O piloto português Paulo Gonçalves (Honda), que ontem recusou o estatuto de herói, por ter parado para ajudar um colega durante a etapa de sábado do Dakar2016, considerando-se apenas “um ser humano com respeito pelos outros”, parte hoje para a 8ª etapa do rali no 1º lugar da classificação geral em motos.
“Não sou um herói, sou um ser humano com respeito pelos outros”, escreveu o piloto na sua página no Facebook, acrescentando: “fiz aquilo que me competia, ao contrário, acredito que fizessem o mesmo por mim”.
“O Dakar é uma aventura de muito risco, de muito sacrifício, damos tudo por tudo ao longo de vários dias, milhares de quilómetros, e o risco está sempre à espreita”, acrescentou o piloto.
No sábado, durante a 7ª etapa, Paulo Gonçalves interrompeu a sua própria prova, para ficar cerca de 11 minutos junto ao austríaco Matthias Walkner (KTM), que tinha sofrido uma queda e partido uma perna.
Com isso, o português tinha perdido a liderança da classificação geral de motas, depois de ter sido 31º na tirada.
Mas a organização acabou por premiar o fair-play de Paulo Gonçalves, que, após os ajustes, acabou classificado no 3º lugar da etapa, a 1.56 minutos do vencedor, o francês Antoine Meo (KTM), e a três segundos do seu companheiro de equipa, o argentino Kevin Benavides (Honda).
O resultado revisto da etapa de sábado manteve o português no topo da classificação geral, com 3.12 minutos de vantagem sobre o australiano Toby Price (KTM), 2º classificado.
Depois de ontem, domingo, a prova ter cumprido o seu dia de descanso, disputa-se esta segunda-feira a 8ª etapa, entre Salta e Belén, na Argentina. Terá um total de 766 quilómetros, dos quais 393 divididos nos dois troços da especial.
A mudança de terreno que marca a entrada na segunda parte do rali, também deve marcar uma mudança no programa para os pilotos, que terão de enfrentar as primeiras secções de dunas da edição de 2016.
Os especialistas na travessia de dunas terão agora uma oportunidade para demonstrar as suas habilidades e até mesmo para ganhar vantagem.
Mas os pilotos irão também notar as dificuldades de navegação que foram introduzidas este ano, para complicar a sua existência. Muitos minutos podem ser perdidos pelos veículos que ficarem bloqueados na areia.
Depois do abandono de Carlos Sousa (Mitsubishi), nos carros, na 5ª etapa, devido a despiste, e do algarvio Ruben Faria, na 6ª etapa, devido a uma queda que lhe provocou um fratura no pulso direito e lesões na boca, há quatro portugueses que continuam no Dakar, todos nas motos.
Assim, Paulo Gonçalves (Honda) comanda a classificação geral, sendo agora Hélder Rodrigues (Yamanha) o segundo melhor português, ocupando o 7º lugar. Depois, surgem Mário Patrão (KTM) em 25º e Pedro Bianchi Prata (Honda) em 45º.