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Paulo Sousa, de 39 anos, tem um sonho: ser o primeiro português a atravessar o Estreito de Gibraltar a nado… e voltar. Mas esse sonho, além do enorme esforço físico que envolve, tem um outro custo, bem mais prosaico: 3100 euros. Para tentar angariar esse dinheiro, o nadador de Portimão lançou uma subscrição pública, através de um site de crowdfunding, o PPL, onde qualquer um de nós pode contribuir com quantias a partir dos 5 euros e ainda recebe uma recompensa.

Paulo Sousa chamou ao seu projeto «Um Desafio Nacional – Dupla Travessia do Estreito Gibraltar 2012». E desafio nacional porquê? Porque, até agora, nenhum outro nadador português conseguiu completar esta dupla travessia a nado do perigoso estreito que separa a Europa, em Tarifa (Espanha) e África, em Marrocos. No total, com ida e volta e os desvios provocados pelas correntes, serão cerca de 40 quilómetros em nado contínuo.

«É um bocado puxado!», admite o nadador e técnico superior de desporto de Portimão. «Já houve um português que tentou, o Nuno Vicente, mas não conseguiu. E ele até era melhor nadador que eu».

E porquê lançar-se assim a nadar no mar, sujeito às fortíssimas correntes do estreito, ao seu intenso tráfego marítimo, aos tubarões, às temperaturas da água, e sobretudo a ter de cruzar os 14,4 quilómetros de águas profundas que separam os continentes europeu e africano? E depois ainda voltar, sempre a nadar? Porquê?

Como os alpinistas que insistem em subir aos picos mais altos do mundo com risco da própria vida, Paulo Sousa explicou ao Sul Informação que quer fazer esta travessia porque «o esteito está lá…». «A dupla travessia já foi feita por outros antes de mim, mas eu gostaria de tentar a minha sorte». E, se conseguir, será o primeiro português a alcançar este feito.

Não se pense que Paulo Sousa é um novato nestas coisas. Em 2010, com mais três companheiros portugueses, concluiu com sucesso a travessia do Estreito de Gibraltar, entre Espanha e Marrocos. Na altura, Paulo já tinha 38 anos e foi, por isso, o português mais velho a alcançar esse feito.

Desta vez o desafio será a dobrar – ir e voltar, demorando cerca de 9h30, sempre a nadar.

As travessias a nado do Estreito de Gibraltar só se podem fazer com a autorização de uma entidade – a Asociación Cruce a nado del Estrecho de Gibraltar (ACNEG) – e depois de se fazer uma inscrição, que custa cerca de 2900 euros, mas inclui toda a logística da prova, desde as duas embarcações de apoio que acompanham os nadadores na travessia, à equipa médica pronta a entrar em ação de for necessário, às licenças fundamentais.

As regras da ACNEG permitem aos nadadores usar um fato de banho normal, tipo tanga, uma touca, óculos, tampões de ouvidos, protetor para o nariz e gordura para lubrificar o corpo devido ao atrito da água salgada no corpo. A travessia é feita dentro dos padrões de segurança possíveis e sempre apoiada pela ACNEG.

«Estas duplas travessias só se podem fazer em dois meses do ano, em junho ou em agosto. Tem a ver com as correntes. A ACNEG, em função das marés gerais previstas, decide qual será o melhor mês. E depois terei uma janela de 15 dias, em que terei de ir para Tarifa e estar disponível para fazer a travessia, quando houver condições para tal».

E porque é que as correntes são tão importantes na decisão da melhor altura do ano para fazer a travessia? Porque, se a corrente for demasiado forte, o nadador acabará por estar, literalmente, a nadar contra a corrente, sem quase conseguir sair do sítio. Ou seja, será um esforço inglório. «A minha velocidade de nado é de 4 quilómetros por hora. Se a corrente for superior, eu não faço lá nada», explica Paulo Sousa.

Para esta dupla travessia, o nadador de Portimão espera levar 9h30. Em 2010, quando cruzou o estreito com três outros companheiros portugueses, o ritmo teve de ser adaptado às capacidades de cada um e levaram 4h26. Mas agora, sozinho, Paulo espera levar “apenas” 9h30, a ir e voltar.

Para garantir isso tem-se dedicado afincadamente aos treinos. E são, nas suas palavras, «uma loucura de treinos». Todos os dias Paulo Sousa nada quatro a seis quilómetros, em piscina e no mar, assim como corre 15 quilómetros cinco vezes por semana. E, aos fins de semana, ainda faz 40 quilómetros de kayak de mar.

Mas para quê tanto esforço? «São gostos», responde simplesmente, com a certeza de quem sabe que tem que fazer aquilo porque sim. «E já passei este gosto pela natação no mar a outros elementos da O2», a associação de natação de Portimão onde Paulo é diretor desportivo e treinador.

É que, sublinha Paulo Sousa, «adoro nadar no mar. E depois todo aquele ambiente à volta da travessia do Estreito de Gibraltar é uma coisa extraordinária».

 

“Só” faltam 3040 euros…

Resumindo: para cumprir este seu sonho, Paulo Sousa “só” precisa de 3040 euros, já que, desde que lançou a sua campanha no site PPL, quatro apoiantes doaram 60 euros.

Mas ainda lhe falta muito e só lhe restam 53 dias para alcançar a quantia estipulada. «Coloquei um prazo de 70 dias para angariar o dinheiro. Se não conseguir, ao fim desse tempo o dinheiro angariado será devolvido a quem entretanto contribuiu. É assim que funcionam estas coisas».

Por isso mesmo, Paulo Sousa pede o apoio de todos e garante que «angariar o dinheiro é quase mais difícil que fazer a dupla travessia».
Para ajudar, basta ir ao site PPL onde está alojado o projeto «Um Desafio Nacional – Dupla Travessia do Estreito Gibraltar 2012», inscrever-se no site e depois escolher a quantia a doar (os pagamentos serão feitos por multibanco).

Quem apoiar o projeto não fica de mãos a abanar: além da alegria de ajudar o atleta a cumprir o seu sonho, cada apoiante receberá recompensas, em função da quantia doada. Pode ser a divulgação do seu nome nas redes sociais, assim como no vídeo final da Dupla Travessia, uma touca da associação de natação O2, uma t-shirt (exclusiva) sobre a Dupla Travessia do Estreito Gibraltar 2012, um vídeo da Dupla Travessia ou mesmo, caso se trate de uma empresa ou instituição, a colocação da bandeira da empresa/instituição na partida e chegada. Além disso, o nadador utilizará uma t-shirt de publicidade sempre que for entrevistado nos meios de comunicação social.

Desde os 5 aos 700 euros, há muitas formas de ajudar o Paulo Sousa a vencer os cerca de 40 quilómetros da dupla travessia.

 

Quem é Paulo Sousa?

Paulo Alexandre Fernandes de Sousa nasceu a 16 de Maio de 1972, é licenciado em Educação Física e Desporto pela Universidade Lusófona, com especialidade em natação.

É técnico superior de Desporto da Câmara Municipal de Portimão, diretor técnico da Associação de Natação do Algarve, diretor desportivo e treinador da O2 – Portimão (www.o2portimao.com), treinador da Seleção Nacional de Síndrome de Down (treinador do Filipe Santos, Bi-Campeão Europeu) e é atleta da categoria master da Federação Portuguesa de Natação, com vários títulos nacionais no seu escalão e vencedor de vários Circuitos de Provas de Mar do Algarve.

Vive em Portimão, cidade onde se estreou na natação de competição. Pertenceu ao grupo dos primeiros nadadores algarvios federados. Obteve vários títulos de campeão regional e em 1989 nadou 12h00 seguidas em Loulé no evento «24 horas a Nadar».

Depois de um longo afastamento da competição, regressou em 2006 para a competição pura e águas abertas em categoria Master. Em 2009, criou o primeiro projeto de natação master em Portimão.

Em 2010, lançou-se na sua primeira grande Travessia Mundial. Na companhia de três amigos portugueses (Alexandre Pereira, Francisco Freitas e Manuel Silva), fez a Travessia do Estreito Gibraltar em 4h26, nadando 17 quilómetros.

Atualmente, encontra-se em treinos diários para a concretização de um grande desafio: a Dupla Travessia do Estreito Gibraltar.

 

O que é o crowdfunding?

Paulo Sousa e os seus companheiros, em Marrocos, após a travessia do Estreito de Gibraltar (2010)

Traduzindo à letra, crowdfunding quer dizer financiamento da multidão. Mas talvez seja melhor chamar-lhe «ajuda de todos».

E é isso mesmo que se pretende: quem quer obter financiamento para pequenos projetos pessoais ou coletivos, de interesse para a comunidade, coloca o seu projeto num site de crowdfunding (como o http://www.ppl.com.pt ou o www.massivemov.com ), explica os seus objetivos, os custos, estipula um prazo para angariar o dinheiro, quanto pretende receber de cada apoiante e que pequenas recompensas atribui em troca.

Depois, faz a divulgação do seu projeto como puder, nas redes sociais, na comunicação social, entre os amigos, e espera que haja suficientes apoiantes para angariar a quantia estipulada no prazo definido.

Se isso acontecer, ótimo. Há casos em que o crowdfunding ultrapassa mesmo a quantia inicial proposta pelo promotor do projeto a financiar.
Se não acontecer, o dinheiro é devolvido a quem quis apoiar.

No caso da Dupla Travessia do Estreito de Gibraltar de Paulo Sousa, vamos lá ajudar o nadador para que ele consiga reunir o dinheiro necessário.

 

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