Os quatro Municípios da área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina – Aljezur, Odemira, Sines e Vila do Bispo – vão apresentar uma candidatura para reconhecimento da “Costa Sudoeste” pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como Património Natural da Humanidade.
O processo de candidatura, que tem como fundamento os «inigualáveis valores naturais, geológicos e patrimoniais, de reconhecido interesse à escala mundial», daquela costa, vai ser liderado pela Câmara Municipal de Odemira.
José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, explicou ao Sul Informação que «nós dispusemo-nos a assumir a liderança deste processo com a concordância de todos os outros parceiros, sobretudo por sermos o concelho com mais área, já que mais de 50% da área do Parque é território de Odemira».
Por outro lado, considerou o autarca alentejano, «temos especiais responsabilidades, porque Odemira acolhe a sede do Parque Natural», o que, na sua opinião, «também tornará mais fácil o relacionamento na obtenção de dados científicos, por exemplo». Além do mais, «há algum esforço financeiro envolvido nesta candidatura, que nós estamos dispostos a fazer».
José Alberto Guerreiro adiantou que, depois de «reunir as entidades e saber a sua vontade», o próximo passo neste processo é garantir a colaboração de várias entidades, entre as quais se destaca a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, que «já tem experiência de trabalhar noutras candidaturas a Património Mundial, uma vez que teve uma participação decisiva na do Cante e agora está envolvida na do património chocalheiro de Alcáçovas».
O autarca anunciou, nas suas declarações ao Sul Informação, que a preparação do dossiê da candidatura se inicia «no mês de Agosto», de modo a que possa estar pronto «até ao final do ano», para que o dossiê final da candidatura seja formalmente entregue em 2016 e que a avaliação decorra em 2017.
«É um processo que nos dará muito trabalho. Não basta candidatar, é preciso justificar devidamente nos aspetos técnicos, ambientais e culturais».
E que vantagens trará esta candidatura e a sua eventual aprovação à Costa Sudoeste e aos quatro concelhos envolvidos?
O presidente da Câmara de Odemira começa logo por ver uma vantagem: «o reconhecimento, por parte das próprias entidades envolvidas e que aqui juntam vontades, de que esta zona é uma jóia e que tem que se trabalhar em conjunto».
Mas a eventual classificação da Costa Sudoeste como Património Cultural da Humanidade, «a nível internacional, irá levar estes valores a atingir maior notoriedade, trará mais visitantes, aumentará a atratividade, mas também nos obrigará a organizar melhor a nossa resposta, a nível de alojamento, de atividades e de dinamização da visitação».
O autarca recorda que, através da Rota Vicentina, aquele Parque Natural «já conseguiu mais projeção e reconhecimento. Também a criação desta Rota foi um processo conjunto de várias entidades e hoje são evidentes os ganhos para todos».
«O nosso trabalho não vai ser apenas de elaboração da candidatura, mas também de preparação quanto a respostas em vários domínios, cultural, de turismo, desportivo, recreativo», acrescentou.
A “Costa Sudoeste” estende-se pela costa atlântica entre São Torpes (concelho de Sines) e Burgau (concelho de Vila do Bispo), incluindo todo o litoral dos concelhos de Odemira e Aljezur, bem como o espaço marítimo paralelo de dois quilómetros a partir da linha de costa correspondendo à área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Trata-se de uma região única, tanto pela biodiversidade, nível de preservação e riqueza paisagística.
Em 2004, a Comissão Nacional da UNESCO (Portugal) apresentou a “Costa Alentejana” para integrar a “Tentative List” da UNESCO para ser reconhecido como Património Natural da Humanidade. Essa proposta foi aceite e, desde então, a “Costa Sudoeste” consta na “Tentative List” da UNESCO.
A Comissão Nacional iniciou recentemente o processo de revisão dos bens inscritos na “Tentative List”.
Sendo necessária uma entidade ou conjunto de entidades que se constituam como promotoras do trabalho de reformulação da proposta inicial e desenvolvimento do posterior processo que conduza ao reconhecimento da “Costa Sudoeste” como Património Natural da Humanidade, e sendo Odemira o território central deste bem natural, o Município de Odemira assume a liderança do processo.
O Município de Odemira considera que o reconhecimento desses valores pela UNESCO contribuirá decisivamente para que se concretizem os objetivos que presidiram à constituição da área protegida do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, mitigando, com isso, riscos de perda de valores naturais e patrimoniais centrais para a região, para o país e para a humanidade.
Esta proposta foi aprovada, por unanimidade, na reunião da Câmara Municipal de Odemira realizada no dia 18 de junho, e por maioria na sessão da Assembleia Municipal que decorreu no dia 29 de junho.