Miguel Oliveira, vice-campeão do Mundo de Moto3, quer lutar pela vitória da equipa Parkalgar na etapa algarvia do FIM EWC – Endurance World Championship/Campeonato do Mundo de Endurance, que se disputa de 10 a 12 de Junho, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão.
Confessando que «já há muito tempo» não experimenta «o sentimento de correr em Portugal», aquele que é o melhor piloto português de motociclismo de todos os tempos, afirmou ontem, na apresentação da equipa algarvia Parkalgar Racing, ir «dar tudo» de si, para «poder carregar a bandeira de Portugal às costas e brindar o público português com um bom resultado».
«É um desafio novo», admitiu Miguel Oliveira, para quem o «Campeonato do Mundo de Moto2 é a prioridade» atual. «Mas quis pôr muito de mim também nesta participação» no Mundial de Endurance, confessou.
Miguel Oliveira faz equipa com outro Miguel, o Praia, que também já foi o melhor piloto português de motociclismo e se retirou das competições oficiais no fim da época passada. A Parkalgar Racing Team terá ainda um terceiro piloto, que não está escolhido, mas que não deverá ser português.
Ontem, perante os olhares dos jornalistas de todo o país, o Autódromo do Algarve foi palco para apresentar a única equipa portuguesa a disputar as 12 Horas de Resistência de Portimão, a ronda lusa deste Mundial de Endurance que pela primeira vez se apresenta em Portugal. Mas foi também apresentada a moto Yamaha R1, de 1000 centímetros cúbicos, com especificações Superbike, com a qual o trio de pilotos da Parkalgar irá lutar pela vitória.
Miguel Praia, por seu turno, salientou que «o nosso principal objetivo é vencer». Mas, admitiu, «temos muito que fazer: a nossa experiência é em corridas de sprint, de 40, 50 minutos no máximo. E aqui vai ser completamente diferente. Temos que nos preparar a nós e de afinar a mota para esta distância. Vai ser uma corrida de equipa no verdadeiro sentido da palavra, vamos ter que nos ajudar muito, o trabalho terá de estar muito bem oleado, não só o nosso como o dos mecânicos, a troca das rodas, tudo».
O piloto algarvio, que durante vários anos representou a Parkalgar nos Mundiais de Supersport, salientou que a equipa será «uma espécie de seleção nacional, juntando os dois Miguéis e juntando o melhor que existe em Portugal, com o melhor circuito nacional».
Paulo Pinheiro, administrador da Parkalgar, que gere o Autódromo Internacional do Algarve, fez questão de sublinhar que a equipa lusa terá «os dois pilotos que são os melhores de sempre na história do Motociclismo em Portugal».
«Nunca pensei que fosse possível juntar o melhor piloto português, o Miguel Oliveira, com o anterior melhor piloto português, o Miguel Praia. Temos aqui os dois melhores pilotos de sempre em Portugal», frisou. «Esta combinação dá-me um orgulho enorme».
Pinheiro espera receber no Autódromo, durante o fim de semana prolongado de 10 a 12 de Junho, qualquer coisa como 50 mil pessoas. Para mais porque, garante, esta é «uma corrida diferente, sempre com muita adrenalina e muita animação à volta».
«Só em termos de organização – ou seja, equipas, pilotos, mecânicos – estamos a falar de cerca de 6000 pessoas» que virão ao Algarve para a prova do EWC.
Mas, disse Paulo Pinheiro ao Sul Informação, «nesse fim de semana, temos também o Campeonato de Espanha de Karts, são mais umas 1500 pessoas. Ou seja, nesses dias, vamos ter mais de 7000 pessoas aqui só diretamente ligadas às corridas, fora o público, que esperamos que acorra em força, por causa dos preços dos bilhetes e pelo facto de permitirmos que as pessoas circulem por sítios onde antes não podiam ir, como a Torre VIP, ou entre a pista de karts e o autódromo. Teremos também uma pista de karts cá dentro para o público se divertir. Queremos que isto seja uma grande festa e que as pessoas usem o fim de semana prolongado para se divertirem».
O administrador da Parkalgar, a empresa que gere o Autódromo do Algarve, admitiu que a reativação da equipa para esta corrida do Mundial de Endurance representou um «investimento grande». Mas acabou por ser mais fácil reunir os patrocínios necessários graças à presença do vice-campeão mundial de Moto3 e atual piloto de Moto2.
«Claramente, ter o Miguel Oliveira connosco permitiu-nos criar esta visibilidade junto das marcas e elas apostaram em nós – Banco CTT, Cofidis, Solverde, Pestana, Garrafeira Soares, Yamaha, – todas estas marcas permitiram-nos ter o orçamento necessário para reativar a equipa, com tudo como deve ser, com treinos, etc. Se não fosse assim, também não tínhamos embarcado nesta aventura».
Paulo Pinheiro garante o retorno não só para as marcas, como para o Algarve e para o país. «É um projeto que vai ter um impacto mediático enorme, pelo facto de termos o Miguel Oliveira, que é claramente neste momento um dos desportistas de topo em Portugal, e por ser uma corrida com um enorme retorno em termos televisivos. Não há nenhuma corrida que tenha um retorno televisivo como esta, pelo número de horas de exposição e transmissão e pela importância que o Eurosport está a dar a este campeonato. Por isso, pensamos que estão reunidas as condições para que seja vantajoso para qualquer empresa ligar-se a nós para esta corrida».
«O Eurosport pegou neste campeonato há dois anos, que está a ganhar importância. Tem uma cobertura televisiva enorme do Eurosport, são 12 horas de prova e grande parte da corrida vai ser transmitida em direto», acrescentou aquele responsável.
E, tendo em conta que esta é a primeira passagem do EWC pelo circuito algarvio, Paulo Pinheiro garante que tudo está a ser feito para que «a nossa prova se afirme como uma das melhores do campeonato».
Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, esteve também na apresentação da equipa Parkalgar Racing e da prova. Em declarações ao Sul Informação, o responsável máximo pelo turismo algarvio salientou: «somos uma região que tem de apoiar e apostar na diversidade da oferta, em tudo aquilo que vem como complemento ao Sol e Praia e ao Golfe».
E os desportos motorizados, não só as provas disputadas no Autódromo, como as experiências que as pessoas podem aí viver, nomeadamente na Racing School, «são algo de muito bom, para mais tendo nós um dos equipamentos mais fantásticos que existem em todo o mundo».
«Estas provas têm grande impacto internacional», disse Desidério Silva, que valorizou a transmissão das 12 horas de corrida no Eurosport, já que, «atrás da imagem da mota, vai também alguma coisa do Algarve».
Também Paulo Pinheiro espera que o trabalho da Parkalgar Racing Team e do Autódromo tenham «sucesso em termos desportivos, mas também resultados em termos de público e de divulgação da imagem de Portimão, do Algarve e de Portugal» pelo Mundo.
Provando que para atingir qualquer bom resultado é preciso trabalhar – e muito! – Miguel Oliveira e Miguel Praia foram experimentar a Honda R1 logo de seguida. E a velocidade a que passaram na reta da meta – perto dos 300 km/hora – foi apenas um aperitivo para a adrenalina dos dias do EWC, entre 10 e 12 de Junho, no Autódromo Internacional do Algarve.