Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dispensou de Avaliação de Impacte Ambiental o furo de prospeção de petróleo ao largo de Aljezur, pelo consórcio Eni/Galp.

Em conferência de imprensa, no último dia do prazo previsto para anunciar a sua decisão, Nuno Lacasta, presidente da APA, justificou a decisão, dizendo que «não foram identificados impactos negativos significativos» na realização do furo de prospeção petrolífera, por isso decidiu não ser necessário submeter o processo a AIA.

No Algarve, o PS regional, agora liderado pelo deputado Luís Graça, já veio a público, em comunicado manifestar que «a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente é contrária aos interesses do Algarve e do país e que de certa forma a APA acaba de declarar a sua irrelevância».

A decisão daquela Agência, de isentar a prospeção de petróleo de Avaliação de Impacte Ambiental, «contrariando recomendações da Assembleia da República e a opinião unânime das associações e organizações não governamentais de defesa do Ambiente», revela, segundo os socialistas algarvios, que «este organismo tornou-se inútil, se não mesmo um obstáculo, para a construção das opções políticas de defesa e valorização do Ambiente em Portugal».

A Federação do PS Algarve exorta ainda o Governo «a constituir, com carácter urgente, a Comissão Técnica de Acompanhamento, prevista no artigo 4.º da Lei n.º 37/2017, aprovada por proposta apresentada pelo próprio Grupo Parlamentar do Partido Socialista, de forma a assegurar o acompanhamento de todo o processo de prospeção de uma forma independente, transparente e credível, indicando imediatamente os elementos que a constituem e dando a estes total autonomia e liberdade para verificar o cumprimento contratual e das melhores normas de segurança e praticas ambientais».

De acordo com elementos remetidos à APA pela ENI, o furo a realizar no mar, a 46 quilómetros de Aljezur, para avaliar as potencialidades do leito submarino, terá uma profundidade de cerca de 1.070 metros de profundidade. A perfuração durará cerca de quatro dias, mais três dias para a mobilização e o posicionamento dos meios.

Em Janeiro passado, o Governo tinha permitido, por despacho do secretário de Estado da Energia, a prorrogação, por um ano, do período inicial de prospeção e pesquisa de petróleo na bacia do Alentejo, por considerar que o atraso na operação não podia ser atribuído ao consórcio.

A pesquisa e eventual exploração de hidrocarbonetos em terra e no mar, no Algarve, tem vindo a ser alvo de intensa contestação no Sul do país, juntando a uma só voz associações ambientalistas, movimentos de cidadãos, autarquias, associações empresariais, pessoas singulares e empresas, Região de Turismo, bem como partidos.

A mais recente posição de força tomada pelo Algarve ocorreu em finais de Fevereiro, em Loulé, quando a região se uniu para dizer um sonoro e definitivo “Não!” à prospeção e exploração de gás e petróleo ao largo de Aljezur «e em toda a costa portuguesa».

Foi a 22 de Fevereiro que a Câmara de Loulé foi palco de uma reunião que juntou representantes dos mais variados setores, da qual saiu uma posição conjunta, com especial enfoque no furo de pesquisa que o consórcio Eni/Galp se prepara para fazer ao largo de Aljezur.

Já depois disso, a APA resolveu colocar em discussão pública a possibilidade de se fazer, ou não, uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) para o furo de pesquisa de hidrocarbonetos que a concessionária ENI-Galp quer realizar em Setembro ao largo da Costa Vicentina. O processo de discussão pública decorreu até 14 de Abril, tendo hoje sido conhecida a decisão final da APA, que abre as portas ao avanço do furo.

No seu comunicado desta tarde, a Federação do PS/Algarve sublinha discordar «em absoluto da decisão da Agência Portuguesa do Ambiente», lamentando «que este organismo público não defenda o ambiente, como é seu dever, prescindindo do conhecimento, do estudo e da ciência».

Os socialistas acrescentam que «a região do Algarve já tem o seu petróleo, muito mais lucrativo e muito menos nocivo que o crude, que se chama turismo e esta atividade assenta na qualidade e na excelência ambientais».

Mesmo a nível energético, e em tempos de «descarbonização», «o Algarve tem um enorme potencial em matéria de energias renováveis. Dos 900 megawatts de energia eólica e solar licenciados nos últimos dois anos e meio pelo Governo metade serão produzidos no Algarve.

sulinformacao

Também poderá gostar

Ameijoa boa

Valores «muito elevados» de toxina fatal detetados em bivalves do Barlavento

Foram detetados valores desta toxina «30 vezes acima do limite» em moluscos de zonas
Salvamento jovem surfista Aljezur_2

Bombeiros de Aljezur resgatam jovem surfista espanhol em Monte Clérigo

O surfista, de 16 anos, já se tinha refugiado numa rocha quando os bombeiros
Helicóptero faz salvamento Vale dos Homens|Resgate de homem Praia vale dos homens Rogil Aljezur

Homem que ficou preso em praia de Aljezur resgatado por helicóptero

O resgate teve de ser feito com recurso a um helicóptero da Força Aérea