A 2º edição do festival Som Riscado vai levar à cidade de Loulé, entre esta quarta-feira e domingo, 8 de Abril, concertos, performances, instalações, formação e atividades para crianças/jovens e famílias.
O festival procura fazer uma releitura contemporânea, pelo som-palavra-imagem, do universo dos ofícios tradicionais (inclusive dos ligados à realidade louletana), numa extensão daquilo que é já prática na política cultural da cidade.
«Vai ao encontro daquilo que fazemos no Cine-teatro e da iniciativa Longe é Aqui, envolvendo uma banda de caráter nacional com um artista de âmbito regional. O som riscado é um pouco provocatório. Pretende dar hipóteses aos artistas da terra, trazendo bandas e nomes de fora. para que ambos possam usufruir de destaque, principalmente os algarvios» refere Rita Moreira, chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Loulé, ao Musicália | Sul Informação.
Musicalmente vão marcar presença, entre outros, DJ Ride, The Happy Mess, Orblua com Tiago Pereira, Noiserv com Luís da Cruz e a dupla Filipe Raposo e António Jorge Gonçalves, com a Escola Secundária de Loulé.
A banda lisboeta Happy Mess, apresenta-se no dia 8 de Abril, no Cineteatro Louletano e, com um single recentemente lançado, Loulé será das primeiras cidades a conhecê-lo ao vivo.
«Para o Som Riscado vamos apresentar o single que estreia, no dia 7, no Musicbox e depois, no dia 8, em Loulé. Além desta música nova, estamos a prever que possa acontecer mais um ou outro adiantamento do álbum que já estamos a criar, mas também haverá a apresentação do álbum anterior», avança a vocalista e teclista Joana Duarte.
A banda vai aproveitar para dar uma nova roupagem a algumas músicas, tentando atualizar alguns dos temas que marcam já o percurso dos Happy Mess.
Também no sábado, 8 de Abril, mas às 15h30, acontece um concerto que junta a música dos algarvios Orblua e as imagens do realizador Tiago Pereira, num acontecimento anunciado como de edição única.
«É um espetáculo sobre as mãos, as profissões, sobre os artesãos, as tradições antigas de trabalho manual, é muito incisivo nessa área. Na componente musical não só aproveitámos algumas músicas que já tínhamos, como fizemos um grande trabalho de composição para apresentar temas que falem de algumas das profissões emblemáticas da identidade algarvia» explica Carlos Norton, músico dos Orblua.
A esta componente musical, juntam-se as imagens recolhidas por Tiago Pereira, na sua Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, projetadas em formato VJ, numa ilustração das mãos que, ainda hoje, dão vida às tradições portuguesas.
No último dia, domingo, Noiserv sobe ao palco para interpretar uma “banda sonora” para imagens do fotógrafo algarvio Luís da Cruz, num projeto que procura ainda caminhos para a sua execução.
O mentor do projeto Noiserv revela ao Musicália | Sul Informação que «não será uma mera sequência de fotografia atrás de fotografia. Haverá um jogo de luz que irá jogar comigo e com as imagens. Ao contrário de um concerto normal meu, em que há um registo de música e, pelo meio, vou falando, haverá um bloco de músicas seguidas em que há um conjunto de imagens visuais a suportar o som».
Os temas apresentados serão os do reportório do músico, mas houve o cuidado de os escolher para que se encaixem no conceito da “parceria” entre som e imagem. Estas propostas desafiantes agradam a David Santos, até porque nem sempre é possível inseri-las no meio das digressões, onde o alinhamento das músicas é pré-definido.
«Quando aceitas projetos diferentes, pões-te como espetador do teu concerto e, neste caso, estou a ouvir e a escolher a ordem das músicas para que ela faça sentido às pessoas. Não só pela música, mas pelo conjunto que irá existir entre a fotografia e o som. No meu caso, que trabalho sozinho, considero importante trabalhar com outras pessoas, saber o que pensam e o que é que as minhas músicas dizem aos outros», confessa David Santos.
A programação inclui ainda workshops com DJ Ride e um de Microscopia Sonora, com a associação portuense Sonoscopia, e tem uma componente inclusiva com um concerto-dança para surdos.
Sendo um festival dirigido a crianças, jovens e famílias, muitas das atividades acontecem em escolas, tendo sido estabelecidas parcerias com a ETIC, a Escola Secundária de Loulé e a Universidade do Algarve, «onde durante três dias houve uma formação, que se iniciou antes do festival, mas que vai dar frutos durante o festival. A pedagogia é trazer novas linhas de orientação para a arte trazendo as propostas performativas e visuais criando conversas e diálogos entre a música e a imagem», remata Rita Moreira da Câmara Municipal de Loulé.
A programação completa do Festival Som Riscado pode ser consultada aqui ou na página de Facebook do Cine-Teatro.
Oiça as entrevistas: