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O maestro italiano Alberto Zedda, a título póstumo (Música), o Campo Arqueológico de Mértola (Património) e a Fundação Schloss Dyck, de Jüchen, na Alemanha (Biodiversidade) são os distinguidos da edição deste ano do Prémio Internacional Terras sem Sombra, que será entregue este sábado, 1 de Julho, em Sines.

O ato tem lugar no auditório da Administração do Porto de Sines, às 17h30, sob a presidência de D. Amalio de Marichalar, Conde de Ripalda, figura muito conhecida, dentro e fora de Espanha, pelo seu contributo para a causa do desenvolvimento sustentável.

Criado em 2011 pelo Conselho de Curadores do Festival Terras sem Sombra, este prémio homenageia, anualmente, uma personalidade ou instituição que se tenham salientado, ao nível global, em cada um dos pilares do festival: a promoção da música, a defesa do património cultural e a salvaguarda da biodiversidade. É considerado, hoje, um dos prémios europeus de maior prestígio, pelo seu carácter independente, nesses três âmbitos.

Segundo a organização do Festival Terras sem Sombra, Amalio de Marichalar (Pamplona, 1958), jurista de formação, «tem desenvolvido uma ação pioneira, ao nível internacional, no mundo do empreendedorismo ambiental».

Figura bem conhecida da sociedade espanhola, lançou o Forum Sória 21, que lidera a temática da sustentabilidade nesta província espanhola, uma das mais afetadas pelo esquecimento do mundo rural no país vizinho, e é conselheiro da Fundação Europeia para o Meio Ambiente, com sede em Freiburg im Breisgau.

 

Alberto Zedda, o grande intérprete e “connoisseur” de Rossini

Falecido a 6 de Março deste ano, Alberto Zedda destacou-se, como diretor de orquestra e musicólogo, pela interpretação do repertório italiano do século XIX, em particular de Rossini.

Após a formação em Milão, onde nasceu, em 1928, e onde sobressaiu como discípulo de Carlo Maria Giulini, debutou em 1956 com O Barbeiro de Sevilha.

Cedo ascenderia a uma carreira internacional que o levou a triunfar nos principais palcos do mundo. Entre outros santuários da música lírica, esteve magistralmente à frente da Deutsche Oper, de Berlim, e do Teatro alla Scala, de Milão – a mais famosa “casa de ópera” do mundo.

Zedda fez parte de uma geração de maestros-estrela que ajudou a divulgar e democratizar, sem concessões, o gosto pela ópera. Nunca se deixando ofuscar pelas luzes da ribalta, cultivou o bel canto com uma visão aberta à sociedade.

Ativo até aos últimos dias de vida – ganharia justamente o título de “mais velho maestro do mundo” –, manteve-se sempre um jovem de espírito, atento a tudo o que o rodeava e generoso para quem iniciava a carreira artística.

Dirigiu no Festival Terras sem Sombra, a 2 de Abril de 2016, na igreja matriz de Santiago do Cacém, uma versão da Petite Messe Solennelle, de Rossini, gravada pela RTP, que fica célebre.

Muito culto e de talante humanista, o maestro italiano apadrinhou em 2016 a causa da defesa do antigo convento de Nossa Senhora do Loreto, nas imediações desta cidade alentejana, um monumento franciscano do século XV, propriedade do Estado, cujas ruínas vêm sendo utilizadas como estábulo, pondo em causa a sobrevivência de um sítio de grande interesse patrimonial e paisagístico.

 

Entre ciência, cultura e desenvolvimento: o Campo Arqueológico de Mértola

Fruto da visão estratégica de Cláudio Torres para a sustentabilidade de territórios de baixa densidade, o Campo Arqueológico de Mértola (CAM) é uma associação cultural e científica, que tem por objectivo fomentar o levantamento, estudo e pesquisa dos bens arqueológicos, etnográficos e artísticos da região de Mértola e proceder à sua conservação e salvaguarda.

Desde a fundação, em 1978, concilia a investigação científica com um programa museográfico, o projeto Mértola Vila Museu, vocacionada para a valorização e a divulgação do património, buscando o envolvimento das populações na consolidação da sua identidade, ao serviço do desenvolvimento local.

Não por acaso, Mértola é, presentemente, um dos concelhos mais estudados, divulgados e preservados do Alentejo.

Além da intensa atividade científica e museográfica, é de salientar o programa editorial do CAM, com mais de 50 títulos publicados, as exposições temporárias e permanentes, a organização de congressos e reuniões científicas, as ações de educação patrimonial e o seu plano de formação (cursos livres, mestrados e doutoramentos), para o qual conta com uma biblioteca especializada que integra o valioso espólio doado por José Mattoso.

No âmbito da investigação, integra, desde 2008, o Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património, a par das universidades de Coimbra e do Algarve.

Um trabalho em que não existem fronteiras entre ciência, cultura e cidadania e que aproxima decididamente o nosso país da bacia mediterrânica, a que pertencemos pela história e pela geografia.

 

Stiftung Schloss Dyck, instituição de referência para os jardins históricos

Sem dúvida um dos mais significativos monumentos do Baixo Reno, Schloss Dyck orgulha-se da presença de muitas gerações da Casa dos Condes e Príncipes de Salm-Reifferscheidt-Dyck, outrora soberana neste enclave, e guarda mais de um milénio de história.

O atual castelo-palácio, rodeado por fossos de água, foi construído, no século XVII, sobre quatro ilhas. Está aqui o coração de um vasto parque, desenhado no século XIX pelo arquiteto paisagista escocês Thomas Blaikie, por iniciativa do príncipe Joseph zu Salm-Reifferscheidt-Dyck, grande admirador da tradição dos jardins românticos ingleses.

Na década de 1990, a herdeira da propriedade, Condessa Marie Christine Metternich, estabeleceu, de acordo com as autoridades da Renânia, uma fundação destinada a garantir o futuro deste notável património, tornando-o a sede de um centro de Arte dos Jardins e de Arquitectura Paisagística.

A Stiftung Schloss Dyck tem vindo a realizar, desde então, um papel destacado na salvaguarda dos jardins históricos, cruzando-a com o planeamento urbano, a proteção da paisagem e a promoção da biodiversidade.

Entre outras iniciativas, deve-se-lhe a criação do International Institute for Garden Art and Landscape Design e do European Garden Network.

 

Valentina Kaufman Zedda & Coro Juvenil de Lisboa

Associa-se a este ato uma neta de Zedda que, apenas com 16 anos de idade, representa já um caso sério na cena artística europeia. Valentina Kaufman Zedda (Nova Iorque, 2001) iniciou os estudos de piano nesta cidade, prosseguindo-os em Itália, na Accademia Pianistica Internazionale, de Imola, e no Conservatorio di Musica Giuseppe Verdi, de Milão.

Aperfeiçoa atualmente a formação em Lugano, no Conservatorio della Svizzera Italiana, sob a direcção de Anna Kravtchenko. Já tomou parte em concursos internacionais, classificando-se sempre entre os vencedores e participando em inúmeros concertos.

Foi um dos doze jovem pianistas selecionados entre 350 participantes de todo o mundo para o Allianz Junior Music Camp, em Viena, onde tocou numa exigentíssima masterclass com Lang Lang, na Musikverein.

A entrega do Prémio Terras sem Sombra finaliza com uma homenagem ao maestro Alberto Zedda pelo Coro Juvenil de Lisboa, agrupamento também profundamente ligado ao repertório a que o famoso diretor italiano dedicou a sua carreira.

É um coro residente no Teatro Nacional de São Carlos, com o qual tem colaborado, desde a sua formação, em 2011, pelo maestro Nuno Margarido Lopes.

A partir de então, realizou mais de uma centena de espetáculos, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a par de grandes solistas, entre eles Aquiles Machado, Juan Pons e Elisabete Matos.

O Festival Terras sem Sombra é organizado pela Pedra Angular – Associação dos Amigos do Património da Diocese de Beja e as suas atividades são de acesso livre.

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