Bola lá, bola cá: a direção do Olhanense emitiu, esta sexta-feira, 5 de Maio, um comunicado em resposta à carta aberta, assinada por Luigi Agnolin, presidente da SAD, onde acusa a Sociedade Anónima Desportiva de ter «pessoas prepotentes que não sabem como se constrói uma equipa de futebol».
Tal como a carta emitida pela SAD, que veio na sequência de uma notícia do Sul Informação, este documento é veemente nas críticas.
O reconhecimento de Agnolin «da responsabilidade pelo desaire sofrido no campeonato prestes a terminar não nos merece qualquer comentário, mas tão só estranhar que se procure passar a culpa do desaire sofrido, para o presidente do Olhanense, para o presidente da Câmara Municipal e para os sócios do nosso clube», lê-se logo no início do comunicado.
Na carta aberta da SAD, era deixada em aberto a possibilidade de, para o ano, a equipa de Olhão deixar de jogar no Estádio José Arcanjo.
«Quer o presidente da SAD fazer crer que pretendia ajudar financeiramente o clube, quando na realidade, ao longo de um ano da sua administração, não pagou uma única renda do Estádio. E, a única que pagou, reporta-se a uma negociação quebrada pela própria SAD, em que o clube, à mercê de tanta pressão e no intuito de colaborar com a SAD, aceitou reduzir aos valores mínimos possíveis o valor de renda do Estádio», defende a direção.
«Não pretendem pagar ao Olhanense o justo valor pelo uso das instalações desportivas (que incluem relvado, bancadas, camarotes, camarotes de imprensa, posto médico, ginásio, vários gabinetes administrativos, sistemas de CCTV, sala de imprensa, bilheteiras, torniquetes, equipamento informático, câmaras fotográficas e equipamento utilizado para marketing, site do clube e todo um património imaterial incalculável)», acrescenta o comunicado do clube.
É que, segundo a direção, «o preço acordado foi reduzido ao mais ínfimo valor minimamente aceitável, mas ainda assim vêm agora dizer que não pretendem pagar».
Também no comunicado, o clube responde às acusações da SAD face a pagamentos de cerca de 200 mil euros que a Sociedade Anónima Desportiva fez, em Abril de 2016, para evitar processos-crimes cometidos pela administração liderada por Isidoro Sousa.
«É do conhecimento público que, durante a presidência de Isidoro Sousa, este sempre foi marginalizado pelo Conselho de Administração, pelo que as decisões eram tomadas exclusivamente pelos investidores», diz a direção.
«Relembramos que o clima de tensão entre clube e SAD se iniciou quando a direção do Olhanense se opôs à deslocalização dos jogos para o Estádio Algarve e quando Isidoro Sousa se negava a assinar às cegas documentos de gestão financeira e futebolística, e ainda quando se recusou a prestar garantias imobiliárias do Clube, que iriam servir de garantia ao PER (Processo Especial de Revitalização) da SAD», acrescenta.
Esta troca mútua de acusações começou com Isidoro Sousa, entretanto reeleito como presidente do clube de Olhão, a garantir, em entrevista exclusiva ao nosso jornal, que tinha novos investidores para a SAD do Olhanense, caso a administração italiana saísse.
Só que, na carta da SAD, é dito «nos últimos quatro anos, foram apresentados investidores de várias nacionalidades, nigerianos que não chegaram porque lhes faltavam os vistos, russos e chineses que nunca chegaram a aparecer, e um luso-britânico que conversou durante meses com Isidoro Sousa, mas que desapareceu ao pedido de garantias e evidências de fundos».
Face a isto, argumenta a direção: «referem que, nos últimos quatro anos, o presidente do Olhanense apresentou diversos investidores interessados na compra da SAD, mas que os mesmos nunca apareceram, colocando uma dúvida clara nesse facto. Porém, Isidoro Sousa dispõe de provas que exibirá a todo o tempo de que os investidores existem e que o seu interesse foi real. Não brincamos com coisas sérias, nem mentimos para pressionar seja quem for».
«Contraíram dívidas de mais de 3 milhões de euros em apenas quatro anos, sem conhecimento prévio do Olhanense, e agora querem que o clube e os seus sócios paguem por 20% da mesma. Cometem todo o tipo de atrocidades e loucuras durante quatro anos e depois, quando deixam de ver sequer uma luz ao fundo do túnel, vêm afirmar que vão pedir uma reunião de urgência com a Câmara de Olhão», acrescenta, em tom de forte crítica, o comunicado do clube.
Segundo a direção, ao longo destes quatro anos, foram tomadas, pelo clube, medidas para a autossustentabilidade financeira, com a redução de custos a «nível do pessoal e ao nível da segurança social, bem como as alterações que foram feitas na exploração do bingo e os benefícios obtidos com a aprovação do segundo PER».
Este órgão do clube faz, ainda, referência aos «resultados alcançados no futebol de formação, que são hoje um dos melhores da história do clube».
A concluir… mais acusações: «Quem é que afinal traçou o clima hostil? Não foi a SAD que deixou de pedir opiniões ao presidente Isidoro Sousa e à sua direção? Não foi também a SAD que levou o futebol de Olhão para o Estádio Algarve? Não foi a SAD que acabou com um dos melhores departamentos de marketing do país? Não foi a SAD que afastou os cerca de 6 mil sócios para os atuais 500/600 sócios? Não acabaram com elementos que pretendiam ligar o clube à sua terra como a mascote moss, a interação com as escolas e as arruadas pela baixa da cidade em fim-de-semana de jogos para promover os mesmos e a proximidade da equipa de futebol aos seus adeptos?».
Depois de a nível de futebol profissional, ter já confirmado a sua descida ao Campeonato Nacional, a guerra aberta entre direção do clube e administração da SAD faz prever tempos ainda mais difíceis para o emblema da cidade de Olhão.