«Estou todo inchado [de orgulho] por ter sido eu a libertá-lo», garantiu Toli César Machado, o elemento dos GNR que tomou em mãos (literalmente) a tarefa de libertar «Asas Elétricas», um peneireiro-vulgar que foi devolvido à natureza no Parque Ribeirinho de Faro, este sábado, ao final da manhã, com o apadrinhamento dos três elementos da banda pop/rock portuguesa.
Rui Reininho, Toli César Machado e Jorge Romão aceitaram o desafio lançado pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa para apadrinhar a libertação na natureza de um jovem peneireiro-vulgar, que foi acolhido pelo centro quando ainda era uma cria e foi agora devolvido ao seu habitat natural.
O pequeno falcão, batizado por Rui Reininho, na hora, com o nome de uma das músicas dos GNR, a partir do momento em que se viu livre para bater as asas e voar, não se acanhou e depressa desapareceu no horizonte.
Mas, como o Sul Informação percebeu na conversa que manteve com os elementos dos GNR, momentos após a libertação de «Asas Elétricas», a ave deixou a sua marca nos três músicos.
«Fomos desafiados há pouco tempo para participar nesta iniciativa, até por saberem que íamos estar aqui perto [no Festival F] e cá estamos. Ficámos sensibilizados, porque poder comungar de um momento como este é uma oportunidade única», disse Rui Reininho, que considera que o apadrinhamento do peneireiro-vilgar «é bom para o karma».
«Ficámos a conhecer o trabalho do RIAS, que é muito meritório. Se eles precisarem de nós para angariação, com certeza que arranjaremos maneira de ajudar. Não terá de passar obrigatoriamente por tocar, pode ser outro tipo de iniciativa, ou mesmo uma canção. Estamos disponíveis para ajudar os animais e as pessoas que trabalham por uma causa como esta, sem pedir nada em troca, o que acho louvável», acrescentou Toli César Machado.
Para já, o pequeno falcão fica associado a uma música bem conhecida dos GNR:
“Asas servem p’ra voar/Para sonhar ou p’ra planar/Visitar, espreitar, espiar/ Mil casas do ar”
Bem dispostos, apesar de terem atuado na noite anterior no Festival F, os elementos dos GNR ficaram a conhecer o trabalho desenvolvido pelo RIAS e, de caminho, mais sobre a espécie a que pertence a ave que devolveram ao seu habitat.
O peneireiro-vulgar é uma ave de rapina de pequeno porte, que se alimenta de insectos, répteis e pequenos roedores. O nome da espécie foi escolhido devido ao movimento circular que fazem com as asas, quando estão a procurar presas no ar, que faz lembrar o movimento que se faz com uma peneira.
«Eu nunca tinha associado o nome da ave à peneira, é engraçado. Eu adoro animais e este é um animal belíssimo», disse Toli César Machado.
Estes e outros pormenores sobre o «Asas Elétricas» foram transmitidos aos GNR por Fábia Azevedo, coordenadora do RIAS, que contou que o falcão foi entregue no centro depois de ter caído do ninho. No centro de recuperação, acabou por aprender a dominar a arte do voo e a da caça, o que permitiu que fosse devolvido à natureza.
«Este ano, já libertámos mais de 500 animais. Já recebemos mais de 1200, o que significa que, em 2016, temos tido o dobro do trabalho dos anos iniciais. Mas temos a ajuda dos nossos voluntários, a nossa equipa está mais consolidada», conta a bióloga da Associação Aldeia, que gere este centro situado na sede do Parque Natural da Ria Formosa, em Olhão.
Mas, acrescentou, o orçamento é o mesmo de sempre, em grande parte assente no subsídio dado pela ANA Aeroportos, ao abrigo do programa de responsabilidade social da empresa. «Os financiamentos para estas áreas são sempre muito reduzidos e temos de andar sempre à procura de donativos e empresas que nos queiram apoiar», contou.
Nesse aspeto, «a colaboração dos GNR pode ser importante». «A divulgação que vamos fazer desta ação vai ser importante para nós. Mas não foi só por isso que os contactámos, fazemos muito gosto que estejam presentes neste momento, que é único e inesquecível. Para quem trabalha diariamente com animais selvagens, como nós, é o momento mais bonito do nosso trabalho», garantiu Fábia Azevedo.
Jorge Romão não escondeu o quão impressionado ficou, pelos números do RIAS. «500 animais tratados e libertados em menos de um ano… os meus parabéns, excelente trabalho!», elogiou.
Quem quiser seguir o exemplo dos GNR e apoiar esta causa, pode fazê-lo entrando em contacto com o RIAS. No site do centro, há toda a informação necessária para saber como apoiar, nomeadamente para apoio monetário.
«As pessoas podem apadrinhar os animais e serem elas a devolvê-los à natureza. Também podem ajudar sendo voluntários», lembrou Fábia Azevedo.
Veja as fotos dos GNR a devolver «Asas Elétricas» à natureza: