A direção da Entidade Regional de Turismo do Algarve diz ter sido «surpreendida» pela possibilidade de o Rali de Portugal ser desviado do Algarve e do Alentejo em favor das zonas Centro e Norte do país, após a edição de 2013 da prova. A Câmara de Loulé, por seu lado, diz que essa mudança será «um erro» e um grave prejuízo, representando uma perda de 80 milhões de euros para o Algarve e Baixo Alentejo.
Segundo o jornal “i”, a decisão não foi ainda tomada, mas, de acordo com o Automóvel Club de Portugal (ACP), a Federação Internacional do Automóvel (FIA) considera importante essa mudança para que o evento tenha mais público.
O vereador Joaquim Guerreiro, da Câmara de Loulé, disse que essa mudança será um erro, uma vez que «o sucesso deste rali só foi possível» graças ao apoio desta autarquia e de outras do Algarve e Baixo Alentejo.
«Não queremos acreditar que o ACP ou qualquer outra entidade queira retirar este rali do Sul, depois de sete anos», disse Joaquim Guerreiro. O vereador acrescentou que os motivos que levaram à escolha do Algarve para o regresso do Rali ao calendário internacional já mostraram ser muito importantes para o evento: «vieram para aqui por questões de segurança e por este ser um destino turístico».
Carlos Barbosa, presidente do ACP, entidade que organiza o Rali de Portugal, disse, por seu lado, que «apesar de ainda não haver uma decisão concreta, temos noção de que a autarquia de Loulé – à semelhança dos outros municípios algarvios e alentejanos que nos apoiaram – teve um papel importantíssimo no sucesso desta prova, mas nem tudo depende de nós…».
«Se a FIA quiser que seja no Norte, nós não vamos perder o rali por isso, até porque estamos numa altura em que, no plano internacional, se está a acabar com algumas destas competições», acrescentou Carlos Barbosa.
Entretanto, já há autarquias – Oliveira do Hospital, Arganil e Fafe – a preparar-se para este mais que provável regresso ao Norte do Rali de Portugal.
A prova já se correu na zona Norte e Centro do país durante muitos anos, mas depois, por razões de segurança, entre 2002 e 2005, o rali português deixou de integrar o calendário do WRC. E só voltou a esta que é a mais importante competição internacional de ralis em 2005, com um forte empenhamento das autarquias do Algarve e Baixo Alentejo.
Por tudo isso, o vereador Joaquim Guerreiro não se conforma: «estas câmaras municipais do Sul é que deram todo o apoio para esse regresso, foram sete anos de investimento de autarquias como Loulé, São Brás de Alportel, Ourique e Odemira, e agora coloca-se a hipótese de ir para o Norte porque as autarquias de lá estão interessadas…».
Em comunicado, a Entidade Regional de Turismo do Algarve solidariza-se com a Câmara Municipal de Loulé, subscrevendo as «preocupações tornadas públicas por autarcas daquele município e aguardando uma nota pública que revele as razões desta mudança, temendo que haja motivações que transcendam as questões meramente técnicas».
A ERTA sublinha que «não aceitará que o reforço da notoriedade da marca «Algarve» e que a fidelização dos fluxos de turistas – nomeadamente do mercado espanhol, mas também de outras nacionalidades – captados ao longo dos sete anos em que o rali se realizou no Sul de Portugal sejam ignorados pelos responsáveis nacionais do setor».
«O Algarve reúne as melhores condições de segurança para pilotos e espetadores, oferece qualidade nas classificativas e infraestruturas de apoio, com a vantagem de a organização usufruir de custos operacionais mais baixos e de todos os serviços de um destino turístico», acrescenta o Turismo do Algarve.
Estes atributos, aliás, «encontram-se plasmados num estudo de impacto do rali de Portugal na economia do Turismo e imagem do Algarve e Baixo Alentejo, encomendado pelo Automóvel Club de Portugal ao Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve».
O rali «potenciou o aumento do número de visitantes no Algarve e cumpriu o propósito de promover o destino através da publicidade e cobertura pelos media internacionais. E a visibilidade de ambas as marcas – «Algarve» e «Rali de Portugal» – saiu a ganhar com a aposta na região», conclui a ERTA.