Estão a ser preparados protocolos com o Centro Hospitalar Lisboa Norte, «para que no primeiro semestre possam deslocar equipas ao Algarve» para ajudar a suprir as carências dos hospitais da região, anunciou esta quarta-feira o Ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes.
O membro do Governo falou sobre a situação vivida nas unidades do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) durante uma reunião conjunta das comissões da Saúde e Orçamento da Assembleia da República, que visou discutir, na especialidade, o Orçamento de Estado (OE), deixando claro que considera «o Algarve um caso de insucesso», no que às reformas impostas pelo anterior Governo diz respeito.
Adalberto Fernandes diz querer que o Centro Hospitalar do Algarve «chegue ao verão em clima de paz» e vai esforçar-se pessoalmente para que isso aconteça.
O membro do Governo vai encetar um diálogo com os autarcas e com os profissionais de saúde do Algarve, na semana que vem, altura em que vai dar posse à nova administração dos hospitais do Algarve, que será liderada por Joaquim Ramalho.
A medida encontrada para suprir a falta de médicos na região, nomeadamente especialistas – «o centro hospitalar do Algarve focou-se na urgência e diminuiu na resposta assistencial» -, não está em linha com a fatia do Orçamento de Estado destinada aos hospitais da região, pelo menos na visão da oposição.
Segundo o deputado social-democrata eleito pelo Algarve Cristóvão Norte, há um corte de 3 por cento, em relação a 2015, nas transferências diretas do Estado para o CHA («menos 4,5 milhões de euros»). «Esta redução de financiamento – designadamente o que está previsto para pessoal – não vai permitir combater um dos maiores problemas, que é a crónica insuficiência de médicos», considerou.
Na sua intervenção, na discussão do OE para a Saúde, o parlamentar algarvio do PSD defendeu que «importa conhecer o modelo que o Governo quer implementar no Algarve e se isso vai garantir a manutenção de valências».
O deputado do principal partido da oposição antecipa problemas, enquanto Adalberto Fernandes lembra os que considera terem sido feitos no passado. O ministro defendeu que, na área da saúde, na região, «foi feito tudo o que não devia ser feito».
«O Algarve é uma história de insucesso e de tudo o que não se pode fazer. Não pode continuar a sucumbir a uma luta de interesses entre público e privado. Não compreendemos como o Algarve tem tantas dificuldades, como pode viver num clima de guerra aberta como viveu no último ano entre profissionais, autarquias, hospitais…», considerou o ministro da Saúde.
A fusão dos três hospitais da região num único centro hospitalar foi muito criticada, mas os maiores atritos estavam reservados para mais tarde, e opuseram os profissionais de saúde e autarcas da região ao Conselho de Administração do CHA que cessou funções recentemente, nomeadamente ao seu presidente Pedro Nunes. Os autarcas do Algarve chegaram a pedir o afastamento do responsável máximo pelos hospitais do Algarve, mas o anterior Governo nunca lhes fez a vontade.
Com a entrada do Governo PS, o mandato de Pedro Nunes, que terminou a 31 de dezembro de 2015, não foi renovado. Entretanto, Adalberto Campos Fernandes anunciou, há cerca de duas semanas, que iria designar, em breve um novo Conselho de Administração para o CHA, escolha que recaiu sobre Joaquim Ramalho.