Os Monumentos Megalíticos de Alcalar, na Mexilhoeira Grande (Portimão), recebem uma performance de dança e música arcaicas no próximo sábado, dia 8 de Outubro, às 15h00, no âmbito do projeto «Mátria – o corpo antes da história».
Vera Eba Ham será a dramaturga e performer, com música, realização de vídeo e sonoplastia a cargo de Carlos Alberto Cavaco. Já o apoio científico é de Ricardo Soares e o apoio à produção local é Rizoma Lab.
«As performances de dança e música sobre o corpo e a pré-história incidem sobre as forças arcaicas do corpo humano, experimentando a força original da paisagem no ser humano e a resposta deste à paisagem, numa viagem sensível à matriz da cultura humana e no questionar e buscar a relação primordial do homem com as noções do Corpo, da Natureza e do Sagrado», explica a Direção Regional de Cultura do Algarve.
As performances terão um percurso itinerante pelo espaço, apropriando-se de vários recantos, vestígios, explorando as condições e elementos da paisagem.
No final, performer, músico e imagens, «afloram o essencial, primordial e transversal do movimento, da expressão e da presença humana, desenhando uma ponte entre o passado desconhecido e imemorial e o presente vivido».
Com o apoio do Museu de Portimão, esta é uma iniciativa integrada no DiVaM, o programa de valorização e valorização dos monumentos, promovido pela Direção Regional de Cultura do Algarve.
Projeto «Mátria – o corpo antes da história»:
Com organização do Rizoma Lab Associação Cultural, este projeto «Mátria – o corpo antes da história» tem como objetivo final a criação de um vídeo de dança de cerca de 20 minutos, com imagens recolhidas em vários locais com interesse pré-histórico, em Portugal.
O processo criativo da performance de dança será feito em espiral e sobre as forças arcaicas do corpo humano: os pés, a coluna vertebral, as mãos, a gravidade, a face, a verticalidade, os cabelos, os sentidos, a voz.
O corpo antes da História é uma viagem sensível à matriz da cultura humana – mas muito especialmente da cultura humana em Portugal.
Com a intenção de partilhar com o público o processo criativo, serão feitas performances-marcos, que serão filmadas. Assim sendo, Mátria é um projeto que inclui três fases: em primeiro lugar, performances ao vivo durante o processo criativo.
Depois, a recolha de imagens de dança/corpo em locais e paisagens de interesse pré-histórico em Portugal. Por último, a exibição do vídeo final com imagens recolhidas em todos os monumentos de interesse.
Performance:
Andamos nesta Terra há pelo menos 1 500 000. Nós, humanos,
nascemos Nela, e sempre a Ela regressamos.
Quero conhecer esta Terra onde me deito, esta Terra onde me movo e
acordo.
Antes da História, das histórias, quando só havia Ela e os seus lugares
prediletos, os lugares onde Ela se encontrava connosco em amplo
espasmo e derramar
Mátria. Quero desmembrar-me como a Ti desmembrámos, e voltar a
amassar-me nos lugares onde ainda nos esperas, Inerente e
Primordial. Antes da História estavas Tu – nos meus pés, na minha
face, nos meus orifícios, na gravidade que me acolhia. Nas minhas
mãos, nas minhas vértebras e na vertical humanidade de mim. Tu
estavas nos meus cabelos – Tu eras os meus cabelos, abertos e
espraiados como grãos de Ti, matriz de tudo o que poderá ainda
existir.