A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira, 2 de Dezembro, os nove sítios propostos para receber a Marca do Património Europeu, onde se inclui o Promontório de Sagres. O prémio reconhece locais pelo seu valor cultural e histórico para a União Europeia (UE), bem como a capacidade dos seus programas educativos de aproximar a Europa dos seus cidadãos.
Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve, manifestou em declarações ao Sul Informação o seu «grande regozijo» por esta distinção, que coroa de êxito uma candidatura apresentada pela entidade sob a sua tutela. «Pela primeira vez, há um reconhecimento internacional de um património que todos sabem ser de grande importância para a história mundial», salientou.
Para a diretora regional de Cultura, «é muito importante esta notoriedade internacional que temos de dar ao património que está aqui ao nosso lado».
«Esta integração na lista da Marca do Património Europeu ajuda-nos a acalentar a esperança de levar a bom porto a outra candidatura, a Património da Humanidade, apesar de esse ser um processo bem mais complexo», disse ainda Alexandra Gonçalves.
Além do Promontório de Sagres (Portugal), a lista inclui o sítio pré-histórico Neanderthal e o Museu Krapina (Croácia), o Castelo Premyslid e o Museu Arquidiocesano de Olomouc (República Checa), o Palácio Imperial (Áustria), o Conjunto Histórico da Universidade de Tartu (Estónia), a Academia de Música Franz Liszt (Hungria), o Mundaneum (Bélgica), o Cemitério nº 123 da Frente Oriental da II Guerra Mundial (Polónia) e o Bairro Europeu de Estrasburgo (França).
Estes vão juntar-se aos vinte sítios que receberam a Marca do Património Europeu nos últimos dois anos, onde figuram outros locais portugueses: a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e a Carta de Lei de Abolição da Pena de Morte que é conservada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
Este ano, foram pré-selecionadas dezoito candidaturas pelos Estados-Membros participantes, tendo um painel independente criado pela Comissão Europeia selecionado os nove sítios que foram esta semana propostos. A Comissão designará formalmente os sítios em fevereiro de 2016 e uma cerimónia de entrega dos prémios realizar-se-á em Bruxelas, em abril de 2016.
Este importante reconhecimento da Ponta de Sagres é justificado pela sua paisagem rica do ponto de vista histórico e cultural situada no canto sudoeste da Península Ibérica.
Nela encontram-se vestígios arqueológicos significativos, estruturas urbanas e monumentos que atestam a sua localização estratégica e a sua importância ao longo dos séculos. A Ponta de Sagres tornou-se o quartel-general do Infante Dom Henrique para o seu projeto de expansão marítima durante o século XV, um local da maior importância para o Período das Descobertas, período que marcou a expansão da cultura, das ciências, da exploração e do comércio europeus tanto para o Atlântico como para o Mediterrâneo, abrindo o caminho para a afirmação e projeção da civilização europeia, que veio a modular o mundo moderno.
Eis a lista das novas Marcas do Património Europeu:
Ponta de Sagres (Portugal)
A Ponta de Sagres apresenta uma paisagem rica do ponto de vista histórico e cultural situada no canto sudoeste da Península Ibérica. Nela se encontram vestígios arqueológicos significativos, estruturas urbanas e monumentos que atestam a sua localização estratégica e a sua importância ao longo dos séculos.
A Ponta de Sagres tornou-se o quartel-general do Infante Dom Henrique para o seu projeto de expansão marítima durante o séc. XV, um local da maior importância para o Período das Descobertas, período que marcou a expansão da cultura, das ciências, da exploração e do comércio europeus tanto para o Atlântico como para o Mediterrâneo, abrindo o caminho para a afirmação e projeção da civilização europeia, que veio a modular o mundo moderno.
Sítio Neandertal de Krapina (Krapina, Croácia)
Em 1899, foi descoberto neste sítio o maior número de ossos fossilizados do homem do Neandertal encontrados até hoje na Europa, cerca de nove mil despojos humanos de cerca de oitenta indivíduos, assim como ossos de vários animais que remontam a 125 000 a.C.
Especialistas de todo o mundo realizaram estudos sobre os objetos encontrados, tendo a sua interpretação das descobertas de Krapina influenciado diferentes teorias científicas sobre o desenvolvimento humano, a génese da nossa civilização e a maneira como as comunidades humanas na Europa viveram durante o período do Plistoceno.
Ao lado do sítio arqueológico, o museu do homem do Neandertal de Krapina apresenta hoje, de forma interativa, a origem da vida na Terra e a evolução da humanidade.
Castelo Premyslid e Museu Arquidiocesano de Olomouc (Olomouc, República Checa)
O Museu Arquidiocesano é dedicado à conservação de obras de arte da Arquidiocese de Olomouc. As suas coleções estão em exibição na Capela do Deão no Castelo Premyslid, um local com milhares de anos de história, que conserva desde restos dos palácios do Bispo e do Príncipe até obras dos estilos barroco e rococó.
O Castelo Premyslid e o Museu Arquidiocesano de Olomouc são um ponto fulcral de presença da Morávia na história europeia. Trata-se de um centro do cristianismo primitivo, um local que preserva e destaca o elevado nível de patrocínio artístico dos arcebispos da Morávia, e um bom exemplo da conservação do património da região.
Palácio Imperial (Viena, Áustria)
Iniciado em 1240, o Palácio Imperial é um complexo de edifícios e jardins que serviram de residência aos Habsburgos, uma família reinante em grandes partes da Europa durante cerca de 700 anos.
O Império Habsburgo foi um império multiétnico e multi-religioso que teve um forte impacto político, administrativo, social e económico sobre territórios que incluem ou fazem parte atualmente da Áustria, da Hungria, da República Checa, da Polónia e da Eslovénia Hoje em dia, o Palácio Imperial acolhe a sede do Presidente Federal da Áustria e cinco museus de renome mundial, bem como outras instituições culturais.
Conjunto Histórico da Universidade de Tartu (Tartu, Estónia)
O conjunto histórico da Universidade de Tartu é um campus concebido no início do século XIX sob o lema «uma Universidade na cidade, uma universidade no parque». É um conjunto que consubstancia as ideias de uma universidade no Iluminismo, ligando a ciência e a aprendizagem e refletindo a tradição europeia na educação.
Foi criado em 1632 pelo rei sueco Gustavo II Adolfo e, embora tenha mudado de mãos entre os diferentes poderes políticos na região, incluindo a Suécia, a Polónia, a Alemanha e a Rússia, a Universidade de Tartu manteve-se sempre um farol de ideias progressistas.
Academia de Música Franz Liszt (Budapeste, Hungria)
A Academia de Música Franz Liszt foi criada em 1875 pelo próprio compositor e músico de excelência. Trata-se de uma instituição multi-facetada, na medida em que é, ao mesmo tempo, uma instituição de ensino, uma universidade internacional de artes musicais e uma sala de concertos.
A Academia dá destaque ao património musical mantendo ao mesmo tempo um verdadeiro espírito de abertura, criatividade e inovação e o seu caráter europeu e internacional.
A Academia está instalada num edifício de 1907 da autoria de Flóris Korb e Kálman Giergl, sendo considerada uma obra-prima da secessão húngara. Integra, nomeadamente, o Museu Memorial e Centro de Investigação Franz Liszt, o Instituto Kodály e o Museu Kodály.
Mundaneum (Mons, Bélgica)
O Mundaneum é um marco importante no tecido intelectual e social da Europa. Os seus fundadores, Henri La Fontaine e Paul Otlet, foram defensores da paz através do diálogo e da partilha de conhecimentos a nível europeu e internacional graças a informações bibliográficas.
O Mundaneum tinha por objetivo recolher todas as informações disponíveis no mundo, independentemente do seu suporte (livros, jornais, postais, etc.), e classificá-las de acordo com um sistema por eles desenvolvido, a Classificação Decimal Universal.
O Mundaneum constitui a base da ciência da informação atual, sendo considerado atualmente como precursor dos motores de pesquisa na Internet.
Cemitério nº 123 da Frente Oriental da I Guerra Mundial (Łużna – Pustki, Polónia)
O cemitério de guerra nº 123, criado em 1918 na colina de Pustki, é o palco de uma das maiores batalhas da I Guerra Mundial na frente oriental entre os exércitos austro-húngaro e alemão e o exército russo: a batalha de Gorlice, também chamada a Verdun de Leste.
O cemitério é o último local de repouso dos soldados destas três forças armadas, provenientes de territórios que fazem parte atualmente da Áustria, da Hungria, da Alemanha, da Polónia, da Ucrânia, da Rússia e da Eslovénia, e com diferentes origens religiosas e linguísticas.
O cemitério nº 123 da Frente Oriental da I Guerra Mundial é um lugar de memória que consagra a ideia de ecumenismo, pois trata de forma idêntica todos os caídos em combate, independentemente da sua filiação militar, étnica ou religiosa.
Bairro Europeu de Estrasburgo (Estrasburgo, França)
Desde a sua criação, após a II Guerra Mundial, o Bairro Europeu de Estrasburgo é a sede do Conselho da Europa, do seu Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e do Parlamento Europeu da União Europeia. Testemunha a integração europeia, a defesa dos direitos humanos, a democracia e o Estado de direito.
O texto integral do relatório do painel de seleção independente encarregado de avaliar as candidaturas com base nos critérios estabelecidos está disponível clicando aqui.
Mais informação sobre como se candidatar aqui.
Os 20 sítios já constantes da lista: