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basilica lyonO imponente presépio composto por mais de 300 figuras históricas que a Diocese de Beja levou a Lyon (França) já foi inaugurado no dia 29, sábado. A iniciativa tem lugar na cripta da Basílica de Fourvière, visitada por multidões na época natalícia, e promove a riqueza artística e religiosa do Alentejo.

Perfilada numa colina que domina Lyon, a basílica de Nossa Senhora de Fourvière é um grande centro religioso e cultural da segunda maior cidade de França.

O santuário, muito frequentado ao longo do ano, ganha uma vida ainda mais intensa no Natal, brilhando, ao gosto romântico, como um castelo de fadas, envolto pela neve.

Um dos grandes atrativos de Lyon, nesta quadra, é a presença de um monumental presépio, erguido em lugar de destaque, no interior da basílica, alvo da atenção de muitos milhares de visitantes.

Lioneses e peregrinos de todas as regiões francesas andam aqui, a par de turistas das mais diversas origens, pois a histórica cidade, situada num ponto estratégico de ligação com a Suíça e a Itália, torna-se, na época natalícia, um imenso ponto de atracção.

O Museu de Arte Sacra de Fourvière, responsável pela iniciativa, escolhe todos os anos um país diferente para a montagem do presépio, alvo de renhida disputa.

Este ano, a escolha recaiu em Portugal e a instituição convidada pelas autoridades francesas para representar o nosso país foi o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.

A inauguração teve lugar no dia 29, em pleno Advento do Natal, sob a presidência do cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon e primaz de França, com a participação das instâncias oficiais e a afluência de inúmeros populares, já que a visita do presépio de Fourvière, uma tradição local, suscita sempre extraordinário entusiasmo, sendo amplamente noticiada pela comunicação social.

“A eleição da Diocese de Beja para erguer um presépio alentejano no principal santuário de Lyon constitui uma grande honra para a nossa região e uma oportunidade deveras importante para darmos a conhecer os tesouros artísticos e religiosos de Portugal”, salientou Sara Fonseca, responsável pelo Departamento do Património da Diocese de Beja.

Formado por cerca de 300 figuras históricas, na sua maioria emprestadas por famílias do Baixo Alentejo, o presépio, com a forma de um outeiro, terá a altura aproximada de três metros e recria a tradição, oriunda dos tempos do Barroco, com grutas, socalcos, fontes, rebanhos, moinhos, searas, montes (as características herdades alentejanas), uma banda e outros motivos característicos do quotidiano, rural e urbano, do interior do país.

O projeto artístico é da responsabilidade do arquiteto Ricardo e dos designers Beatriz Horta Correia e Miguel Gaspar, com a colaboração de paróquias e museus alentejanos.

Tudo isto reflete o intenso trabalho, efetuado há mais de trinta anos pelos voluntários da Diocese de Beja, para não deixar perecer um valioso património do Sul de Portugal que começou a estar em risco há algumas décadas.

“A velha prática de se montarem elaborados presépios, com muitas centenas de elementos, em igrejas e casas particulares, começou a perder-se, nos últimos anos, quando o Natal se comercializou e banalizou”, explica José António Falcão, professor de História da Arte, autor de um inventário sistemático das manifestações artísticas associadas ao nascimento de Cristo na região.

Salienta o mesmo perito: “uma iniciativa como esta, que parte do seio da sociedade civil e aglutina muitos amigos do património da Diocese de Beja, representa um sinal de vitalidade da arte sacra alentejana, mas alerta para uma tradição prestes a extinguir-se, adulterada pela metamorfose consumista do Natal, algo que põe em causa a sua dimensão mais íntima, comunitária e familiar”.

A iniciativa levada a cabo em Lyon pretende, pois, “rumar contra a corrente” e ajudar a lançar o interesse pela presepística.

Paralelamente à exposição temporária do presépio, que se realiza sob a égide do Consulado-Geral de Portugal em Lyon, terão lugar outros eventos de carácter cultural, entre os quais um encontro sobre o cante alentejano, que a UNESCO acaba de classificar como património imaterial da humanidade.

A Diocese de Beja foi uma das instituições que terçou armas, com afinco, para recolher e salvaguardar esta manifestação cimeira da identidade alentejana, de profundas ressonâncias religiosas e muito associada, precisamente, às tradições natalícias.

Colóquios, gastronomia, música e contactos com instituições locais e regionais completam um ciclo de atividades que volta a colocar Portugal no âmago da Europa.

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