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São “diferentes”, mas a Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve (APEXA) não os deixa ficar fora de jogo. O futebol adaptado é, ali, muito mais do que um simples jogo: cria lanços, «ajuda-os no dia a dia» e até já deu uma taça à associação de Albufeira. Os utentes da APEXA não têm grandes luxos, muito menos salários chorudos, mas um só objetivo: «superarem-se em todos os treinos».

No Pavilhão Desportivo de Albufeira, há pinos, arcos e bolas. Vindos do balneário, os cinco futebolistas do dia vão chegando para o treino: Samuel Inglês, Tiago Silva, Vera Monteiro, Miguel Lopes e Ângela Gomes. Têm idades diferentes, deficiências distintas e até capacidades físicas que não são coincidentes.

Samuel, que tem Síndrome de Down, é o mais eufórico. Os exercícios de corrida fá-los a sorrir. «É a nossa estrela», diz o treinador Filipe Alcântara. Samuel confessa ao Sul Informação a alegria que é jogar na APEXA. «Somos todos muito amigos».

Questionado sobre se tem um jogador preferido, o atleta escolhe uma equipa inteira. «O Benfica! Gosto de todos os jogadores», revela, sorridente.

 

Após a corrida inicial é tempo de fazer remates à baliza. «Tento sempre adaptar os treinos a cada um, porque isto também os ajuda a nível motor», explica Filipe. Esforçados, depois de receberem a bola das mãos do colega Tito Alves, que anda numa cadeira de rodas, todos disparam remates à baliza. Uns dão golo, outros vão ao lado, mas ali isso pouco importa.

«O nosso objetivo é mais que eles mantenham as aptidões existentes, do que a própria progressão, mas qualquer pequena evolução é uma grande vitória», diz o treinador.

E nem o facto de os seus pupilos não terem a mestria de outros praticantes de futebol belisca o seu orgulho. «Quando começamos a trabalhar com pessoas nesta área, incluímo-nos no grupo e somos parte dele», explica.

A classe de futebol adaptado da APEXA, que foi criada em 2006, nasceu de um exemplo longínquo. «Durante o mês de Março, tínhamos várias equipas holandesas a virem estagiar para o Algarve, que nos propunham jogos», conta Nuno Neto, presidente da associação, enquanto assiste ao treino.

Da proposta nasceu a equipa, também como exemplo de ética no desporto. «O orgulho que nos dá ver estes atletas a divertirem-se é muito grande», diz.

E agora já há, todos os anos, uma grande prova organizada pela APEXA: o Torneio Internacional de Futebol Adaptado do Algarve (TIFAA), que a associação já ganhou.

 

A edição deste ano é no próximo sábado, dia 18 de Março, e vai reunir 12 equipas, no Estádio Municipal de Albufeira. Prognósticos para a associação algarvia? «Dar o nosso melhor», diz, entre risos, Filipe.

Apesar de os treinos da APEXA serem num pavilhão, a competição disputa-se num campo de futebol de sete. Tal não é visto por Nuno Neto como um problema: «temos a ajuda da Câmara, que nos disponibiliza o pavilhão. Aqui conseguimos treinar com chuva, por exemplo», explica.

O jogo também tem algumas regras: as equipas são mistas e os jogadores estão divididos em quatro classes (A, B, C e D). No TIFAA, estes futebolistas vão ter, como colegas de equipa, utentes de outro projeto da APEXA: o Escolhas.

Depois da corrida e dos remates à baliza, Filipe dá o treino, mais curto do que o habitual, como terminado. É tempo de os pupilos voltarem aos balneários.

«Na cultura portuguesa, quando alguém tem um problema desta natureza, é dado como um caso perdido. Isto é um exemplo de como não é!», conclui Nuno Neto, de olhos postos nos utentes da APEXA.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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