Desde que, em 2009, Zé Pedro lhe lançou o desafio, Rolando Rebelo nunca mais parou de trabalhar no projeto do livro comemorativo e oficial dos 35 anos dos Xutos & Pontapés, que acaba de ser lançado pela Leya.
«Mostrei ao Zé Pedro o meu projeto do livro dos Rolling Stones e ele disse-me: quando acabares este, é o dos Xutos, a seguir». E assim foi.
Durante mais de quatro anos, Rolando Rebelo, um portimonense que trabalha na Biblioteca Municipal de Portimão, dedicou todos os seus tempos livres, sobretudo os fins de semana, a (per)seguir a banda. «A sério, mesmo, foi entre 2012 e até Maio deste ano», contou o autor ao Sul Informação. «Mas andei com eles desde 2010, na estrada, nos concertos». Mais do que um grouppie, Rolando Rebelo diz que se sentiu «quase como mais um membro da banda», até porque assistiu a «uma coisa difícil de assistir para quem não faz parte da banda, que é o ritual privado que eles têm antes de subir ao palco».
«Aqui Xutos & Pontapés!» é um livro de capa dura com 230 páginas que passa em revista os 35 anos de vida da maior banda de rock de Portugal. Tem centenas de imagens, muitas delas inéditas, histórias e episódios desconhecidos do grande público, cartas de fãs, depoimentos de admiradores conhecidos e até de colegas dos Xutos mais insuspeitos, como (imagine-se!) Tony Carreira ou Roberto Leal… «Foi para ter uma perspetiva diferente, para não ser só pessoas da mesma área ou fãs confessos», explica Rolando Rebelo. «Há no livro muitas histórias de que ninguém sabe!», garante.
A toda a pesquisa, Rolando Rebelo juntou as «muitas conversas ao longo das viagens, nos jantares, após os concertos»
Para chegar a este livro em formato de álbum, profusamente ilustrado, que é a biografia oficial dos 35 anos dos Xutos, Rolando precisou de andar quatro anos atrás da banda, mas também de mergulhar em inúmeros arquivos. «Eu tinha algum material, bilhetes de concertos que fui guardando ao longo dos tempos, recortes de jornais, fotos, mas pouca coisa. Recorri aos arquivos dos Xutos, que são uma coisa enorme. Vi mais de 3000 fotos, bem mais, dossiês e dossiês de fotos. Também recorri aos arquivos pessoais do Kalu e do João Cabeleira. E usei fotos inéditas, como as do João Escada, que é técnico de estrada deles desde os anos 90. E pesquisei em arquivos de jornais e revistas».
Mas, ao longo dos quatro anos em que foi a sombra dos Xutos, Rolando também tirou muitas fotografias, algumas das quais agora publica no livro. «A primeira vez que vi os Xutos ao vivo foi em 1984. Desde aí, eu próprio guardei muita coisa».
A toda a pesquisa, Rolando Rebelo juntou as «muitas conversas ao longo das viagens, nos jantares, após os concertos», ao longo dos quatro anos em que mergulhou a fundo no mundo dos Xutos.
E os Xutos interferiram na escolha do material a publicar? «Não», responde Rolando rebelo. «Eu até lhes quis ir mostrando o que estava a fazer, mas disseram-me sempre: a gente vê isso no fim. O que está aqui foi escolhido por mim e pelo editor Francisco Camacho, da Leya. A banda sempre mostrou interesse em ser surpreendida. Tive carta branca deles».
E, apesar de já ser um profundo conhecedor dos Xutos, da pesquisa ainda resultaram histórias que surpreenderam o próprio autor? «Há muitos detalhes que me surpreenderam. E que vão surpreender mesmo os maiores fãs da banda, quando comprarem o livro».
«Mas o que mais me deixa espantado é como é que uma banda destas tem tanta consistência. É que eles trabalham muito, mas muito mesmo! Esta profissão do criar, do fazer algo de novo é muito exigente».
Outra coisa que surpreendeu Rolando Rebelo foi «a amizade que há entre eles». «Ainda no último ensaio, a que eu assisti, vi que eles foram lá só para dizer olá, para se encontrarem». Ao fim de 35 anos, é obra!
E as carreiras a solo dos membros da banda, podem destruir a sua união? «As carreiras a solo até têm cimentado essa união, além de que trazem novas ideias».
Rolando Rebelo: «Os Xutos fazem agora coisas diferentes do que faziam no início da sua carreira, mas também mantêm um certo som que lhes é fiel»
35 anos depois de nascerem os Xutos, há uma evolução que se nota? «O rock não dá para grandes voos, para grandes inovações. Os Xutos fazem agora coisas diferentes do que faziam no início da sua carreira, mas também mantêm um certo som que lhes é fiel».
Desde inícios do mês e, sobretudo, desde que o livro foi lançado a 4 de Novembro (10 mil exemplares), Rolando Rebelo tem andado numa roda viva de entrevistas e presenças em programas de televisão e rádio. E, destas suas andanças, resulta uma constatação: «a maior parte das pessoas pensa, por defeito, que vivemos todos em Lisboa. Quando contacto alguém para falarmos, dizem-me: então daqui a meia hora encontramo-nos no Rossio. E eu respondo: olhe que eu vivo em Portimão. Penso que não é preconceito, mas antes a força do hábito. Há a noção de só em Lisboa é que alguém pode fazer um livro como o que eu fiz…»
Qual a diferença entre os Rolling Stones (“Rolling Stones em Portugal” foi o seu livro anterior) e os Xutos? quis o Sul Informação saber. «A única diferença que que uns cantam em inglês e outros em português. Quer num livro, quer no outro, contei com a participação e colaboração das bandas. A diferença é que o livro dos Xutos é o livro oficial», garante o autor.
E agora? Qual a banda que se segue? «Faço o livro sobre a melhor banda do mundo e faço o livro sobre a melhor banda de Portugal. Depois disto, já nada mais me resta. Mas tenho aí uns projetos…», responde Rolando Rebelo, misterioso.
Lisboa
18 de Novembro, 18h30
Fnac do Colombo
Presença dos elementos da banda
Livro apresentado por Jorge Sampaio, antigo presidente da República, que escreve o prefácio
Portimão
22 de Novembro, 18h30
Teatro Municipal de Portimão
«Virá quase toda a banda, nomeadamente o Zé Pedro, o Gui e o Cabeleira»
Porto
25 de Novembro, 19h00
El Corte Inglés
Livro apresentado por Manuela Azevedo, dos Clã