O futebol sénior no Algarve pode sofrer alterações significativas já na próxima época, estando em estudo a criação de uma Segunda Divisão Distrital à imagem do que já aconteceu no passado. A Associação de Futebol do Algarve tem a expetativa que o número de equipas inscritas para 2015/2016 cresça, o que pode permitir esta solução. No entanto, há outras soluções em cima da mesa para dotar o futebol algarvio de maior competitividade.
Carlos Alves Caetano, em entrevista ao Sul Informação considera que é necessário «pensar o que queremos para o futebol distrital sénior. Há uma “corrente” que preconiza uma Primeira Divisão e uma Segunda Divisão. E há duas épocas que temos vindo a implementar medidas no sentido de criarmos uma Segunda Divisão. No ano passado não conseguimos fazer isso, mas estamos muito esperançosos que este ano tenhamos equipas suficientes para que, se for esse o caminho, o consigamos».
Para que isso venha a acontecer, Alves Caetano já tem medidas preparadas para incentivar mais clubes a inscrever-se. «Com o apoio forte a nível da redução do valor das inscrições e com um acordo com os núcleos de arbitragem para que os árbitros cobrem neste escalão o mesmo que cobram nos juniores, pensamos que vamos conseguir ter equipas em número suficiente para criar uma segunda divisão», reforça.
Pensamos que vamos conseguir ter equipas em número suficiente para criar uma segunda divisão”.
Mas a possibilidade de existirem duas divisões não é a única solução em cima da mesa, ainda que a alternativa seja mais difícil de concretizar. «Outro caminho é termos uma única divisão com duas zonas, mas neste momento temos um problema: há equipas que face à estrutura financeira não têm condições para custear a despesa de uma primeira divisão sénior. Temos equipas que têm interesse em participar desde que possam jogar na sua casa, em campos pelados que, pelo regulamento na primeira divisão, não podem. Também temos equipas que, competitivamente, preferem jogar na segunda divisão, porque na primeira há resultados muito desnivelados. Este ano tivemos resultados com mais de sete golos diferença», explicou Alves Caetano.
Segundo o presidente da Associação de Futebol do Algarve, «este ano temos expetativa de termos 24 a 25 equipas séniores», até porque há clubes que mostram mais interesse em jogar numa segunda divisão do que na primeira. «No ano passado podíamos ter feito o campeonato com 19 equipas [teve 18], como no ano anterior, mas havia uma equipa que queria jogar, mas só na segunda divisão, que era o Salir. Há uma série de equipas como o Serrano, que pode vir a ingressar, com estas medidas que temos, e não acredito que queira ir jogar para Messines ou outro sítio. Quer jogar, mas no campo que tem [pelado]. Há também o caso do Santaluziense, ou dos Machados, que têm campos pelados. Há uma série de clubes que podem voltar, mas se existir uma divisão única, não participam. Destas 24 ou 25 equipas, reduz-se para 21 ou 22», explica.
O facto de, no início desta época, não estarem previstas descidas de divisão, não será um problema segundo Alves Caetano uma vez que «o regulamento de provas oficiais fala em 16 equipas e tivemos uma reunião com os clubes, antes do início da época passada, onde ficou estabelecido que podiam descer até 14, mas isso nem inscrevemos no regulamento. A nossa ideia é cumprir com as 16 equipas que regulamento prevê. O que aconteceu no ano passado é que houve algumas equipas repescadas da segunda para a primeira divisão como o Carvoeiro United, o Mexilhoeira Grande, ou o Farense B, mas depois decidiu-se que íamos avançar para um campeonato com uma divisão única. Portanto, por aí, não vamos defraudar expetativas de ninguém, isso ficou definido. Se for o caso de existirem duas divisões, pode-se avançar, se for só uma, vamos ver quantas equipas são e como vamos fazer», adianta o dirigente.
O caminho será evoluir para 12 equipas e fazer uma divisão claramente pró-nacional, com um caráter competitivo muito forte, onde existem descidas”.
A médio prazo, há outras alterações a ser estudadas, como a possibilidade de reduzir os clubes que disputam a subida ao Campeonato Nacional de Séniores. «Temos de pensar se queremos uma Primeira Divisão mais abrangente como temos tido nestas três épocas, ou se queremos uma mais curta mas mais competitiva. Este ano vamos ter a jogar equipas como Quarteirense, Ferreiras, Lagoa, Silves, ou o Moncarapachense, portanto equipas que tradicionalmente estiveram nos escalões nacionais. Não será esta época, porque já disse aos clubes que vamos ter um mínimo de 16 equipas no campeonato da primeira divisão mas, muito provavelmente, o caminho será evoluir para 12 equipas e fazer uma divisão claramente pró-nacional, com um caráter competitivo muito forte, onde existem descidas», revela Alves Caetano.
Temos a Primeira Divisão muito estendida, com resultados muito desnivelados. Se tivermos uma competição com equipas mais próximas, criamos mais competitividade e conseguimos criar mais interesse no público”.
«Muitas equipas que agora participam na Primeira Divisão, a partir da 8ª jornada, estão a jogar para cumprir calendário. As hipóteses de subida desapareceram e algumas delas nem tinham essa pretensão», acrescenta.
As alterações competitivas podem ajudar o futebol distrital a levar mais público aos estádios, normalmente em número reduzido na maioria dos jogos. Para o presidente da AFA, isso «tem muito a ver com o interesse e motivação que os jogos têm. Temos a Primeira Divisão muito estendida, com resultados muito desnivelados. Se tivermos uma competição com equipas mais próximas, criamos mais competitividade e conseguimos criar mais interesse no público. As pessoas preferem ir ver um jogo da Segunda Divisão com interesse competitivo, do que da Primeira que sabem, à partida, que uma das equipas não tem hipótese e só vão ver se perde por 5, 7,8 ou 10. A incerteza no resultado cria-nos entusiamo. Temos de trabalhar por aí para levar mais pessoas aos estádios», concluiu.