O relógio marcava 00h00, quando, a 6 de Maio, os amigos Benedita Martins e Acácio Palma pegaram nas bicicletas e saíram de Vila Real de Santo António. Destino: o Santuário de Fátima. Ao longo de 22 horas, os dois peregrinos foram-se ajudando, incentivando, venceram dores e cãibras, conseguiram cruzar os 389 quilómetros, mas vieram embora sem ver o Papa Francisco.
Para Benedita, esta jornada teve dois propósitos: «um objetivo próprio de superação em termos físicos», mas, como não poderia deixar de ser, uma «peregrinação de agradecimento devido a alguns imprevistos que a vida vai tendo», revelou ao Sul Informação.
Durante o percurso, os dois algarvios passaram por Alcoutim, Mértola, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Montemor-o-Novo, Almeirim, Golegã e Torres Novas. «Os últimos 36 quilómetros foram o mais difícil de tudo. As pernas começaram a ficar mais pesadas, a noite estava a cair e a subida da Serra de Aires e Candeeiros começou a aproximar-se», conta Benedita, entre risos, ao nosso jornal.
Nesta jornada, os dois residentes no concelho de VRSA contaram com o apoio de Pedro Rodrigues, marido de Benedita, que viajou de carro.
Até chegar a Fátima, os peregrinos foram parando de «60 a 70 quilómetros», durante 5 minutos tanto para comer «barras energéticas e fruta» como para «beber muita água».
Quando todas as atenções estão centradas na visita do Papa Francisco a Fátima, no âmbito do centenário das Aparições, já esta sexta-feira e sábado (12 e 13 de Maio), os peregrinos visitaram o Santuário antes da euforia… «para evitar a confusão». «Com estadia e todas as questões logísticas tornar-se-ia complicado», considera Benedita.
E a verdade é que para esta jornada (física e religiosa) Benedita e Acácio tiveram de treinar arduamente. «Levantámo-nos todos os dias às 4h30. Os treinos foram por horas, e não por distâncias. Ao fim-de-semana fizemos muitos quilómetros também», explica Benedita.
Apesar de ter ido a Fátima antes da visita do Papa, a peregrina diz já ter «notado algum movimento» naquela localidade. A chegada ao Santuário, já de noite, foi «um dos momentos altos». «É emocionante. Chegámos à hora da missa: havia muita paz», diz.
Cumprido o percurso, e feita a peregrinação, os dois amigos voltaram ao Algarve… de carro. «Viemos em descanso total», conclui, entre risos, Benedita.