Luigi Agnolin, presidente da SAD do Olhanense, escreveu uma carta aberta, na sequência da notícia avançada pelo Sul Informação, em que, além de assumir os erros «na escolha da estratégia desportiva», critica a direção «sem soluções» e «sem ideias» de Isidoro Sousa e anuncia que, para a próxima época, serão investidos 300 mil euros no futebol com o objetivo de voltar «a competir ao mais alto nível».
Na entrevista dada pelo presidente do Olhanense ao nosso jornal, Isidoro Sousa revelou que havia novos investidores para a SAD, caso a atual direção abandonasse. Nesta carta, Agnolin responde, dizendo que «qualquer interessado terá que entrar em contacto direto com a minha pessoa. Não é nossa intenção vender a sociedade, mas estamos sempre disponíveis a ouvir alguém com capacidade económica e um projeto claro».
Até porque, tal como o Sul Informação havia noticiado, já houve anteriores propostas de Isidoro Sousa. «Nos últimos quatro anos, foram apresentados investidores de várias nacionalidades, nigerianos que não chegaram porque lhes faltavam os vistos, russos e chineses que nunca chegaram a aparecer, e um luso-britânico que conversou durante meses com Isidoro Sousa, mas que desapareceu ao pedido de garantias e evidências de fundos», garante o presidente da SAD.
Nesta carta, é dito também que os objetivos para esta época – que passavam pela permanência na II Liga, com o Olhanense a já estar matematicamente despromovido – não foram alcançados por «culpa própria, mas também por um clima hostil desde o primeiro dia».
Um clima que Agnolin classifica de «insuportável, criado por parte de quem dirige o Olhanense, onde ninguém poderia alcançar qualquer resultado positivo», e de «permanente populismo e incitamento (“nós e os invasores”) dos sócios do Sporting Clube Olhanense contra a sua SAD».
E as críticas continuam: «nos últimos dois anos, foi necessária a máxima concentração na gestão financeira e económica que possibilitasse a continuidade da SAD e consequente sobrevivência do Olhanense. A nova administração, que tomou posse em Abril de 2016, teve bem presente esta responsabilidade e, além de não criar nova dívida, reduziu-a substancialmente, negociou o PER e assumiu o pagamento de cerca de 200 mil euros para evitar processos crime à anterior administração liderada pelo senhor Isidoro Sousa».
«Estamos também a regularizar todas as obrigações para com as entidades e credores», acrescenta Agnolin. Além disto, a SAD diz ter renovado «o departamento médico, o relvado» e adquirido «um autocarro de apoio aos treinos», faltando, ainda assim, um «campo de treinos onde se possa preparar para a competição».
Nesta missiva, o antigo árbitro internacional Luigi Agnolin vai mais longe, dizendo que a SAD não está disponível para «continuar as relações comerciais com esta direção»… e até deixa em aberto a possibilidade de deixar de jogar no Estádio José Arcanjo.
«Alugar um relvado por valores acima do mercado, quando inclusive pertence à SAD a sua manutenção, não é aceitável e não irá mais acontecer neste clima», explica.
Também na carta, é anunciado que a Sociedade Anónima Desportiva do Olhanense vai solicitar «uma reunião de carácter urgente com a Câmara Municipal de Olhão».
«Avançaremos agora com todo o nosso esforço direcionado para continuar a criar as condições necessárias para voltar a competir ao mais alto nível. Com critério e rigor, os objetivos desportivos poderão passar pela aposta imediata na subida de divisão. Em qualquer das eventualidades, garantimos continuar a lógica de gerar as condições sustentáveis e necessárias para outros voos», conclui a carta aberta de Luigi Agnolin, presidente da SAD.