esperança e impele à continuidade da jornada.
Mulher de fé e de garra, Fátima Peres partilha convicções e tormentos, assume os avanços e recuos na luta contra a doença, lembra ao leitor o bálsamo que pode ser o simples rumor do mar ou a brisa que sopra entre as árvores.
A mais velha de oito irmãos, numa família de mãe indiana e pai lisboeta, desde muito cedo que a autora descobriu refúgio nas palavras.
Aos seis anos, mal aprendeu a ler e a escrever, passou a fazer das histórias imaginadas a sua brincadeira preferida. As ligações familiares traziam-na todos os Verões para Lagos, para onde acabou por se mudar há mais de três décadas.
Embalada pelo “boom” das rádios piratas, estreou-se aos microfones da conhecida de então “Rádio Valverde” de Lagos, mas foi noutra estação local da cidade, na Atlântico Sul, que desabrochou.
Responsável por emissões que marcaram uma época, as suas características de comunicadora fizeram com que quase três décadas depois, Fátima Peres seja a última da sua geração ainda ligada ao mundo da rádio. Um talento raro, aliado a uma conversa doce e fácil, tornaram a carismática locutora da Rádio Fóia numa referência.
O espírito crítico e irrequieto é seguido por muitos admiradores, através dos seus comentários nas redes sociais e das suas crónicas no jornal Correio de Lagos.
A qualidade profissional e a generosidade com que se entrega a causas sociais têm merecido o reconhecimento de várias entidades por todo o país. De tal modo que, em 2010, conseguiu a proeza de ser homenageada onze vezes, do Minho ao Algarve.
«Cenas Maradas» é, assim, mais um gesto de generosidade de uma mulher que assumidamente gosta da vida e encontra no bom e no mau de cada dia a energia para continuar a partilhar lágrimas, sorrisos e acima de tudo, esperança.
Numa altura em que já amadurece o projeto de um segundo livro, a obra de estreia de Fátima Peres, chega às livrarias neste mês de Outubro. Este primeiro livro conta com ilustrações de Luís Peres, Gabriela Eufrásio, João Sena, Fernando Lobo e Victor Borges.
Quanto ao próximo livro, e levantando apenas uma pontinha do véu, Fátima Peres revelou ao Sul Informação que se vai chamar «Interpretar Silêncios».