Milhares de pessoas passaram, a 10 e 11 de Julho, pelo Salir do Tempo, evento que recriou o período da Reconquista, momento da História Portuguesa em que esta localidade do concelho de Loulé foi ponto estratégico.
Entre mouros e cristãos, entre nobres e populares, mendigos e representantes do clero, bobos da corte e guerreiros, bailarinas de dança do ventre e cuspidores de fogo, várias personagens animaram o recinto e trouxeram uma atmosfera singular à pacata vila.
Numa constante interação com o público, os animadores da Viv’Arte personificaram essas figuras de um tempo distante, mas aqui estiveram também presentes os carismáticos Los Chuplas, a dupla que, ano após ano, interpreta uma rábula de saltimbancos, ou os bobos Ramones e Charneca, enquanto que a Associação Artística Satori apresentou um espetáculo de fogo alusivo a esta época.
A recriação dos torneios medievais foi um dos pontos de maior interesse para os espectadores, mas os mais novos puderam divertir-se na zona dos jogos medievais, com destaque para o arco e flecha.
Na zona de animais, a exposição de falcoaria, os dromedários ou as serpentes foram captados pelas muitas máquinas fotográficas, enquanto que nas bancas de artesanato o visitante pôde encontrar da bijuteria árabe, às esculturas de fadas e elfos, passando por réplicas em madeira de escudos e espadas, coroas de flores até aos produtos agroalimentares como frutos secos e frutos desidratados.
A animação musical esteve a cargo dos grupos Al Folk, Arraia d’Olos, Eduardo Ramos e Rakhatta, que trouxeram a música medieval e sefardita aos palcos do Salir do Tempo.
Na área da gastronomia pretendeu-se igualmente recriar a alimentação da Idade Média e nem os utensílios utilizados pelos comensais foram deixados ao acaso, já que todos os talheres usados pelos espaços de restauração eram de madeira, os pratos em pão e os copos de barro, enquanto os nomes apresentados nas ementas de pergaminho continham nomes alusivos a esta época.
De uma forma divertida, e por vezes usando o humor como instrumento pedagógico, o Salir do Tempo pretendeu mais uma vez servir de veículo de transmissão do conhecimento da História.
Nesse sentido, no Polo Museológico de Salir, o visitante pôde apreciar a exposição de vários objetos do período islâmico, nomeadamente peças do quotidiana muçulmano, como vasos, jarros, entre outros, encontrados após as escavações arqueológicas feitas durante anos junto às ruínas do Castelo.
Este espaço pretende também dar a conhecer a importância e posição estratégica de Salir durante o período da conquista do Algarve aos mouros.
O Castelo de Salir terá sido construído durante a ocupação Almóada, no século XII, e foi o local escolhido por D. Paio Peres Correia para esperar por D. Afonso III, para juntos desencadearem a tomada do Algarve aos mouros, tornando-se então uma praça-forte em que o Castelo de “Sellir” (designação árabe) deteve um papel privilegiado.
Terá sido incendiado e reconstruído por duas vezes, restando, apenas, ruínas das suas muralhas.
A Câmara Municipal de Loulé, enquanto organizadora deste evento, sublinha que foi «mais um êxito nesta edição, não só pelo número de visitantes que por aqui passaram, mas também pela dinamização desta vila do interior nestes dias, pela qualidade artística apresentada pelos grupos de animação e pela importância do Salir do Tempo na promoção da História do concelho e valorização do seu património material e imaterial».