Os torneios da Feira Medieval de Silves, que se realiza de 11 a 20 de Agosto, vão recordar um presente de D. Afonso VI de Castela a Ibn Ammâr.
Estes torneios têm duas sessões diárias: às 20h00 e às 22h30, «numa liça construída de forma a fazer jus à época, cavaleiros e combatentes apeados defrontam-se com grande maestria, mostrando aos presentes como seriam os combates de outros tempos», diz a Câmara de Silves.
E de que presente estamos a falar? «D. Afonso VI de Castela presenteou o vizir muçulmano com um magnífico torneio de armas a cavalo, que será reproduzido nos torneios a realizar durante a Feira Medieval e a que todos estão convidados a assistir. O contexto histórico será o real, mas a realização e oferta do torneio são imaginários, tal como serão fantasiados o local e o ambiente onde decorre a ação», diz a autarquia.
Os visitantes serão convidados a recuar até à segunda metade do século XI, época em que a Xilb, até aí reino independente, perde a sua autonomia e é inserida no reino Taifa de Sevilha. É um período de alguma acalmia interna mas marcado por episódios de confronto com outros estados que o forte reino de Sevilha pretendia aglutinar.
Em Silves, o governante foi Al-Mut’amid, o célebre rei poeta, tendo-se-lhe seguido Ibn Ammâr, seu amigo de longa data, tão dotado para a poesia como para a política e uma das figuras mais marcantes da história daquele território.
Nascido em 1031 em Xanabûs (S.Brás de Alportel), é figura central de uma das cidades mais esplendorosas do Gharb al-Andalus, Xilb – e absolutamente indissociável de Al-Mut’amid, que conhece na corte de Sevilha.
«Ibn Ammâr é um homem de letras mas também um hábil diplomata, tornando-se imprescindível ao rei de Sevilha, que coadjuva no desenho da sua estratégia politica e militar. Com a ida de Al-Mut’amid para Sevilha Ibn Ammâr torna-se vizir da Xilb mas continua a auxiliar a empresa expansionista do reino Abádida», explica a Câmara de Silves.
A estratégia utilizada para manter o reino de Sevilha em poder dos Abádidas ficou célebre: a disputa de um torneio de xadrez em que quem ganhasse poderia pedir o que quisesse ao derrotado. Ibn Ammâr derrotou o rei de Castela e pediu-lhe que abandonasse de imediato o território que mantinha cercado. Sevilha manteve-se, assim, nas mãos dos muçulmanos.