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O rapper algarvio Pedro Pinto lançou sexta-feira um novo tema, depois de ter assustado os seus fãs quando colocou um comunicado na sua página do Facebook, afirmando que tinha decidido “adormecer” o Reflect, indicando um “até breve” intemporal. Afinal, tratava-se de uma manobra para agitar as hostes e, dois dias depois, era anunciado um regresso para 17 de Fevereiro.

«O meu objetivo foi agitar um pouco as coisas, não foi enganar as pessoas, mas pô-las a sentir, de alguma forma, a falta que Reflect poderia fazer se eu parasse de fazer música com esse meu reflexo feito no mundo artístico», diz Pedro Pinto, o homem por trás do músico, ao Musicália|Sul Informação.

A realidade é que Reflect esteve mesmo adormecido desde 2013, altura em que saiu o seu álbum homónimo. Durante este tempo, o músico não parou, esteve envolvido em muitos projetos, mas sempre como mais um dos elementos, agora achou que já era a hora de se voltar a afirmar, de novo, como O projeto.

«Neste single, voltei a ser só eu, com a ajuda das pessoas que colaboraram comigo, obviamente, mas é Reflect, dando continuidade aos outros álbuns».

Quando começou esta aventura, Pedro Pinto, agora com 30, tinha apenas 17 anos e, como estudante, conseguia mais tempo para se fechar no estúdio, a escrever e a gravar. «O processo criativo era simples, ouvia um instrumental de alguém, escrevia e gravava e isso normalmente acontecia numa noite, numa madrugada. Ultimamente, senti muita falta de voltar a essa forma mais direta, mais simples de criar alguma coisa».

Com “Eu fico bem”, conseguiu, finalmente, voltar a recriar o processo que deu origem ao “1º Acto” (2008) e a “Reflect” (2013). As ideias estavam lá, diz, os instrumentais foi buscá-los ao Dezman, companheiro desde os primeiros dias da criação da sua editora Kimahera. «Assim que os ouvi, senti que tinha ali aquilo que precisava para conseguir passar a primeira mensagem: Olá, estou de volta , contem comigo!».

 

A paragem de quatro anos, como Reflect, não fez desaparecer os seguidores, que poderão, eventualmente, ter andado um pouco mais adormecidos à espera de algo novo, mas, durante esse tempo surgiu uma nova “frente”.

Os projetos que abraçou revelaram mais o lado “Pedro” que a vertente do seu alter-ego musical. Quem acompanhou ou passou a conhecer o homem por trás do artista, com a edição do livro “De mim para mim” ou a sua materialização musical em “Gata”, poderia até desconhecer a vertente mais “reflexa”.

Mas agora, há a intenção (e a vontade) de juntar as duas existências. «Aquilo que eu quis fazer foi juntar essas duas realidades em 5 minutos de uma música. Não é uma música pequena, mas é uma música que conta uma história e tem precisamente a ver com o que conheceram do Pedro, pelos piores motivos, mas pelas melhores razões, depois. E com a continuidade daquilo que é a minha marca, como Reflect. É a melhor simbiose que eu poderia fazer entre esses dois mundos» .

“Eu fico bem” é um tema onde Pedro Pinto expõe um pouco do seu trajeto nestes quatro anos.

Levaram-me a luz e eu não vejo nada
Onde é que está o Pedro? Nem eu sabia”
(…) “Sozinho, calado, apagado e sem brilho
Tenho gritos em mim, mas já não quero soltá-los,
Tenho sonhos em mim, mas já não quero cantá-los

Estas são algumas das muitas palavras que preenchem os 5 minutos, pouco radiofónicos, é verdade, do novo tema, mas muito autobiográficos e que encerram, provavelmente, um ciclo e dão início a outro, uma versão 3.0, como é apelidado no “nome de guerra” dado internamente na editora.

Pedro Pinto assume que a intenção foi criar uma música que levasse as pessoas numa viagem. «Não é a mais bonita de se fazer, mas o que fica, quando a viagem chega ao fim, acredito que é muito bonito e é a mensagem que eu quero passar. Independente do que acontecer nas nossas vidas, vale a pena fazermos as travessias que tivermos de fazer, porque não sabemos o que há depois, e essa incerteza, que valha sempre a pena, para se dar esse passo em frente»

Abre a porta e vê.
Não tenhas medo do desconhecido.
Abraça aquilo que a vida te ofereceu.
Abraça a segunda oportunidade que a vida te deu.

A perceção da forma como, nos dias de hoje, se consume a música veio alterar o modo como o músico encara o seu trabalho e, acima de tudo, a forma como vai passar a disponibilizar a sua música.

Se, há uns anos, quando um artista lançava um álbum, conseguia mantê-lo como novidade durante algum tempo, com o surgimento das redes sociais a realidade alterou-se. «Para quem leva, horas, semanas, meses ou até anos a criar um projeto, vê-lo desapareceu no feed de uma rede social, num ou dois dias, é muito triste», diz.

Sendo uma realidade dos tempos e algo impossível de contrariar, Pedro Pinto admite que há que encontrar formas de quebrar o consumo imediato e está decidido a tentar a sua própria receita.

 

«Acredito que a forma de furar é criar algo que tenha uma identidade muito própria e que consiga deixar marcas nas pessoas, que as faça não se esquecerem do que ouviram e terem vontade de lá voltar, para voltar a ouvir. Aquilo que sempre quis fazer com a minha música foi criar alguma coisa que criasse impacto, que não fosse indiferente, que houvesse uma razão pela qual as pessoas preferissem ouvir Reflect num determinado momento das suas vidas».

É esse o que caminho que indica e que assume praticar ao longo deste ano: dedicar-se canção a canção, em vez de passar semanas a trabalhar num álbum e, não espaçando os lançamentos, dar tempo e mais atenção a cada canção. Isso, salienta, «obriga-me a ser mais perfecionista, tema a tema».

Desgostoso ao ver e ouvir o que se vai fazendo, no seu Hip-Hop, nos dias que correm, estende a reflexão da mudança ao conteúdo da mensagem, algo que diz estar na génese da sua dedicação à causa. «Faz falta que a música também chegue ao coração das pessoas, para além de as fazer dançar, de as fazer sorrir. Que haja alguma coisa que eu, como artista, tenha para dar a alguém. Que exista alguma aprendizagem. Sou de uma geração que cresceu a absorver isso de quem anda o a fazer há mais tempo que do eu e é o que tento transmitir a quem me acompanha e quem me possa vir a descobrir com esta música».

Nas palavras do seu autor, “Eu fico bem” é uma música «que passa por vários estados de espírito», e, por isso, é para ouvir mais do que uma vez, «pelo menos uma vez de phones com atenção», porque tem pormenores que não serão percetíveis a uma primeira audição ou até visualização, já que foram estendidos ao vídeo.

«Vão descobrir coisas que eu deixei lá e não foi por acaso. Em Reflect, há sempre coisas para descobrir».

 

Oiça (e veja) aqui a nova canção “Eu fico bem”:

 

Clique aqui para ouvir a entrevista, na íntegra que Pedro Duarte, no seu programa de rádio Musicália, fez a Reflect.

 

sulinformacao

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