“O Futuro do Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês” é o tema de um fórum que terá lugar no próximo dia 20 de fevereiro, entre as 9h30 e as 18h30, no Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves.
Organizado pela Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) e pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), este evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Silves.
A iniciativa visa promover um debate alargado, que envolva a sociedade civil e entidades com responsabilidades na área do património e cultura, com o objetivo de «encontrar e definir a solução de futuro para a reabertura do Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês em Silves, valorizando o seu papel no contexto da museologia portuguesa». Para além disso, procurar-se-á, com este fórum, «reafirmar o valor de autenticidade do seu património cultural, no seu todo, e enquanto espaço edificado e museu industrial», bem como «criar sinergias para um compromisso de gestão do museu que afirme o seu interesse público nacional e internacional».
O programa prevê a participação de representantes de diversas entidades, nomeadamente da Direção Regional de Cultura do Algarve, do International Council of Museums (ICOM- Portugal) e de Maximo Negri, da European Museum Academy. Também a Caixa Geral de Depósitos e o Grupo Nogueira, atuais proprietários do espaço da Fábrica do Inglês, intervirão.
O evento é aberto a todos e não implica custos de inscrição. Esta deverá ser feita através do email patrimoniocultural@cm-silves.pt ou do telefone 282 440 854.
Museu da Cortiça – uma história atribulada
O Museu da Cortiça foi inaugurado em 1999, promovendo a reabilitação do espaço arquitetónico original de uma antiga fábrica de rolhas construída em 1894, também conhecida por Fábrica do Inglês.
O projeto museológico, que incluía todo o espaço fabril, foi internacionalmente reconhecido com o prémio Luigi Micheletti para melhor museu industrial do ano em 2001.
Entre 1999 e 2009, período em que permaneceu aberto, «foi um dos mais visitados museus a nível nacional, contribuindo positivamente para a boa imagem da região algarvia e do país, numa área temática e económica – a da cortiça – que nos projeta internacionalmente e em que, justamente, reclamamos primazia».
O Museu e a antiga fábrica em que se insere (agora imóvel de interesse municipal) estão desde 2009 encerrados, na sequência do processo de insolvência da sociedade proprietária.
Em 2014, este processo terminou em leilão público com a venda do imóvel “Fábrica do Inglês” à Caixa Geral de Depósitos e do espólio museológico (algum dele integrado no próprio edifício) a um grupo privado ligado ao ramo da distribuição alimentar, o Grupo Nogueira, «apesar dos esforços da Câmara Municipal de Silves em o adquirir».
Na hasta pública de 30 de Maio de 2014, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) arrematou o imóvel da Fábrica do Inglês por 2.239.600 euros, enquanto o espólio do Museu da Cortiça, que funcionava numa das alas do edifício, no qual a Câmara de Silves estava interessada, acabou por ser comprado pelo Grupo Nogueira, atual proprietário dos Supermercados Alisuper e, por essa via, também grande credor do falido Grupo Alicoop/Alisuper, que em 1999 transformou a antiga fábrica de cortiça num espaço de restauração e lazer.
No leilão, a que o Sul Informação assistiu, o espólio museológico ainda foi disputado entre a Câmara de Silves e o Grupo Nogueira, mas acabou por ser este último a fazer a licitação final, por 36 mil euros.
Em declarações ao nosso jornal, João Nogueira, administrador do Grupo Nogueira, garantiu que a sua intenção é «manter e reabrir o Museu da Cortiça o mais rapidamente possível».
Mas em Julho de 2014, em declarações ao jornal Público, o gestor foi mais longe: «Queremos abrir o museu ali ou noutro lado».
Ora, esta possibilidade de mudar a coleção de peças e documentos do museu para outra localização deixou os museólogos e defensores do património em choque. «Não se pode construir este Museu da Cortiça noutro lado senão onde ele está».
Por isso, em Setembro de 2014, a Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial lançou a Petição Pública «pela preservação da integridade da Fábrica do Inglês/Museu da Cortiça de Silves como valor cultural industrial/corticeiro», tendo ainda promovido uma concentração à porta da Fábrica do Inglês, em Silves, a 19 de Julho desse ano.
Desde então, nunca mais se ouviu falar do tema, nem se sabe quais os planos atuais quer da Caixa Geral de Depósitos, quer do Grupo Nogueira para o espaço.
Programa:
SESSÃO DA MANHÃ – 9H30-13H00
9h30-10h00 – Receção dos intervenientes e dos participantes
10h00-10h15 – Abertura do Fórum. Apresentação dos moderadores. Enquadramento do funcionamento do Fórum.
10h15-10h45 – Intervenção da Direção Regional de Cultura do Algarve
10h45-11h15 – Intervenção da Câmara Municipal de Silves
11h15-11h30 – Intervenção do ICOM- Portugal
11h30-11h45 – Pausa para Café
11h45-12h15 – Intervenção da CGD – Caixa Geral de Depósitos
12h15-12h45 – Intervenção do Grupo Nogueira SA
12h45-13h30 – Visita ao recinto da antiga fábrica e Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês
Almoço livre
SESSÃO DA TARDE – 15h00-18h30
15h30-16h00 – Intervenção especial: Maximo Negri – European Museum Academy
16h00-16h30 – Intervenção da APOM
16h30-17h00 – Intervenção da APAI
17h00-17h15 – Síntese final. Conclusões. Preparação do debate.
17h15-17h30 – Pausa para café
17h30-18h30 – Intervenção dos participantes do Fórum
18h30 – Encerramento do Fórum
Organização: APAI – Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial e APOM – Associação Portuguesa de Museologia
Apoio: Câmara Municipal de Silves
Parcerias: DRCA – Direção Regional de Cultura do Algarve; DGPC – Rede Portuguesa de Museus; CGD – Caixa Geral de Depósitos; Grupo Nogueira SA; ICOM-Portugal
Apresentadores. Moderadores: Maria da Luz Sampaio | Manuel Vilas Boas, TSF