Num dia em que o português Rui Sousa venceu isolado, no alto da Torre, a etapa rainha da 76ª Volta a Portugal e subiu ao 2º lugar da classificação geral, o melhor trepador foi Sandro Pinto, do Louletano/Dunas Douradas, que terminou esta difícil etapa em 5º, a apenas 47 segundos do vencedor.
Da equipa do Banco BIC/Carmim/Tavira, o mais rápido foi Amaro Antunes, em 13º, a 4min12seg de Rui Sousa.
O corredor da equipa Rádio Popular repetiu o triunfo de 2008 e afirmou ter concretizado um sonho. “Esta é sem dúvida a etapa mais bonita da Volta a Portugal. No fundo, vencer de novo, foi um sonho tornado realidade porque é a recompensa de todo o trabalho que fiz este ano. Ao fim de 17 anos a correr como profissional continuar a vencer aquela que é a etapa mais espetacular da Volta é sempre maravilhoso.”
Gustavo Veloso (OFM/Quinta da Lixa) conseguiu chegar em quarto lugar, a 39 segundos de Rui Sousa, e segurou a camisola amarela.
No final o espanhol mostrou-se muito satisfeito com a equipa, principalmente com o trabalho do colega e compatriota Delio Fernandez que o ajudou a minimizar a desvantagem para Rui Sousa.
“Mais uma vez os meus colegas demonstraram um grande profissionalismo. Todos os meus companheiros sabiam que a opção da equipa recaia em mim, tínhamos as coisas claras e cumpriram tudo”.
Perdendo apenas 39 segundos o espanhol deu um passo de gigante para a vitória nesta edição da Volta a Portugal, mas tem noção de que ainda não é tempo para comemorar. “Não quero já festejar. Até que se ultrapasse a linha de meta, em Lisboa, não se ganha a Volta.”
Dia do tudo ou nada
Belmonte quis fazer parte da festa da etapa rainha e, 12 anos depois, regressou ao mapa da Volta dando o sinal de partida para os 172,5Km do dia.
Antes de chegarem ao ponto mais alto de Portugal Continental, os 126 corredores tinham pela frente uma autêntica “etapa carrossel” devido ao constante sobe e desce. Ainda a corrida não tinha duas dezenas de quilómetros e já se viam mexidas no pelotão. Um grupo de 9 corredores tomou a iniciativa e manteve-se junto até à Covilhã.
O início do espetáculo, como era de esperar, começou com a subida inicial para as Penhas da Saúde, ao quilómetro 57, onde estava o primeiro Prémio de Montanha de categoria especial.
Na escalada, o grupo da frente ficou reduzido a seis unidades, mas as mexidas não aconteceram apenas na frente. No pelotão, Luis Leon Sanchez (Caja Rural), um dos nomes apontados como favoritos à vitória final não conseguiu acompanhar o ritmo na subida e descolou do grande grupo ficando irremediavelmente fora da discussão.
Nesta altura, António Carvalho (LA Alumínios/Antarte) comemorava a vitória na classificação da Camisola Azul, ao acumular pontos nas Penhas da Saúde que já o fazem virtual Rei da Montanha.
A descida para Manteigas, a alta velocidade, ajudou o pelotão a diminuir desvantagem para os fugitivos e os ataques constantes fizeram surgir novas e diversas frentes de corrida.
A 30 quilómetros da meta, Daniel Silva (Rádio Popular) decidiu atacar e manteve-se isolado cerca de uma dezena de quilómetros.
César Fonte, da mesma equipa, também ajudou a endurecer a corrida levando à letra o plano delineado pelos boavisteiros para que na derradeira fase da prova surgisse o veterano e possante Rui Sousa.
O corredor atacou a16 km da meta, com resposta imediata de Delio Fernandez (OFM/Quinta da Lixa), que se manteve sempre “na roda” do adversário. Atrás, seguiam seis corredores onde estava o camisola amarela, Gustavo Veloso (OFM/Quinta da Lixa).
Quando os dois mais adiantados atingiram a vantagem de 50 segundos, aconteceu uma imagem invulgar. Delio Fernandez estancou o andamento com o objetivo de esperar e ajudar o companheiro de equipa e líder da Volta.
Com esta estratégia, a OFM/Quinta da Lixa viu a desvantagem do Camisola Amarela diminuir, mesmo ficando Rui Sousa com a porta escancarada para a linha de meta, onde milhares de pessoas aplaudiram os guerreiros que treparam ao alto da Torre, em Seia.
Com as mexidas na classificação e com um contrarrelógio pela frente, no sábado, onde supostamente é favorito, Gustavo Veloso agarrou ainda mais a liderança e a Camisola Amarela.
Depois de uma semana com a Camisola Branca vestida, Ruben Fernandez (Caja Rural) perdeu a liderança da classificação de atleta mais jovem para o companheiro de equipa Heiner Parra.
Mesmo com muitas dificuldades serra acima, Davide Vigano (Caja Rural) conseguiu segurar a liderança da por pontos e a respetiva Camisola Vermelha.
8ª Etapa – 8 de agosto
Sabugal – Castelo Branco (194 km)
Hora da partida: 12h25
Depois de tanto esforço e com a capacidade de sofrimento levada ao limite, todos os que sobreviveram à Torre (Seia) terão de cumprir, esta sexta feira a mais longa tirada da 76ª Volta a Portugal Liberty Seguros.
Às 12h25, as gentes do Sabugal concentram-se na Avenida 25 de Abril para os aplausos iniciais da 8ª etapa que termina cerca das 17h20, na emblemática Avenida Nuno Álvares, em Castelo Branco.