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A sala cheia, as perguntas de quem está realmente interessado e a (muita) vontade de saber mais mostram que os alunos estão ali para aprender “gestos que salvam vidas”. A primeira sessão do curso de Suporte Básico de Vida (SBV) Pediátrico realizou-se no sábado, 8 de Julho, no Hospital de Faro, para ensinar aos pais como reagir em caso de afogamento dos seus filhos pequenos, por exemplo. 

O enfermeiro José Neutel, do Departamento da Mulher, da Criança e do Jovem do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), é um dos formadores responsáveis. Antes da parte prática, em que se simula mesmo uma reanimação, há que ensinar as bases teóricas, relacionadas com o algoritmo a seguir em situações destas.

Além do afogamento, o outro cenário em que se ensina como agir é em casos de engasgamento. É que situações dessas podem facilmente acontecer com uma criança, por exemplo quando se lhe está a dar de comer.

José Neutel explica: «queremos dar às pessoas de competências e conhecimentos para, se necessário, socorrerem uma vítima de idade pediátrica», ou seja, um bebé ou uma criança.

E que técnicas de Suporte Básico de Vida podem ser logo utilizadas? Comprimir o terço inferior do esterno ou deprimir um terço do tórax são alguns dos exemplos. «O SBV é o pilar fundamental de uma reanimação bem sucedida», diz o enfermeiro, exemplificando uma e outra vez as manobras necessárias.

 

Lina Lopes é professora de Português e decidiu inscrever-se porque «sempre tive muita curiosidade em aprender mais sobre o assunto», revela ao Sul Informação. «Já podia ter lido sobre estas coisas, mas acho que temos de ver para saber fazer», acrescenta, sorridente.

Esta professora faz parte dos 1200 inscritos para estes cursos, que vão ter mais duas sessões: a 12 de Agosto e 2 de Setembro. O número de inscrições foi tão grande que o CHA foi obrigado a recusar muitas delas.

Aliás dos 1200 inscritos apenas foram selecionados 55 “felizardos”. Também por isso está a ser equacionada a hipótese de abrir mais datas para outras sessões deste curso.

José Neutel não esconde o orgulho pelo facto de haver esta afluência e interesse. «Vejo isso como uma vontade da população em aprender e ter conhecimento destas situações. O hospital teve muito gosto em ter tantas inscrições».

Terminada a explicação sobre quais são os passos a seguir numa reanimação, chega o tempo de recriar uma situação (quase) real, com um boneco. Fazer o Suporte Básico de Vida, que inclui técnicas de reanimação, é o primeiro passo, mas ligar para o 112 também é sempre essencial.

 

Lina Lopes comenta: «temos a ajuda de um profissional… hoje deve ser mais fácil. Quando estivermos no terreno, não deve ser assim [risos]. Numa situação real, as coisas não são tão fáceis: entramos em pânico, não sabemos como devemos agir».

João Fonseca é outro dos formandos do dia e está muito contente com a experiência. «Isto é muito importante. Eu vim por acaso: descobri na Internet e, como trabalho diariamente com crianças, era uma boa oportunidade. Um dia, posso fazer a diferença, se for preciso», diz, entusiasmado, ao Sul Informação. 

Aliás, um dos critérios de seleção dos muitos inscritos foi, também, o trabalharem – ou não – com crianças. Ainda assim, explica José Neutel, «se utilizarmos estes ensinamentos num adulto, não há problema nenhum, principalmente se também for vítima de afogamento».

 

Este é o sexto ano em que o Centro Hospitalar do Algarve promove o curso, em que foi pioneiro na região. Muitos alunos já saíram dali a saber o que é isto do Suporte Básico de Vida, a que juntarão outros tantos no futuro.

O enfermeiro José Neutel conclui com a história recente de um antigo formando: «na semana passada, tive a notícia de uma pessoa que teve oportunidade de frequentar um dos cursos e me disse que, graças a estes conhecimentos, conseguiu salvar uma criança». É mesmo para isso que o CHA promove o curso de Suporte Básico de Vida Pediátrico.

 

Fotos: Pedro Lemos|Sul Informação

 

 

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