O músico Jack Golds, que vive na Costa Vicentina, lançou o seu primeiro trabalho “Local Foreigner” a 30 de Junho, recuperando alguns dos temas tocados com a sua banda Off The Lip, combinados com novidades que dão a conhecer a sua diversidade musical. Abrangendo vários géneros, misturando letras poéticas com riffs de guitarra e melodias suaves, a música faz-se, tendo como pano de fundo a vida do artista.
Aos temas “Reggae in the Morning” e “Keep Happy”, lançados com os Off The Lip em 2015, que mereceram passagem em rádios regionais e nacionais, juntam-se “The Travelling Song” e “Blind Bindi”, que saíram este ano também como singles, mas já em nome do próprio.
Nascido em South Molton (Devon), no Sul da Inglaterra, mas criado na Costa Vicentina, Jack Golds é um autêntico local foreigner e, além de músico, é surfista, nadador salvador e pescador. O disco de estreia resume a sua vida, sendo a viagem até ao nosso país um desses episódios.
«Saí da Inglaterra com 6 anos, numa caravana com a minha família. Viajámos durante quase um ano e meio por vários países da Europa, até chegarmos a Portugal e nos apaixonarmos por esta zona (Aljezur)» revela Jack Golds ao Musicália-Sul Informação. Ainda hoje os pais de Jack recordam os três meses seguidos de chuva à saída do país natal e o sol que os recebeu no Algarve.
Desde jovem que a música faz parte da sua vida, mas é apenas na adolescência que revela vontade de fazer algo próprio. «Só comecei a tocar guitarras aos 14, 15 anos. Por diversão, comecei a escrever algumas músicas inspirado pela vida que vivemos aqui. Aos 17, fui a estúdio pela primeira vez e foi a partir daí que comecei a levar a coisa mais a sério», destaca o músico.
No início, a tentação foi tocar algo mais pesado e apostar no rock clássico, mas a influência do reggae, banda sonora habitual na viagem de caravana com os pais, marcou-o e, sob a influência de um músico brasileiro, amante do género, saiu o primeiro tema: “Reggae in The Morning”.
Entre 2012 e 2016, com os Off The Lip, Jack Golds passou os Verões a tocar no Algarve e em alguns festivais nacionais, abrindo concertos para projetos nacionais e internacionais, como Richie Campbell, Tape Junk, Samuel J, Caravana Sun e True Vibenation. A primeira aventura internacional aconteceu em 2016, num resort de luxo em Verbier, na Suíça.
Os membros da banda foram mudando, as vidas tomando caminhos diferentes e, dos temas apresentados em grupo, passou-se a um projeto em nome próprio. «Desde o início até agora, mudaram muitos membros, já não está nenhum da formação inicial. A vida que levamos aqui atrai muita gente de todo a lado, por isso temos tido músicos bem diferentes. Nem sempre ficam por muito tempo. Como era eu a trazer as músicas para as bandas, estou agora a lançar os temas em meu nome, foi uma evolução natural», afirma Jack Golds.
Do disco, destacam-se “Living in Paradise”, uma canção de protesto e alerta, reescrita diversas vezes à luz dos acontecimentos, e que fala, em jeito de lamento, de quem viveu num paraíso à beira mar, antes do previsto início da exploração de petróleo no Algarve.
Outro tema, “Local Foreigner“, é inspirado na experiência pessoal do músico. «Eu não sou de cá [Aljezur], mas também já não sou de lá [Inglaterra], o que me coloca numa situação paradoxal e mostra que os conceitos de nacionalidade que colocam aos estrangeiros são etiquetas que as pessoas colocam nas outras para se dividirem», ilustrou. Apesar de ser um dos últimos temas a ser escrito, já em período de gravações, teve direito a dar nome ao álbum.
Num disco inspirado pelo Sol e Mar, não poderia faltar um tema «sobre uma miúda». “Bossy Boots” relata, numa onda surf rock, a tentativa de libertação das regras que as pessoas impõem sobre as outras.
A fechar, “The Travelling Song”, uma balada à guitarra, acompanhada pela cabaça de água do percussionista António Mandala, leva às origens do artista e à viagem da família de Jack até Portugal.
A apresentação oficial em concerto do álbum “Local Foreigner” não está marcada, até porque o músico poderá não ficar por Portugal durante o Verão, mas Jack Golds deixa no ar algo para breve e uma internacionalização deste seu primeiro registo a solo.
O álbum foi gravado em Aljezur com o produtor britânico Jonny Bull e masterizado no Atlântico Blue Studios por Walter Coelho e pode ser ouvido no Spotify e Tradiio.
No disco participaram:
Jack Golds – Guitarra e vozes
Louie Golds – Harmónica e vozes
Richard Brogden – Baixo, guitarra e vozes
António Mandala – Percussão
Rémi Gallet – Saxofone
Jonny Bull – guitarras e baixos adicionais.
Bateria nas pistas “Local Foreigner” e “Living in Paradise” por Jørgen Landhaug.