A administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) está à procura de médicos das especialidades de Cirurgia Geral, Ortopedia e outras, para reforçar as equipas dos hospitais de Faro e de Portimão.
Face à denúncia feita nos últimos dias, de falta de médicos ortopedistas nas Urgências das unidades hospitalares algarvias, no passado fim de semana, e da anunciada indisponibilidade dos cirurgiões do Hospital de Faro para assegurarem as Urgências, a partir do dia 1 de Agosto, o presidente do Conselho de Administração do CHA disse ao Sul Informação que estão «a trabalhar no sentido de colmatar as carências».
«Estamos a trabalhar nesse sentido, estamos a contactar empresas, a abrir procedimentos de contratação para reforçar equipas», nomeadamente quanto à Cirurgia Geral.
Joaquim Ramalho referiu ainda o pedido que tanto CHA, como Administração Regional de Saúde do Algarve, fizeram ao ministro da Saúde, para reeditar o despacho do ano passado, que permitiu agilizar a mobilidade de profissionais a tempo parcial. «À conta disso, a Ortopedia ganhou nova liderança e outro médico ficou connosco», garantiu aquele responsável.
Aquele responsável garantiu ainda, mas suas declarações ao Sul Informação, que não chegou a haver falta de médicos ortopedistas nas Urgências das unidades hospitalares de Faro e de Portimão, durante o fim de semana.
«No domingo, tivemos três médicos ortopedistas durante o dia e quatro durante a noite» garantiu Joaquim Ramalho.
Quanto à anunciada indisponibilidade dos cirurgiões do Hospital de Faro para assegurarem as Urgências, em Agosto, revelada pelo jornal «Correio da Manhã» no passado sábado, o responsável pelo CHA admite que, «em Cirurgia Geral, é de facto uma realidade que temos falta de profissionais». Isso faz com que os cirurgiões existentes tenham uma «carga de trabalho extraordinária, que excede os limites máximos previstos na lei».
Joaquim Ramalho salientou que esta falta de cirurgiões «não é exclusiva do Algarve», sendo «uma realidade dos hospitais de todo o país».
No que diz respeito à alegada falta de médico ortopedista no passado fim de semana, em especial ontem, domingo, tinha sido denunciada também pelo «Correio da Manhã» no passado dia 6 de Julho, com base em informação divulgada pelo deputado social-democrata Cristóvão Norte.
A notícia referia uma circular assinada pelo diretor clínico do CHA, estabelecendo uma organização de contingência, em vigor de 1 de Julho a 30 de Setembro, em que eram reconhecidas «situações em que não há escala» de Ortopedia.
A mesma notícia do CM falava ainda das dificuldades na Infecciologia, onde, «por incapacidade de recursos humanos para uma escala de 24 horas, fará o apoio da especialidade das 09h00 às 21h00, de segunda a sexta-feira, a todo o internamento e a todos os setores da Urgência». Uma situação a que depois teria sido feita uma adenda, reduzindo o período para as 9h00 às 19h00.
Por outro lado, acrescentava o mesmo plano de contingência definido pelo diretor clínico Carlos Santos, para fazer face à falta de médicos, os utentes referenciados para as «especialidades de Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia e Neurocirurgia, depois de triados, serão encaminhados diretamente para a respetiva especialidade».
O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar reage a estas informações dizendo que «são conhecidas as dificuldades que o CHA tem em algumas especialidades, mas temos conseguido assegurar, com raras exceções, as equipas da Urgência».
Quanto à questão da Infecciologia, Joaquim Ramalho sublinha que se trata de uma «especialidade de apoio», que «nem sequer faz parte da carteira de especialidades de uma Urgência polivalente». Assim, defende, a Infecciologia, na Urgência, apenas «reforça a Medicina Interna, já que ambas as especialidades trabalham na mesma área».
No que concerne ao encaminhamento dos doentes triados diretamente para as especialidades, o presidente do CHA assegura que, com essa prática, «se ganha dos dois lados – ganha o doente, porque não tem que ir ao balcão da urgência hospitalar, e ganham os outros doentes que vão diretamente à Urgência, porque há menos casos a chegar ao balcão e assim, dos dois lados, perde-se menos tempo».
«Por exemplo, um doente que é visto num SUB [Serviço de Urgência Básica, existente em Vila Real de Santo António, Loulé, Albufeira e Lagos], não faz sentido um doente chegar ao hospital de Faro e ter de ir outra vez ao balcão, se já for triado do SUB. A triagem permite uma indicação clara para ser visto pela especialidade, por isso, quando o doente chega ao hospital de Faro». Trata-se, segundo Joaquim Ramalho, de uma «medida de organização do fluxo de doentes, de modo a evitar o congestionamento da Urgência».
O responsável pelo CHA admite igualmente que «há carência de anestesistas». Mas resolver a falta de médicos nesta e nas restantes especialidades, sublinha, «não é fácil». «Continuamos a trabalhar para contratar profissionais», garantiu, nas suas declarações ao Sul Informação.