A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve é a pioneira, a nível nacional, no uso de uma nova tecnologia que facilita e torna bem mais rápido o acesso aos dados clínicos recolhidos nos exames feitos pela Unidade Móvel de Radiologia daquela entidade.
Quatro funcionários do Estabelecimento Prisional de Silves foram, ontem à tarde, os primeiros utilizadores deste projeto-piloto da Unidade Móvel de Radiologia.
Com as câmaras de televisão e as máquinas fotográficas dos jornalistas por perto, no espaço apertado da carrinha, eles foram os primeiros a fazer um exame de raios x ao tórax, para rastreio de tuberculose, exame que foi de imediato enviado, através de tecnologia 4G/LTE, para a rede da ARS. Isso permite que, de forma rápida e eficaz, o exame fique disponível para, por exemplo, o médico de família que acompanha aquele utente ver se algo de anormal se passa com ele.
Antes, explicou João Moura Reis, presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, cada carrinha «tinha capacidade para recolher um número limitado de exames de rx. Ao fim desses exames, a Unidade Móvel tinha que voltar a Faro, à sede da ARS, para descarregar os que já tinha feito e depois voltava outra vez para o local onde estava. Todo o processo era mais moroso, até atrasando o diagnóstico». Isso significava «muito tempo perdido» nessas idas e voltas, bem como «custos acrescidos», sobretudo quando se tratava de realizar exames em locais com muita gente, como um estabelecimento prisional.
Agora, com este novo software, o processo torna-se mais eficaz, mais imediato e mais racional em caso de deteção de patologia, tornando também a notificação médica e o tratamento do utente mais rápidos.
O que se pretende com este projeto-piloto, de que o Algarve é pioneiro, é «criar capacidade ilimitada» da Unidade Móvel, já que os exames são de imediato colocados, através de tecnologia 4G/LTE, na rede da ARS, permitindo assim «o acesso direto» dos médicos nos Centros de Saúde e hospitais da região.
«A tecnologia instalada no carro tem acesso às nossas redes de informação, nomeadamente sobre aquele utente, e o exame cai logo na sua ficha», ao mesmo tempo que há uma informação que é enviada ao médico de família, a avisá-lo de que o seu doente fez aquele exame, acrescentou João Moura Reis.
Por outro lado, a tecnologia também poupa tempo e trabalho à equipa da Unidade Móvel que, em vez de ter de perder tempo a preencher uma ficha por cada pessoa que vai fazer o rastreio, tem acesso imediato a todos esses dados, através da mesma rede da ARS, no próprio local de execução.
«Este tipo de informação é assim mais agregada, mais rápida, mais fácil de usar».
O novo equipamento, que, curiosamente, usa a Unidade Móvel da Radiologia já pertença da ARS há uns bons anos, representa um investimento de cerca de 500 mil euros.
Mas o presidente da ARS Algarve salienta que, «já que somos a única ARS a Sul do Tejo com esta tecnologia, a ARS Alentejo já nos enviou um pedido para a usarmos em exames necessários nessa região». Nesse sentido, vai ser estabelecido um protocolo entre as duas Administrações Regionais de Saúde de modo a que, no Alentejo, o novo equipamento seja utilizado nos rastreios de tuberculose periódicos nos estabelecimentos prisionais de Pinheiro da Cruz, Elvas, Évora e Beja. «Só Pinheiro da Cruz tem muito mais pessoas que todos os estabelecimentos prisionais do Algarve juntos», acrescentou Moura Reis.
E porque é que foi o mais pequeno EP algarvio, o de Silves, a ser escolhido para este teste e para mostrar aos jornalistas? «Como o objetivo era mostrar a capacidade para enviar de imediato os exames para a nossa rede, este é o estabelecimento que fica mais longe de Faro, daí o termos escolhido», concluiu o presidente da ARS Algarve.
Com as operações dirigidas por Paula Simãozinho, coordenadora dos Serviços de Radiologia da ARS Algarve, e por Joaquim Azevedo, responsável pelo Núcleo de Sistemas de Informação e Comunicação da mesma entidade, e sob o olhar atento de João Moura Reis e ainda de Ricardo Torrão, diretor do EP de Silves, os dois guardas-prisionais e dois outros funcionários fizeram o rx ao tórax e os seus exames foram de imediato enviados para a rede. Tudo correu como era de esperar.