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Em Dezembro do ano passado, Francisco Rosa Correia começou a fazer escavações de acompanhamento arqueológico de uma obra particular na Travessa do Alportel, perto da Igreja do Carmo. O arqueólogo sabia que poderia vir a encontrar vestígios da cerca seicentista de Faro naquele local mas, a 8 centímetros de profundidade, o que encontrou foi um verdadeiro tesouro com 111 moedas dos séculos XVIII e XIX.

O achado, composto por moedas de bronze e de cobre dos reinados de D. Pedro II, D. João V, D. José, D. Maria I, D. Pedro III, D. João VI, D. Pedro IV e D. Miguel, tem, acima de tudo, valor numismático e histórico, sendo que, conforme revelou Francisco Correia ao Sul Informação, não tem paralelo na cidade de Faro.

Francisco Rosa Correia com o tesouro

«Não  é normal encontrar tantas moedas, são mais de uma centena. Quando fiz o achado, falei com a Direção Regional de Cultura e com a Câmara de Faro sobre outros achados paralelos e existem outras coleções, ou mais antigas, ou mais recentes. Deste período, já pesquisei e não encontrei igual», disse.

O valor das moedas que, no conjunto, é de quase 2000 réis, «não era uma fortuna enorme», mas é o suficiente para que este achado seja considerado um tesouro, que terá sido escondido por volta de 1834, de quando é datada a moeda mais recente.

«Depois, um ano ou dois a seguir, entrou outra moeda em circulação. As moedas foram escondidas na altura da Guerra Civil entre liberais e absolutistas. As pessoas viviam com medo. Além disso, no Algarve, havia o Remexido, conhecido pelos assaltos. Estas moedas, com medo de um roubo, foram escondidas. A quem pertenceram, talvez seja possível saber, mas é necessário um estudo aprofundado», explica.

Para Francisco Correia, este tesouro «dá-nos uma imagem do medo que se vivia naquela altura na cidade de Faro. É um testemunho».

O achado tem outra peculiaridade: a forma como estava escondido. «São 111 moedas, que estavam a oito centímetros de profundidade, debaixo do ladrilho, daquilo que seria o quintal da casa. Normalmente, estes tesouros estão dentro de um compartimento, ou de um vaso, mas neste caso não. Estaria numa bolsa de pano, que se dissolveu com o tempo. O tesouro foi escondido, as pessoas acabaram por se esquecer e ficou para ser encontrado», neste caso por Francisco Correia.

O arqueólogo conta que o acompanhamento da empreitada, a cargo da empresa de arqueologia Articabana, que consistia na demolição de duas casas que terão sido construídas no século XIX, para a edificação de novas moradias, «foi pedido porque naquela zona pode haver vestígios da cerca seicentista, porque fica perto da Igreja do Carmo, e naquela área, também existiu a casa do Cardeal Lacerda».

Mas, «oito centímetros debaixo do chão, estava eu à procura de uma muralha, aparecem-me moedas. É uma grande surpresa, uma boa surpresa. É com agrado que encontramos qualquer coisinha, um arqueólogo fica contente», graceja Francisco Correia.

O arqueólogo de 28 anos, que também colabora com a Universidade do Algarve, vai agora tentar saber mais sobre estas moedas e promete revelar as suas descobertas ainda em 2017. «Para já, vou ficar com as peças, catalogá-las, estudá-las e irá ser publicado um artigo até ao final deste ano. Depois serão entregues no Museu Municipal de Faro», conclui.

 

sulinformacao

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