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Foi com um «misto de cansaço e de alegria» que João Paulo Félix atravessou o pórtico instalado no Jardim Manuel Bívar, depois de ter percorrido, a correr, a totalidade dos 738,5 quilómetros da EN2, entre Chaves e a capital algarvia, onde chegou na manhã desta segunda-feira.

O ultramaratonista, que foi o primeiro a correr a estrada na totalidade, foi recebido por amigos, alguns curiosos, e pelo vice-presidente da Câmara de Faro Paulo Santos, que entregou a João Paulo Félix uma lembrança para assinalar o feito do sociólogo de 47 anos, natural de Salvaterra de Magos.

A aventura de João Paulo começou no dia 1 de Agosto e terminou ontem, com 52 quilómetros percorridos por dia. Parece muito, mas quem pensa que chegar a Faro foi um alívio para o ultra-maratonista, engana-se.

Minutos depois de ter parado de correr, João Paulo Félix confessou ao Sul Informação estar «contente, porque cheguei ao final de um objetivo, mas, por outro lado, tinha vontade de continuar, porque me sinto bem, quer física, quer psicologicamente».

O sociólogo diz que este «é um desafio duro e difícil, mas recomendo».

Questionado sobre os momentos de maior dificuldade, João Paulo Félix recorda as etapas entre o Peso da Régua e Lamego e entre Lamego e Viseu. «Foi muito difícil, partiu-se uma mochila e tive de carregar tudo durante 44 quilómetros. Além disso, estava muito calor e o piso da estrada é muito partido, massacra muito os pés. No Alentejo, esteve calor, mas foi mais suportável».

Para superar as dificuldades, o ultramaratonista contou com o apoio dos amigos que o foram acompanhando pelos muitos quilómetros de estrada. «Tive uma sorte enorme. Estava preparado para passar momentos sem água, mas esta foi a “corrida dos afetos” e senti-me apoiado em todo o momento».

João Paulo Félix chegou pela segunda vez a Faro depois de ter percorrido a N2. No ano passado, de bicicleta,  fez o mesmo percurso, e foi logo aí que se desafiou a si próprio para esta nova aventura.

«Esta é uma corrida do país que pode ajudar a mostrar e a divulgar as paisagens, as gentes, a gastronomia, os sítios e a sua beleza e agora há muitas pessoas interessadas em fazer a N2 em várias modalidades», considera o atleta.

Mas há uma coisa que só João Paulo Félix poderá fazer: «vou chegar a casa, olhar para o mapa, e vou pensar: “já corri o meu país”. Esse é um sentimento brutal. Estou até a pensar trocar o carro e ir a correr para o trabalho», gracejou.

Os 738,5 quilómetros percorridos por João Paulo Félix ajudam à sua satisfação pessoal, mas  ajudam também outras pessoas. «Esta t-shirt foi doada à Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, que vai fazer um leilão online com ela. As receitas revertem na totalidade para a  SPEM», conclui João Paulo Félix.

 

Fotos: Nuno Costa|Sul Informação

 

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