A primeira etapa do Dakar2016 foi este domingo cancelada devido às «condições meteorológicas extremas» no percurso, na Argentina, que impediram a deslocação do dispositivo de segurança para a região onde decorria a jornada, anunciou o diretor da prova Etienne Lavigne.
Segundo o comunicado divulgado pela organização na página oficial do Dakar2016, «o dilúvio que caiu nas primeiras horas deixou o percurso irreconhecível. Vários rios formaram-se ao longo da especial, inundando a pista e tornando-a intransitável. Para piorar a situação, as aeronaves não foram capazes de descolar devido às grossas nuvens baixas, deixando ao diretor de prova Étienne Lavigne apenas uma opção realista»: cancelar a etapa, quando já estava a decorrer.
«O Dakar não pára quando chove, mas sim quando não se pode garantir o dispositivo de segurança habitual. As condições meteorológicas são muito más. O avião [que assegura as comunicações via rádio] não pode voar, os helicópteros não podem descolar e a situação não vai melhorar», disse Etienne Lavigne, em declarações à AFP.
A partida do troço cronometrado, prevista para as 7h00 locais, tinha sido inicialmente atrasada devido ao mau tempo, que obrigou mesmo o helicóptero da direção a pousar a cerca de 60 quilómetros do local.
A organização aguardava uma melhoria das condições ao final da manhã, mas acabou por cancelar a etapa, pelo que a caravana vai ser redirecionada, através de um percurso alternativo de ligação.
A organização explica, no comunicado divulgado na sua página da internet, que os concorrentes vão agora para Villa Carlos Paz, de acordo com as regras de ligações entre etapas. As motos e os quads vão fazer esse percurso de ligação em comboio, enquanto os carros estão autorizados a viajar por conta própria.
Os camiões não tinham ainda partido do acampamento em Rosario, por isso estão a dirigir-se para o local onde deveria terminar a etapa de hoje seguindo a rota para os veículos de assistência.
Escusado será dizer que não houve alterações na classificação e o início da 2ª etapa será amanhã feito com base nos lugares no final do prólogo de ontem: Joan Barreda (Honda), Ruben Faria (Husqvarna) e Helder Rodrigues (Yamaha), respetivamente 1º, 2º e 3º sairão à frente nas motos, e Bernhard ten Brinke (Toyota) será o primeiro carro.
Ruben Faria salienta que, «com a anulação da etapa, fizemos cerca de 500 quilómetros em alcatrão, debaixo de chuva torrencial. As previsões para amanhã continuam a ser de chuva».
O cancelamento da etapa deste domingo obriga o piloto algarvio e a sua equipa Husqvarna a repensar a sua tática: «com a anulação da etapa a nossa estratégia terá de ser revista», acrescenta Ruben.
A etapa de amanhã, que ligará (espera-se) Villa Carlos Paz a Termas de Río Hondo, será complicada, para dizer o mínimo. Uma secção inicial de ligação de 70 km levará os competidores para o início da segunda especial, a mais longa da edição de 2016.
Com 510 km de pistas simples, mas rápidas no menu para os carros e camiões, e 450 km para as motos e quads, poderão surgir as primeiras diferenças entre os favoritos em cada categoria. O fim da especial encontra-se a cerca de 250 km de Termas de Río Hondo.
Este ano, devido à intensificação do fenómeno meteorológico El Niño, a América do Sul tem sido fustigada por mau tempo, razão que até levou o Chile a retirar-se da organização do Dakar de 2016.