O ator Afonso Dias vai dar a conhecer alguns dos poemas mais emblemáticos de Fernando Pessoa, no recital «Pessoa’s – o senhor Fernando e os heterónimos», na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen, em Loulé, esta sexta-feira, às 21h30.
A sessão, de entrada livre, acontece um dia antes do aniversário do nascimento do multifacetado poeta português e servirá para «recordar um dos maiores vultos da língua portuguesa».
Na declamação, estará outro artista multifacetado, o ator, músico, compositor e declamador há muitos anos radicado no Algarve Afonso Dias.
Sobre Fernando Pessoa:
«Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de junho de 1888. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade. Com a morte do pai, acompanhou a mãe e o padrasto na mudança para a África do Sul. Educado no país africano, o autor aprendeu o inglês com perfeição e publicou, inclusive, muitas obras no idioma.
O escritor trabalhou como jornalista, tradutor, editor, empresário. O conhecimento da língua portuguesa e inglesa foi essencial para que Pessoa pudesse trabalhar na tradução de livros. O autor gostava de ler as obras de importantes escritores da língua, como Lord Byron.
Em 1901, escreveu os seus primeiros poemas em inglês. Em 1902, a família volta para Lisboa. Em 1903, Fernando volta sozinho para a África do Sul, onde se submete a uma seleção para a Universidade do Cabo da Boa Esperança. Em 1905, de volta à Lisboa, matricula-se na Faculdade de Letras, onde cursou Filosofia. Em 1907 abandona o curso. Em 1912 estreou como crítico literário.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido “plural” como se definiu, criou vários poetas que conviviam nele. Cada um tem a sua biografia e traços diferentes de personalidade. Os poetas não são pseudónimos e sim heterónimos, isto é indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava o seu autor.
Criou, entre outros heterónimos, Alberto Caeiro da Silva, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares. Caeiro é considerado naturalista e cético; Reis é um classicista, enquanto Campos tem um estilo associado ao do poeta norte-americano Walt Whitman.
Em 1915, liderou um grupo de intelectuais, entre eles Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros. Fundou a revista Orfeu, onde publicou poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”, escritos por Álvaro de Campos, causaram reações violentas contra a revista. Fernando Pessoa foi chamado de louco.
Fernando Pessoa mostrou muito pouco de seu trabalho em vida. Em 1934 candidatou-se com a obra “Mensagem”, um dos poucos livros publicados em vida, ao prémio de poesia do Secretariado Nacional de Informações de Lisboa. Ficou em segundo lugar. A obra apresenta certo teor patriota. Publicado em 1934, o livro reúne poemas que falam de personagens históricos de Portugal. Pela obra, o autor ganhou o Prêmio Antero de Quental.
O poeta morreu em Lisboa, no dia 30 de novembro de 1935».