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São cães mas acendem luzes, distinguem cores e conseguem escolher roupa. A associação Help Dogs Portugal, cuja presidente é Sara Bastos, residente em Faro, trabalha sempre com o mesmo objetivo: treinar «heróis invisíveis», de acordo com as necessidades de cada pessoa.

Tudo começou bem longe do Algarve. Numa viagem a Paris, Sara Bastos deparou-se com uma situação que lhe serviu de clique. «Vi uma rapariga muito jovem a treinar um cão-guia. Sabia que em Portugal era complicado, mas comecei a pesquisar na área», conta, sorridente.

O gostinho «ficou sempre lá», e, apesar da licenciatura em Gestão Hoteleira, «acabei por descobrir que havia hipóteses de abrir um projeto em Portugal».

Depois de tirado o curso de treinadora de cães de assistência, Sara Bastos ganhou as bases para poder trabalhar com “amigos de quatro patas” como Ginja (ou Ginjinha).

«A Ginja está a ser treinada para pessoas de mobilidade reduzida, estando em contacto com meninos com múltiplas deficiências. Tem dois anos e treina desde os dois meses. Já sabe acender luzes ou tirar peças de roupa», explica ao nosso jornal.

Sara Bastos

E a verdade é que esta cadela é, de facto, muito calma e cumpre todas as ordens da dona. «Não há risco de ataques porque é treinada desde nova», conta a presidente da Help Dogs Portugal.

Cães como Ginja podem ser muito úteis para quem deles necessita, desenvolvendo capacidades motoras e cognitivas. Além disto são uma verdadeira atração para os mais novos, como ficou demonstrado na visita de Ginja à Escola Professor Paula Nogueira, em Olhão, que o Sul Informação acompanhou.

Ali houve muitos sorrisos, brincadeiras, e alguns carinhos, entre as crianças (e jovens) com necessidades educativas especiais e Ginjinha.

Desta interação «podemos trabalhar a marcha ou o toque, por exemplo», explica Sara Bastos, com Ginjinha aos seus pés. É que até já «há projetos que dizem que quando as crianças leem para um cão, leem mais concentradas», acrescenta.

Mas e um treino de um cão para estes fins como funciona? A tarefa não é fácil e requer algum tempo. «Normalmente dura um ano, mas depende sempre. É preciso um grande trabalho para se saber comportar em espaço público. Primeiro vou sempre aos sítios com qualquer cão», explica Sara Bastos.

Esta parte de socialização do treino é comum ao treino de todos os cães de assistência. A partir dos quatro meses começam os treinos específicos – de acordo com o fim que se pretende.

Por exemplo, se for um cão para ajudar alguém surdo, a audição começa a ser estimulada, com pequenos truques. «Se for alarme de incêndio deitam-se para um lado, se for o telemóvel a tocar deitam-se para o outro», desvenda Sara Bastos.

O facto de estes cães andarem sempre com quem deles necessita pode ser sinónimo de problemas. «Ainda há muito preconceito. No outro fui a Lisboa tentei entrar numa loja com a Ginjinha e não me deixavam», explica Sara Bastos.

Só que, segundo a lei, garante, estes cães podem «entrar em qualquer espaço público, desde que estejam acompanhados pela família de acolhimento, treinador ou utente».

Treinar este tipo de cães requer tempo, dedicação, mas também há… «espetáculo». Não são raras as vezes em que Sara Bastos vai às compras, com Ginjinha, lhe pede arroz e a cadela… «dá-me o produto», conclui, entre risos.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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