Um novo núcleo do Museu de Mértola vai ser inaugurado esta terça-feira, dia 29, às 18h00. Trata-se do núcleo instalado na cave da antiga sacristia da Igreja daquela vila do baixo Alentejo.
Segundo a Câmara Municipal de Mértola, a criação de mais este núcleo museológico resulta de «uma profícua relação entre arqueologia, arquitetura e museografia, levada a cabo pelas equipas da Autarquia e do Campo Arqueológico de Mértola».
As diversas fases da intervenção arqueológica no patamar exterior deste monumento, realizadas entre 2003 e 2014, trouxeram à luz importantes vestígios dos templos anteriores à atual Igreja, cuja musealização permitirá levar o visitante numa interessante viagem ao passado e à evolução histórica do local.
«Todas as civilizações conservam ou procuram proteger a memória dos seus lugares sagrados. Assim aconteceu neste lugar, onde comprovadamente existiu um templo romano, numa última fase consagrado ao culto imperial, que, por volta do século VI d.C., foi substituído por uma igreja cristã.
Mais tarde, com o crescimento da comunidade muçulmana, este templo cristão, como sucedeu noutros locais da região, foi certamente partilhado por cristãos e muçulmanos até à construção de uma mesquita de estilo almóada em meados do século XII d.C.
Em 1238, os novos senhores de Mértola, sob o comando da Ordem de Santiago, cristianizaram o templo entaipando o mirhab e instalando o altar-mor na parede virada a norte», explica a autarquia.
Em 1482, a Ordem de Santiago ordenou a construção de uma sacristia que já estaria concluída em 1509. No edifício da Igreja só em 1532, quando os velhos madeiramentos dos telhados ameaçaram ruína, seria construído o atual sistema de abóbadas, voltando o altar a ser colocado no local que lhe era devido, virado a oriente, no sítio mais sagrado da antiga mesquita.
A construção das abóbadas e do grande arcobotante levou à substituição da sacristia por uma maior que assentava numa semicave, dividida em dois compartimentos.
Nos anos 40 do século XX, as obras de restauro levadas a cabo pela DGMN, com o objetivo de valorizar a fachada do mihrab da antiga mesquita, destruíram este edifício.
A criação do núcleo museológico na cave da antiga sacristia «transforma-se em local de memória através do próprio projeto de arquitetura e museografia que, respeitando a carga histórica do local, coloca em evidência as marcas da passagem do tempo».
A intervenção foi financiada pelo Programa Inalentejo e pela autarquia, representando um investimento total de 198. 231 euros.